A BeeFund se consolidou como uma das pirâmides financeiras que mais tem chamado atenção na internet recentemente. Embora ainda não haja uma estimativa oficial do número de vítimas, o volume impressionante de e-mails recebidos pelo Portal do Bitcoin nas últimas semanas aponta para um fato inegável: a quantidade de pessoas prejudicadas é enorme.
Como acontece com todas as pirâmides financeiras, mesmo antes de ruir totalmente, já era possível detectar diversos sinais de que a suposta empresa estava cometendo um crime financeiro.
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Desde o início de outubro que a BeeFund começou a apresentar uma série de problemas. A empresa congelou os saques, passou a exigir novos pagamentos, criou uma criptomoeda suspeita e ainda deu uma data não existente para retomar as atividades.
Veja abaixo cinco sinais de que a BeeFund se assemelha a uma pirâmide financeira.
Promessa de retorno fixo
A promessa de retornos muito acima do mercado financeiro tradicional de renda fixa é sempre o principal alerta. No mercado de criptomoedas, onde os riscos são elevados e os ganhos nunca são garantidos, essa prática também se repete. A BeeFund, por exemplo, prometia rendimentos de até 12,75% ao dia, o que significaria multiplicar o capital do cliente por 36 vezes em apenas um mês – uma projeção completamente irrealista.
Deixe a ganância de lado e preste atenção ao se deparar com qualquer oferta que garanta lucros com criptomoedas: desconfie, pesquise, informe-se.
Os donos são desconhecidos
Neste ponto, a BeeFund é diferente das pirâmides mais famosas. Todos sabiam que a GAS Consultoria era liderada por Glaidson Acácio dos Santos e Mirelis Zerpa, a Braiscompany por Antonio Inácio Neto e a Trust Investing por Diego Chaves.
O fato de os donos da empresa serem desconhecidos é um grande sinal de alerta, pois dificulta significativamente qualquer responsabilização penal, tornando quase impossível identificar os criadores e gestores do esquema.
Um exemplo da importância de identificar os donos: no caso Braiscompany, a Justiça determinou o leilão de imóveis pertencentes a Joel Ferreira de Souza, um operador financeiro da pirâmide. Com os bloqueios, é possível que um dia as vítimas do esquema recuperem os valores perdidos.
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Saques travados
Quando a pirâmide congela os saques, em geral já é tarde demais: o esquema ruiu e os criminosos irão agora se dedicar a fugir e esconder o dinheiro obtido ilegalmente.
Mas em geral, os criadores da pirâmide farão de tudo para ganhar tempo. Um dos métodos é, após parar de pagar, começarem com uma série de desculpas e promessas de que tudo será normalizado em breve. O objetivo é retardar a onda de denúncias que irá ocorrer invariavelmente com o colapso da pirâmide.
Exigência de dinheiro para saques
Esse talvez seja o modus operandi mais famoso das pirâmides financeiras: a plataforma dá uma desculpa qualquer e passa a exigir que os clientes façam um novo depósito para liberar o saque.
Não existe lógica alguma, a não ser tentar tirar uma última vez mais dinheiro de pessoas que estão abaladas emocionalmente por terem perdido grande parte de suas economias para criminosos.
Criação de uma criptomoeda suspeita
Após congelar os saques, a BeeFund criou um token chamado “BEEB 2.0”, no qual supostamente foi convertido todo o dinheiro dos clientes. A criptomoeda foi listada na corretora SuperEx, mas a empresa logo retirou o ativo do ar por suspeita de “estar envolvido em ações que prejudicam os interesses dos usuários”.
A criação do token dá uma sensação de falso conforto às vítimas, já que as pessoas podem acessar a corretora e supostamente ver que seu dinheiro existe na forma de um ativo. Porém, os problemas sempre chegam. No caso do BEEB 2.0, mesmo antes da SuperEx ter tirado o token da plataforma, a criptomoeda apresentou problemas, com clientes relatando dificuldades para negociar, sacar fundos e outros contratempos.
Até agora, os clientes seguem sem acesso a criptomoeda e seus depósitos iniciais.
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