WWF desiste de lançar NFTs devido a críticas sobre impacto ao meio ambiente

O Fundo Mundial para a Vida Selvagem é a mais nova organização a mudar de ideia sobre lançar NFTs por conta de preocupações ambientais
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Foto: Shutterstock

O Fundo Mundial para a Vida Selvagem (ou WWF, na sigla em inglês) está suspendendo a venda de tokens não fungíveis (ou NFTs) após receber críticas de ambientalistas preocupados com a pegada de carbono da indústria.

Este mês, o WWF havia anunciado o lançamento de seus NFTs na rede proof of stake (ou PoS) Polygon em um tuíte, afirmando que sua escolha de blockchain era favorável ao meio ambiente.

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“Ao lançarmos nossos NFTs na blockchain amiga do ambiente Polygon, cada transação tem emissões de carbono equivalentes a um copo de água de torneira”, tuitou o WWF na época.

Desde que o tuíte foi publicado, a pega de carbono da rede Polygon foi alvo de críticas.

“A pegada de carbono de uma transação na Polygon é próxima a 430 gramas de CO2. Isso é quase 2,1 mil vezes mais do que a estimativa otimista oferecida pelo WWF, ilustrando que Polygon não é tão sustentável como afirma ser”, disse Alex de Vries, fundador do site Digiconomist.

Após críticas, o WWF mudou de ideia sobre seus planos com NFTs.

“Concordamos com nossos parceiros em encerrar isso na sexta-feira passada. Reconhecemos que NFTs são uma questão muito debatida e todos temos muito o que aprender sobre esse novo mercado, razão pela qual agora nós iremos avaliar completamente o impacto desse teste e refletir sobre a melhor forma como podemos continuar a inovar e interagir com nossos apoiadores”, disse o WWF ao The Independent.

NFTs e o meio ambiente

Muito se sabe sobre a pegada de carbono de blockchains proof of work (ou PoW), como Bitcoin e Ethereum.

Segundo a Universidade de Cambrige, a rede Bitcoin consome aproximadamente 125 terawatts/hora (ou TWh) de eletricidade por ano, mais do que grande parte dos países. Já o site Digiconomist estima que o consumo de energia do Ethereum está em 112 TWh.

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Grande parte da atividade de NFTs depende da blockchain Ethereum, que consome uma quantidade imensa de energia. No entanto, estimar a pegada de carbono de cada transação NFT (ou do amplo mercado de NFTs) é mais complexo.

Isso porque o consumo de energia de blockchains PoW é calculado pelo custo de energia relacionado à mineração de novos blocos à própria blockchain, e não por transações individuais.

Segundo um estudo publicado pelo UCL Centre for Blockchain Technologies, blockchains PoW são criadas de forma que seu consumo de energia esteja “fortemente correlacionado à sua capitalização de mercado, resultando em uma extrema demanda de implementações populares [como Bitcoin ou Ethereum]”.

Segundo o estudo do UCL, blockchains PoS consome bem menos energia do que blockchains PoW.

Porém, já que muitas blockchains PoS (como Polygon) são desenvolvidas em blockchains PoW, continuam enfrentando críticas do papel que NFTs em blockchains PoW desempenham na grande pegada de carbono da indústria cripto.

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Essa não é a primeira vez que uma organização entra para o bonde dos NFTs em meio a preocupações com o meio ambiente.

Em janeiro, Mozilla (a organização sem fins lucrativos por trás do navegador de internet Firefox) anunciou uma pausa nas doações em criptomoedas após críticas on-line.

Além disso, a Wikimedia Foundation (a organização sem fins lucrativos que financia a Wikipédia) também recebeu pedidos para parar de aceitar doações em criptomoedas.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.