Web 3 precisa aprender com Bitcoin para não perder o pouco de credibilidade que sobrou | Opinião

Fundadores da Web 3 devem elaborar mais os projetos em vez de acelerar na expectativa de obter uma rápida recompensa com tokens
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Foto: Shutterstock

A promessa da Web 3 é que teremos todas as coisas que gostamos sobre a internet, mas com mais privacidade e uma arquitetura baseada em blockchain para manter nossos dados mais seguros do que nunca.

Bom, essa é a teoria. Na prática, a Web 3 está se tornando um pesadelo em termos de segurança à medida que hacks recentes fizeram alguns se questionarem se não deveriam apenas entregar seu dinheiro e seus dados nas mãos de Mark Zuckerberg e encerrar por hoje.

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O mais recente desastre de segurança envolve o jogo “play-to-earn” Axie Infinity, que deveria ser símbolo do que a Web 3 pode ser.

Caso você não tenha visto, hackers invadiram Ronin, a “ponte” entre Axie e a blockchain Ethereum e roubou cerca de US$ 552 milhões na época (agora equivalentes a US$ 630 milhões, já que o preço do ether subiu) – uma quantia impressionante até mesmo nesses anos dourados do setor cripto.

O que choca ainda mais é a forma como o ataque aconteceu.

Conforme explicado pela engenheira Molly White, a equipe por trás do Axie criou a ponte de uma forma que só precisava de nove validadores de confiança, ou seja, um hacker só precisava comprometer cinco contas para obter as chaves ao paraíso. Foi isso o que aconteceu.

E pior ainda: demorou seis dias para que a equipe do Axie percebesse que US$ 630 milhões em ether haviam sumido e para alertar usuários, cujo dinheiro, agora, se foi.

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Se uma equipe de segurança em um banco ou empresa de Web 2 tivesse agido dessa forma, seria demitida e enfrentar acusações de negligência civil ou, até mesmo, criminal. Mas, já que é a Web 3, a liderança do Axie ofereceu apenas frases vagas ao efeito dessa tamanha vergonha.

Na terça-feira (29), Jeff Zerlin (ou Jiho), fundador do Axie, tuitou: “É um dia difícil”. Duas horas depois, publicou: “É nesse momento em que mostramos do que somos feitos”.

Como foi bem-observado por Matt Levine, da Bloomberg, “ninguém se importa menos com a segurança das informações do que desenvolvedores de projetos de criptomoedas”.

O fiasco do Axie não foi um acontecimento isolado. Dois meses atrás, hackers roubaram a Wormhole, uma ponte popular da blockchain Solana, em cerca de US$ 320 milhões.

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Felizmente para os usuários, os capitalistas de risco responsáveis pela Wormhole, reconhecendo as terríveis percepções, decidiram compensar as perdas mesmo quando os engenheiros responsáveis praticamente deram de ombros.

Na semana retrasada, US$ 28 milhões foram roubados do Cashio, protocolo de stablecoin no Solana. Em agosto de 2021, a Poly Network foi hackeada e perdeu mais de US$ 600 milhões.

Existem inúmeros outros exemplos de usuários da Web 3 sendo roubados porque as plataformas que utilizam estão repletas de brechas de segurança.

Enquanto isso, mais de duas dezenas de empresas Web 3, incluindo Circle e BlockFi, revelaram, em março, que haviam sido alvo de um ataque no estilo Web 2.

Nesse caso, hackers comprometeram um de seus fornecedores de marketing e fugiram com um acervo de dados de clientes que já estão sendo usados para realizar campanhas de phishing e outros golpes.

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Nesse ritmo, risco da Web 3 herdam as piores falhas de segurança da internet anterior, mas não herdam responsabilidade alguma.

Pelo menos, grande bancos têm seguros que compensam seus clientes quando são roubados enquanto empresas Big Tech implementam equipes especializadas em segurança para proteger seus dados.

Por outro lado, muitos grandes nomes da Web 3 parecem estar focados em ficar cada vez mais ricos ao lançar tokens enquanto não se importam com usuários que são deixados à deriva, em um ambiente predatório por si só.

A “febre dos tokens de ouro” fez com que muitos se esquecessem dos valores que fizeram cripto ascender desde o início.

Incluem a criação de uma arquitetura segura e o lembrete sobre o “trilema das blockchains” – a noção de que é fácil alcançar dois de três objetivos quando o assunto é descentralização, escalabilidade e segurança, mas é bem difícil alcançar os três – por Vitalik Buterin, fundador do Ethereum.

Dessa forma, Vitalik falou sobre pontes em janeiro, alertando que não são tão seguras como projetos de primeira camada, como Ethereum ou Bitcoin.

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E falando em Bitcoin, esta é uma das ocasiões em que o grande mundo da Web 3 deve aprender algo com os maximalistas de Bitcoin.

Por mais irritantes que possam ser, os maxis estão certos quando afirmam que não existe nada mais bem-testado e seguro do que a blockchain do Bitcoin – é um dos grandes motivos pelos quais a criação de Satoshi continua sendo a criptomoeda mais valiosa do mundo.

Fundadores da Web 3 devem demorar mais tempo para construir seus projetos de forma parecida em vez de afundarem o pé no acelerador na expectativa de obter uma rápida recompensa com tokens.

Se não o fizerem, a Web 3 arrisca perder a pouca credibilidade que possui.

*Artigo por Daniel Roberts e Jeff John Roberts, editor-chefe e editor-executivo, respectivamente, do Decrypt.

**Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.