Vítima da Unick Forex cai em novo golpe: “Como pude ser enganada duas vezes?”

Ela alega que perdeu cerca de R$ 40 mil na empresa VinxTrades
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Imagem ilustrativa. Foto: Shutterstock

Uma autônoma de Terra Boa, cidade que fica a cerca de 500 km de Curitiba (PR), perdeu R$ 1.500 na pirâmide financeira Unick Forex, que ruiu em 2019. Para tentar recuperar o valor, resolveu investir mais R$ 10 mil em uma empresa chamada VinxTrades, que diz trabalhar com bitcoin e forex. Ela acabou caindo em um novo esquema. O prejuízo total foi de R$ 40 mil.

“Como pode uma pessoa ser enganada e cair duas vezes no mesmo golpe? Eu não confio em mais ninguém”, desabafou a investidora ao relatar o caso ao Portal do Bitcoin. Ela pediu à reportagem que seu nome não fosse revelado.

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No início do ano, a investidora passou a receber mensagens com a notícia de que a VinxTrades, com supostas sedes no Texas e na Carolina do Sul (EUA), estava devolvendo o dinheiro dos clientes. A primeira mensagem foi enviada no dia 27 de fevereiro. Os telefones tinham DDD da Flórida e do Texas e um outro da África do Sul, constatou a reportagem.

Os membros da empresa diziam que a autônoma tinha um saldo de US$ 15 mil (cerca de R$ 76 mil na cotação atual). Conversa vai conversa vem, os criminosos conseguiram persuadi-la a enviar dinheiro e bitcoin para o pagamento de taxas de saque para a liberação dos supostos fundos.

Pagar para receber

O montante prometido daria para tirar o prejuízo e sair no lucro, que era a intenção dela desde o início. No entanto, para receber a transferência, a investidora foi informada que teria que pagar algumas taxas.

A princípio, lhe foi pedido uma transferência de R$ 1.200 para a liberação de um certificado de transferência do FMI (Fundo Monetário Internacional) do tipo IMF9025QS, mas não passou de tática fraudulenta — que inclusive é alertada no site da própria organização.

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A investidora de Terra Boa então respondeu dizendo que não tinha como pagar aquela taxa, mas recebeu uma proposta de ajuda de um dos supostos golpistas que se comprometeu a lhe enviar R$ 500. E isso ocorreu.

O dinheiro foi enviado por alguém identificado como F.J.G.O. através de uma conta bancária no Brasil. Ela então completou R$ 1.200 e os enviou a outro suposto membro da equipe. Em seguida, foi cobrada do empréstimo, mas disse que era para descontarem dos fundos que ela viria a receber.

Mais taxas

Não demorou muito para que outra pessoa entrasse em contato para lhe trazer uma péssima notícia. Ela também teria que pagar um ‘imposto federal’ de R$ 3 mil, cotados em Rand, que é a moeda oficial da África do Sul. Sem esse pagamento, os golpistas disseram que ela não receberia o seu dinheiro.

No desespero, ela fez um empréstimo no banco e pagou a nova ‘taxa’. Depois disso, vieram outros pedidos de depósitos. Ela estima que tenha perdido cerca de R$ 30 mil com esses depósitos. Somando os R$ 10 mil de investimento, o prejuízo foi de R$ 40 mil.

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Em uma troca de email, ela perguntou aos membros do golpe por que deveria enviar tanto dinheiro para receber o lucro e por que estava demorando tanto para receber. Quando respondiam, mais taxas eram cobradas. Sobre a demora, falavam que era por causa da queda do preço da criptomoeda.

“Eu paguei muitas taxas e impostos… Agora eu aprendi. Pagar antes nunca mais”, disse a vítima.

A reportagem fez uma breve consulta em um dos endereços de carteira de bitcoin usada pelos golpistas. Foram movimentados cerca de 120 BTCs em mais de 5.000 transações na blockchain.

A página da VinxTrades na internet é obscura. Os endereços informados no site não existem. Além disso, a empresa não informa os nomes de seus membros.

Vítima procurou a polícia

A vítima não recebeu o prometido. Além disso, começou a receber ameaças. Com medo e chateada com a situação, decidiu procurar a polícia. Foi feito um boletim de ocorrência online em abril. “Até agora (os policiais) não falaram nada”, explicou.

No final de maio, o Portal do Bitcoin entrou em contato com a delegacia e foi informado de que o caso está na mesa do delegado para apreciação. Segundo informou o escrivão de polícia, nesse tipo de caso, quando há dados bancários de um denunciado, geralmente é solicitado junto à instituição financeira um processo para que em seguida possa ser pedido na Justiça a quebra de seu sigilo bancário.

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Hoje, sem esperança de ter de volta o seu dinheiro, a vítima deseja apenas que os criminosos sejam presos. Para isso, ela disse que vai fazer de tudo para seu caso chegar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Polícia Federal

“Futuramente eles vão ter que pagar. As pessoas que fazem isso com outras, de um jeito ou de outro elas pagam né. Têm que prestar a conta para Deus”, comentou.

Procurada para comentar o assunto através do email disponível na plataforma, a VinxTrades não respondeu à reportagem até o fechamento deste texto.