Vitalik Buterin
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O criador do Ethereum, Vitalik Buterin, disse na quarta-feira (9) que a comunidade cripto tinha muitas dúvidas sobre Sam Bankman-Fried – o fundador da falida correta FTX – desde o início, apesar da alta visibilidade de SBF na mídia como líder do setor.

“Acho que muitas pessoas têm esse equívoco de que todos respeitavam profundamente Sam e que ele pegou todo o ecossistema de surpresa”, disse Buterin em uma entrevista em um podcast com Sriram Krishnan e Aarthi Ramamurthy. “Eu acho que é verdade que ninguém esperava uma implosão literal de US$ 8 bilhões, mas se você está olhando para influenciadores da Ethereum como Anthony Sassano, muitos deles desrespeitavam ele e a FTX desde o início.”

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Buterin continuou explicando que muitos no ecossistema cripto suspeitavam de Bankman-Fried porque ele parecia incapaz de articular uma visão coerente do porquê da tecnologia de criptomoedas ser valiosa.

“Ele simplesmente não foi capaz de articular uma visão inovadora da indústria — ele apenas enxergou o setor com uma oportunidade de negócio”, lembrou Buterin. “É como se ele falasse, “Hey, criptografia é essa coisa onde você pode ganhar dinheiro.'”

Buterin contrastou a perspectiva de Bankman-Fried com os valores e os objetivos de descentralização que inicialmente deram “vida” ao Bitcoin, Ethereum e outros projetos de blockchain, dizendo que o suposto empresário estava apenas “regurgitando as perspectivas de outras pessoas como ‘a desintermediação é boa’, ou ‘criar mercados mais abertos é bom’ — coisas que foram ditas por influenciadores cripto por anos.”

“Eu acho que ele simplesmente nunca realmente atingiu a comunidade como uma pessoa que acreditava profundamente nela”, disse ele. “Isso, mais do que qualquer outra coisa, pode realmente ser a causa da desconfiança que já existia.”

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Vitalik está otimista com a Inteligência Artificial

O fundador do Ethereum também abordou o rápido progresso de sistemas de inteligência artificial como o ChatGPT, expressando otimismo sobre seu potencial de aumentar a criatividade humana em vez de substituir totalmente os empregos e talentos humanos.

“Eu acho que um dos aspectos positivos disso é que é um bom exemplo de como podemos encarar o fato de que a AI vai matar 30% dos  empregos. Em vez de encararmos como algo catastrófico e terrível, podemos encarar como  uma economia de tempo incrível”, disse Buterin.

Ele reconheceu que mais empregos serão perdidos à medida que a AI se aproximar de todas as capacidades humanas, mas que, por enquanto, a AI é algo a ser adotado.

“Neste primeiro estágio as coisas estão evoluindo de forma interessante — a tecnologia está capacitando as pessoas com mais do que substituir profissionais, pelo menos até agora”, disse Buterin.

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Ele também sugeriu que poderosas ferramentas de AI, como geradores de imagem, poderiam ajudar criadores individuais a fazer filmes e outras obras artísticas sem a necessidade de uma produção cara ao estilo de Hollywood.

“O que não queremos que aconteça é ver os artistas sendo substituídos; o que eu quero ver é um autor, em vez de apenas poder escrever um romance, também poder fazer um filme pessoalmente”, disse Buterin. “Eu gostaria de ver o custo de fazer um filme cair para US$ 100 mil para uma pessoa com basicamente apenas sua criatividade e alguns meses em uma plataforma de AI.”

Na sua opinião, incomodar Hollywood seria uma coisa boa.

“Nós nos afastaremos de todos esses remixes horríveis, como “Marvel x King Kong com um toque de Star Trek contra Star Wars”, disse ele. “Teríamos histórias reais que refletem os valores de diferentes pessoas.”

“Esse aumento da criatividade individual existente, que me excita”, disse Buterin a seus anfitriões.

De fato, o fundador da Ethereum posicionou a AI como um dos desenvolvimentos mais significativos de toda a história.

“Essa transição da AI entre humanos e super-humanos, esse nível de transição, eu diria, só aconteceu basicamente três ou quatro vezes na história da Terra”, disse ele.

Mas Buterin também reconheceu a necessidade de mais pesquisas e potencialmente alguma regulamentação limitada em torno da AI avançada para abordar possíveis riscos no futuro. Ele enfatizou que quaisquer regras devem ser estritamente direcionadas, em vez de proibições radicais que impeçam a inovação.

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“Eu vejo esses argumentos realmente convincentes das pessoas que dizem que a AI é um risco. Mas temos uma longa história de mais de 100 anos de pessoas prevendo todos os tipos de consequências realmente terríveis para a próxima onda de tecnologia. O que aconteceu, repetidas vezes, durante séculos, é que nos adaptamos.”

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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