Valour Invest: TV Record mostra como polícia chegou a assassinos de advogado

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Foto: Shutterstock

Foi por meio de perícia em celulares que a Polícia Civil de São Paulo chegou aos assassinos do advogado Francisco de Assis Henrique, morto em uma emboscada no ano passado por cobrar uma dívida de R$ 2,5 milhões em Bitcoin. O caso foi tema de uma reportagem especial feita pela TV Record.

De acordo com as investigações, o crime foi intermediado pelos empresários Wilson Decaria Junior e Edgar Acioli Amador, sócios da empresa suspeita de pirâmide financeira Valour Invest.

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“O trabalho investigativo da polícia foi exemplar, muito bem feito, e apontou de forma categórica a individualização de cada um”, disse Diego Alves, advogado da vítima, no programa Domingo Espetacular, que é produzido pela emissora.

Conforme a reportagem, no dia de sua morte a tiros, num posto de gasolina da Av. Washington Luís, em São Paulo, Assis conversou com duas pessoas. Em seu telefone, o apelido delas eram ‘Negocio 4’ e ‘Boi Alfa 3’.

Interrogado na época por suspeita de participação no crime, William Gonçalves Amaral disse à polícia que Assis teria discutido com outra pessoa, que fazia leilões da Receita Federal. No entanto, a tentativa de se desvencilhar do ato — mesmo alegando que tinha dívida com o advogado —, Willian acabou abrindo caminho para os investigadores.

A polícia foi então atrás do homem e descobriu que em seu celular havia o contato de William, salvo como ‘W Magrelo’, chegando a conclusão que se tratava do contrato ‘Negocio 4’. Do mesmo modo, os investigadores chegaram até Danilo Afonso Pechin, também suspeito de mandante, cujos registros ‘Boi Alfa 3’ e ‘Nillo II’ igualmente bateram.

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A resolução do quebra quebra-cabeças foi reforçada por declarações de parentes de Assis. Segundo eles, o advogado enfrentava problemas com dois homens chamados ‘Danilo’ e ‘Willian’.

Empresa de Bitcoin e encomenda de crime

De acordo com a reportagem, depois disso bastou a polícia solicitar à Justiça os mandados de busca e apreensão para chegar ao restante da quadrilha supostamente responsável pelo assassinato. Danilo e Willian, segundo as investigações, foram os mandantes do crime.

A intermediação teria sido feita por Wilson Decaria Junior e Edgar Acioli Amador, donos da empresa de Bitcoin Valour Invest. Anderson da Silva Soares e Carlos Eduardo Fontes, suspeitos dos disparos contra Assis, teriam recebido R$ 500 mil para executar o advogado.

Segundo a defesa de Wilson e Edgar, seus clientes “foram com eles para entregar o dinheiro para o Carlão a mando do Danilo e do Willian”.

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“Não é pro Carlão matar o Dr. Assis, estava combinado que eles iriam aliviar a dívida”, disse o advogado Mauro Otávio Nacif.

Segundo informou o programa, Carlos Eduardo Fontes, o Carlão, permanece solto por decisão da Justiça. Edgar, Danilo e Wilson, presos à época do fatos, foram soltos em fevereiro deste ano. 

Uma decisão da Justiça de São Paulo fez com que Danilo voltasse à prisão. Willian estaria morando em Portugal e o paradeiro de Anderson é desconhecido, disse o jornal.

No início deste mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou um Habeas Corpus impetrado em favor de Danilo.

Nenhum dos acusados ainda foram a julgamento.

Suspeitos de assassinato do advogado. Reprodução/Record TV

Caso Valour Invest

A empresa dos acusados de envolvimento no crime é suspeita de operar em esquema de pirâmide financeira com criptomoedas. Em fevereiro deste ano, a Justiça de São Paulo mandou bloquear as contas da empresa. 

A Valour Invest dizia que poderia fazer o investimento render entre 10% e 13% ao mês através de trading com bitcoin.

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No entanto, várias clientes começaram a reclamar da falta pagamentos. Após questionamento, os diretores da Valour Invest alegaram ter sofrido bloqueio da corretora Bitfinex — uma das maiores do mundo.

Mesmo assim, relatos denunciavam que a empresa chegou a criar uma fila de saques, mas que não funcionava. Um investidor na época disse que os responsáveis pela empresa ameaçavam não pagar quem procurasse a Justiça.