“Usuários comuns não ligam para a descentralização”, diz Arthur Hayes

Segundo o ex-CEO da BitMEX, a facilidade no uso de recursos é mais importante do que a descentralização do sistema para o investidor médio das criptomoedas
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Arthur Hayes (Foto: Divulgação/BitMex)

A descentralização pode ser algo presente no DNA do setor de criptomoedas, mas o mesmo não pode ser dito sobre as preferências das pessoas comuns ao se envolverem com ativos digitais, disse Arthur Hayes nesta semana.

A distribuição de tomada de decisão e controle é um componente essencial da visão de Satoshi Nakamoto para o Bitcoin em 2008, bem antes do início da indústria dos ativos digitais. Mas Hayes, ex-CEO da exchange de criptomoedas BitMEX, sugeriu que esse princípio central não é importante para as massas.

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“No final das contas, o usuário comum não se importa com a descentralização ou centralização”, disse ele no último episódio do podcast GM do Decrypt. “Se você quer realmente se tornar sua própria instituição financeira e assumir o controle do destino de suas finanças, você pode fazer isso hoje, [mas] é mais difícil de usar.”

Os ativos digitais são descentralizados no sentido de que não exigem que as instituições financeiras mantenham a propriedade de seus fundos ou realizem transações.

Ainda assim, milhões de pessoas optam por confiar em instituições centralizadas que oferecem produtos e serviços relacionados à criptomoedas de forma mais simples, ágil e sem atrito, afirmou Hayes, tornando a tecnologia mais palatável para as massas.

“[Um] bom preço, bom produto, boa experiência do usuário”, disse ele, “isso é tudo com que a maioria se preocupa agora e vão se preocupar no futuro.”

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Meio termo

Uma frase de efeito comum invocada entre os participantes da criptoeconomia é: “Se as chaves não são suas, as criptomoedas não são suas.” O ditado é popular entre aqueles que aderem fortemente aos ideais fundamentais da tecnologia.

No entanto, do ponto de vista de Hayes, os players centralizados fornecem um meio-termo crucial — permitindo que os usuários menos afeitos à tecnologia tenham posse de criptoativos sem exigir que elas naveguem pela complexidade da soberania financeira inteiramente por conta própria.

“A maioria das pessoas não quer se envolver totalmente com a gestão de suas finanças”, disse ele. “Eles querem ter um trabalho, economizar algum dinheiro [e] sustentar sua família.”

Carteiras sem custódia e exchanges descentralizadas são exemplos notáveis de como a criptoeconomia não exige que os intermediários financeiros sirvam como um ativo. Mas Hayes sugeriu que há uma falta de demanda por produtos cripto descentralizados porque o impacto que isso tem nos resultados financeiros quando se trata de investir é um pouco insignificante para a maioria das pessoas.

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Hayes apontou a inflação como algo que provoca maior envolvimento com cripto do que o conceito de descentralização, que ele disse que pode “criar especuladores.”

Além disso, a noção de que os salários do trabalhador médio dos EUA não estão acompanhando os aumentos no custo de vida aumenta o envolvimento nos mercados financeiros, seja negociando criptomoedas, ouro, ações ou qualquer outro ativo, postulou Hayes.

Ele acrescentou que se um produto cripto descentralizado é ou não amplamente adotado pelas massas provavelmente será determinado por fatores fora da criptoeconomia, como a inflação ou a recente crise bancária nos EUA, com base em quanto esses eventos poderiam perturbar suas vidas.

Hayes observou o medo entre os depositantes no Silicon Valley Bank de que os valores não seriam devolvidos por inteiro quando o banco entrou com o pedido de falência no mês passado, como exemplo recente. Foi a segunda maior falência de um banco na história dos EUA.

Mesmo assim, pode ser que nunca cheguemos ao ponto em que o usuário comum fará a gestão de suas próprias criptomoedas ou negociará em uma exchange descentralizada, disse ele. Mas, no geral, isso “não será um problema”, porque nem todo mundo tem um “desejo de administrar suas próprias finanças”, independentemente da curva de aprendizado futura do setor cripto.

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Hayes disse acreditar que o equilíbrio entre centralização e descentralização pode mudar com o tempo, à medida que os produtos cripto descentralizados se tornam mais robustos.

“Espero que haja mais pessoas trabalhando em soluções que tornem isso mais fácil de usar, para que a concorrência seja um pouco mais justa”, disse ele.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.