A Justiça Federal abriu um novo processo contra a Unick Forex para apurar a movimentação de R$ 269 milhões por meio de empresas de fachada para a prática de lavagem de dinheiro. O desmembramento do processo, feito na última sexta-feira (11), se deu por causa da quantidade de firmas envolvidas no caso de pirâmide financeira com bitcoin, um dos maiores já aplicados no Brasil. As informações são do Jornal NH.
A nova ação vai seguir em consonância com a original contra 15 réus, que trata do crime de organização criminosa, evasão de divisas e operação de instituição financeira sem autorização ilegal. Unick Forex foi um esquema de pirâmide financeira com bitcoin que quebrou em 2019, causando um prejuízo na casa de bilhões a milhares investidores brasileiros.
O Ministério Público Federal (MPF) apontou 26 firmas responsáveis pela movimentação do dinheiro. Para se ter uma ideia, descreveu o NH, uma modesta construtora de São Leopoldo (RS) recebeu R$ 38 milhões. Descoberto durante as investigações, o embolado de transações obscuras feitas em bancos e corretoras fez com que a juíza substituta da 7ª Vara Federal de Porto Alegre, Karine da Silva Cordeiro desmembrasse o processo.
Por se tratar de uma nova ação, a Justiça intimou novamente Leidimar Lopes, Danter Silva, e os demais réus do processo inicial, para responderem à acusação no prazo de dez dias. Segundo o NH, a magistrada já autorizou busca nas empresas identificadas, bem como aceitou ouvir novas testemunhas.
No mês passado, a Polícia Federal concluiu a análise de todo o material digital relacionado ao caso Unick Forex, detalhes que eram aguardados pela juíza Cordeiro sobre o papel de cada um dos 15 acusados para posteriormente começar a marcar audiências. O documento, descrito como “relatório complementar”, é fruto de uma gama de arquivos digitais sobre os envolvidos identificados durante as ações da Operação Lamanai, deflagrada em outubro de 2019.
No relatório da PF, Leidimar Lopes é descrito como o cabeça do grupo — tratado pelas pessoas abaixo da pirâmide como “comandante”, “presidente” ou “chefe”. Danter Silva e Fernando Lusvarghi eram a cara do grupo, enquanto supostamente havia um “líder oculto”, o advogado Fernando Baum Salomon. Vale lembrar que Lopes, Danter e outros líderes foram liberados provisoriamente da prisão devido à pandemia.
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Multa de R$ 12 milhões
Tanto a Unick Forex quanto seus maiores líderes já foram condenados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por distribuição irregular de valor mobiliário e oferta irregular de contratos de investimentos coletivo (CIC).
Cada um dos acusados — Leidimar Lopes; Alberi Pinheiro; Fernando Lusvarghi — terá que pagar uma multa de R$ 3 milhões ao regulador, o que totaliza R$ 12 milhões A decisão foi proferida pelo colegiado CVM em 08 de dezembro do ano passado.
Caso Unick Forex
A Unick Forex, cuja sede fica em São Leopoldo, prometia juros de até 3% ao dia em cima dos capitais dos clientes que viriam de negociações no mercado Forex (foreign exchange) e em criptomoedas.
No primeiro semestre de 2019, a empresa deixou de pagar os investidores; em outubro daquele ano, seus membros presos. O MPF estima que a Unick tenha captado R$ 29 bilhões de forma ilegal, prejudicando 1,5 milhão de pessoas.