“Toda batalha da Binance é uma situação de vida ou morte”, diz diretora da exchange

Reportagem do The Wall Street Journal detalha os bastidores da crise enfrentada pela Binance nos EUA
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Foto: Shutterstock

Depois do colapso da FTX no ano passado, a crise enfrentada pela Binance é o novo alerta para o mercado de criptomoedas, conforme explora reportagem publicada pelo The Wall Street Journal na terça-feira (26).

A maior exchange do mundo está sob ameaça de ações coercivas por parte de diversas agências dos Estados Unidos, em um cenário em que, apenas nos últimos três meses, mais de uma dúzia de executivos de alto escalão saíram da empresa, que também despediu pelo menos 1,5 mil funcionários este ano para cortar custos.

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A portas fechadas, as dificuldades atuais da Binance são reconhecidas por sua liderança. Em mensagem enviada aos funcionários no mês passado e vista pelo Wall Street Journal, Yi He, cofundadora e diretora de marketing da Binance, constatou:

“Toda batalha [da Binance] é uma situação de vida ou morte, e a única coisa que pode nos derrotar somos nós mesmos. […] Ganhamos inúmeras vezes e precisamos vencer desta vez também.”

Por conta do seu tamanho no mercado, o que acontecer com a Binance deverá ter implicações para a indústria de criptomoedas como um todo, conforme aponta a reportagem do jornal americano.

“Participantes e observadores da indústria dizem que outras exchanges preencheriam o vazio se a Binance entrasse em colapso. Mas, no curto prazo, a liquidez no mercado poderá evaporar, fazendo com que o preço dos tokens caia drasticamente”, diz trecho da matéria.

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O jornal americano ainda destaca, citando dados da Kaiko, que a Binance hoje lida com cerca de metade de todas as negociações de criptomoedas no mundo, o que, apesar de ainda ser muito, é uma queda forte em relação aos 70% apresentados no início deste ano.

As brigas da Binance nos EUA

O Departamento de Justiça dos EUA está há anos investigando a Binance e seu fundador, Changpeng “CZ” Zhao, no que pode resultar em acusações criminais para a companhia e o executivo, além de bilhões de dólares em multas.

Além disso, a exchange também enfrenta um processo da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que alega que a Binance e CZ operavam ilegalmente no país e utilizavam indevidamente os fundos dos clientes.

Nos EUA, a Binance.US viu a saída de três dos seus mais importantes líderes, entre eles o diretor executivo, diretor jurídico e chefe de risco. Em uma reunião virtual dias antes de sua saída, o CEO da Binance.US, Brian Shroder, disse que a receita da empresa caiu 70% no acumulado do ano, segundo informações obtidas pelo Wall Street Journal.

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Na ocasião, o executivo teria dito aos funcionários que CZ precisaria resolver “suas questões regulatórias, colocar suas participações nos EUA em uma blind trust ou vender suas ações” para que a plataforma dos EUA mantivesse seu crescimento.

A Binance e o DOJ conversam há meses e dentro da corretora tem havido discussões sobre se CZ deveria renunciar, diz o jornal que cita pessoas familiarizadas com as discussões.

Especialistas dizem ser praticamente impossível quantificar o impacto que seria o colapso da Binance, não só por sua grande participação no mercado mas também por todo papel que teve no desenvolvimento do setor cripto e na criação de projetos. O alerta está ligado não só nos EUA, mas também na Europa e em outros lugares do mundo, incluindo o Brasil, onde a Binance é alvo de processo dos reguladores da CVM.