Documentos liberados nesta sexta-feira (16) pelo Procurador-Geral de Nova York para a agência de notícias Bloomberg mostram que as reservas da USDT já tiveram títulos financeiros emitidos por empresas chinesas como garantidores de lastro. Trata-se da maior stablecoin do mercado, emitida pela Tether Holdings.
As informações são um retrato de como eram os lastros da Tether em 31 de março de 2021. Durante a crise envolvendo o grupo chinês Evergrande, a Tether havia negado estar exposta ao conglomerado, mas se recusou a esclarecer se possuía exposição a outras companhias na China.
Na época, uma investigação de outubro de 2021, também da Bloomberg, encontrou evidências de que as reservas de USDT da Tether de fato incluíam bilhões de dólares em empréstimos de curto prazo para empresas chinesas, bem como um empréstimo considerável para a Celsius Network, uma plataforma de operações financeiras com criptomoedas.
Conforme reportado pela Bloomberg, a Tether chegou a um acordo (em fevereiro de 2021) com o escritório da Procuradoria-Geral de Nova York sobre alegações de que mentira sobre suas reservas, escondendo perdas.
“Se a Tether (USDT) não conseguir resgatar os tokens por dólares, a confiança nos criptoativos seria abalada.”
– Bloomberg
A stablecoin é líder em capitalização e volume de negociação, entre outros criptoativos do mesmo seguimento. No Brasil, o uso de USDT chamou a atenção da Receita Federal, que apontou para a relevância do ativo no país.
Recentemente, a Tether anunciou a expansão de seu negócio para a indústria de energia elétrica e mineração com energia renovável. A empresa está realizando investimentos no Uruguai e em El Salvador.
Além disso, a companhia também anunciou que investiria, regularmente, 15% de seu lucro em Bitcoin (BTC).
Emissores da dívida: bancos chineses
Além da Bloomberg, o CoinDesk também informou que recebeu os documentos originados do escritório de procuradoria-geral de Nova York. O portal de notícias detalhou ainda mais as aplicações das reservas da Tether utilizadas para lastrear o USDT.
O documento revelou que uma grande porcentagem dos emissores de dívida da empresa eram vários bancos e instituições financeiras chinesas: Banco Agrícola da China, Banco da China de Hong Kong, Banco de Comunicações, Banco Industrial e Comercial da China, China Merchants Bank, China Construction Bank, China Everbright Bank e outros.
Além disso, possuía fundos em papel comercial e outros títulos emitidos por várias entidades, incluindo Qatar National Bank QPSC, Barclays Bank PLC, Deutsche Bank AG, Emirates NBD Bank PJSC e Natwest Group PLC.
Todos emitiram papel comercial e valores mobiliários que a Tether usou para respaldar seu token, segundo o CoinDesk.
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“Em 31 de março de 2021, a Tether alegou ter mais de US$ 35,5 bilhões em dólares americanos equivalentes nessas instituições.
Eles foram compartilhados com a CoinDesk pelo escritório do procurador-geral de Nova York (NYAG) em resposta a uma solicitação estadual da Lei de Liberdade de Informação (FOIL) registrada em junho de 2021. Os documentos parecem ter sido criados em 4 de agosto de 2021 e servem como um snapshot das operações da Tether naquele dia.
Outros US$ 5,1 bilhões foram detalhados em ’empréstimos em USDT’ e outros ativos, totalizando US$ 40,6 bilhões em ativos, correspondendo aproximadamente aos 40,8 bilhões de USDT em circulação na época.”
– CoinDesk
Tether cria bilhões de dólares em USDT e mercado observa as movimentações
Nesta mesma sexta-feira (16) — de revelações à cerca do passado nas reservas de USDT da Tether — a empresa realizou a cunhagem de US$ 1,25 bilhão em USDT, em dois lotes. Sendo o primeiro de um bilhão e o seguinte de 250 milhões de dólares em stablecoin. Os alertas são da página Whale Alert (@whale_alert), no Twitter.
Paolo Ardoino, CTO da Tether, comentou sobre a primeira cunhagem (de US$ 1 bilhão), informando se tratar de um “reabastecimento de estoque” na Rede Tron. Nenhum comentário foi realizado sobre a segunda “fornada” de US$ 250 milhões.
Algo semelhante ocorreu no início da semana, na segunda-feira (12). Na ocasião da criação de, também US$ 1 bilhão na stablecoin da Tether, Paolo Ardoino explicou se tratar de um “reabastecimento de estoque”, dessa vez na rede do Ethereum.
Essa é a terceira cunhagem de um bilhão de dólares em menos de dois meses. Em março de 2023, a Tether “imprimiu” mais de US$ 5 bilhões USDT, conforme reportado pelo Portal do Bitcoin.
A empresa garante manter uma reserva de, pelo menos, um para um, equivalente em dólar norte-americano para cada unidade de USDT em circulação no mercado. É daí a relevância de compreender quais criptoativos compõe essa cesta de equivalência — o que garantiria o resgate em dólar dos usuários da stablecoin.
Além da cunhagem, os valores foram movidos dentro e fora dos endereços do Tesouro da Tether e da corretora Binance. Alternando entre as redes da Tron (TRX) e do Ethereum (ETH).
A empresa encerrou as movimentações com o saldo positivo recém-criado (US$ 1,25 bilhão) e nenhuma queima correspondente ocorreu até o momento de redação. A Tether iniciou com o USDT na rede do Ethereum e terminou a movimentação com os valores na Tron, segundo dados onchain.
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