A Tether, emissora da stablecoin USDT, a mais utilizada no mundo, fez um pedido no Supremo Tribunal de Nova York para impedir que veículos de imprensa tenham acesso a documentos que detalham a composição das suas reservas de USDT nos últimos anos.
A petição apresentada nesta terça-feira (31) mira o CoinDesk, um dos principais sites de notícias do setor cripto, que tentou obter os documentos através da Lei de Acesso à Informação dos Estados Unidos.
Charles Michael, o advogado que representa a empresa, sustenta no recurso que a divulgação de tais informações poderia prejudicar as estratégias de negócios da Tether e da Bitfinex, a exchange do grupo.
“A competição é feroz, com exchanges iniciantes constantemente entrando no mercado e desafiando o operador histórico. Bitfinex e Tether se diferenciam de seus concorrentes usando pelo menos três tipos de dados confidenciais e competitivos que estão em questão neste processo: (1) estratégias financeiras, (2) medidas de conformidade e documentação e (3) dados do cliente”, descreve a petição compartilhada pelo Coindesk.
O que pede o Coindesk
O pedido de informação do portal se limitava a informações relacionadas à composição da reserva de ativos que respaldam a stablecoin da Tether. Como o USDT é uma moeda 100% pareada ao dólar americano, a empresa é obrigada a ter um dólar real em caixa para cada token emitido.
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No entanto, a empresa já provou no passado faltar com a transparência e chegou a ser multada pela procuradoria-geral de Nova York por mentir sobre o lastro da sua stablecoin e falsificar auditorias.
Executivos da Tether afirmaram em maio deste ano que a empresa enviou à procuradoria-geral uma cópia de suas reservas e é esse o documento que o Coindesk pediu acesso, deixando claro na solicitação que não precisava de “nenhum outro documento sobre a investigação”.
Os advogados da Tether pediram ao oficial da Lei de Acesso à Informação dos EUA que os documentos não fossem divulgados e, em um primeiro momento, foram acatados.
Em seguida, o CoinDesk fez um recurso a resposta negativa e um oficial de apelação reverteu a decisão, dando o dia 1º de setembro como prazo final para a Tether fazer uma petição no tribunal para tentar impedir que os documentos fossem vazados.
“Ficamos desapontados mas não surpresos ao ver que a Tether abriu um processo para bloquear a liberação de documentos […] após a procuradoria-geral concordar com o CoinDesk sobre a sua divulgação” disse Lance Koonce, o advogado que representa o portal, concluindo que estão ansiosos para descobrir qual será a decisão final do tribunal.
A Tether comentou sobre o caso através de uma nota oficial e ressaltou que a divulgação dessas informações “prejudicará a posição competitiva da Tether no mercado e invadirá desnecessária e indevidamente a privacidade de terceiros.” A empresa informou ainda que está no processo de obter demonstrações financeiras auditadas e que espera produzi-las nos próximos meses.