A Argentina deve se livrar de seu peso e colocá-lo em um museu, de acordo com as palavras do economista economista americano Steve Hanke em entrevista à BBC Mundo. Para o especialista, a solução para a crise que assola o país vizinho desde 2018 seria dolarizar a economia.
Sob a direção de Alberto Fernandez desde sua posse em dezembro de 2019, a Argentina viu o peronismo retornar ao poder.
Com dois anos em recessão, o país agora vê o governo federal criar cada vez mais restrições de acesso ao dólar nas últimas semanas frente à escassez da moeda no país.
A inflação argentina chegou ao recorde do século de 53,8% no acumulado de 2019, o mais alto valor desde 1991, e o Banco Central prevê um acumulado de 39,5% para este ano de 2020. Com tamanha desvalorização do peso, argentinos recorrem ao dólar para impedir que seus salários sejam desvalorizados mensalmente.
Na conversa com a BBC, ele aponta que 15 das últimas 16 recessões econômicas desde o fim da Segunda Guerra Mundial surgiram porque “o país ficou sem dólares”, segundo o Centro de Implementação de Políticas Públicas para Equidade e Crescimento (Cippec).
Hanke, que é professor de Economia Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, e pesquisador do Instituto CATO em Washington, DC, disse à BBC que a solução é dolarizar a economia.
O especialista assessorou o Equador no processo de dolarização do país. “Tem que matar o peso. O peso é um veneno, um câncer. A Argentina poderia ser o melhor país da América Latina se se desfizesse dele”, disse o professor durante a entrevista.
Hanke acredita que agora é o momento de realizar a transição. “A ideia da dolarização já existe há muitos anos. É que o peso é o calcanhar de Aquiles de todos os problemas da Argentina e tem sido há mais de um século.
A cada 10 ou 12 anos, a Argentina enfrenta uma crise do peso, a economia entra em colapso, todos perdem suas economias”, disse na entrevista.
O especialista acredita que a situação vai piorar para o peso e que as restrições ao dólar no país são extremamente impopulares, o que levaria a população a apoiar a dolarização mais do que nunca, diferentemente de 95 e 99.
“As pessoas querem se livrar dos pesos e de quem pode ir morar no Uruguai. As pessoas estão comprando até bitcoins. Se eu fosse médico, diria ao paciente que o problema deles são os pesos”, afirmou na conversa.