Suposto golpista de criptomoedas que se inspirou no “Lobo de Wall Street” tem prisão revogada

Eduardo Rodrigues havia sido extraditado de Portugal para o Brasil após ser preso com outros suspeitos de um golpe milionário
Martelo de juiz

Shutterstock

O brasileiro Eduardo Omeltech Rodrigues, suspeito de participação em um golpe milionário inspirado no filme “O Lobo de Wall Street” e que usava criptomoedas para movimentar ativos, teve sua prisão no Distrito Federal revogada na última terça-feira (23), segundo informações da Veja.

Rodrigues havia sido extraditado de Portugal para o Brasil em fevereiro deste ano, após ser preso com outros suspeitos no ano passado em uma operação da Interpol.

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Na época, eles foram acusados de montar um call center em Portugal que tinha como objetivo ligar para brasileiros e se passar por agentes de investimentos. Inicialmente, faziam a pessoa pensar que estava lucrando com simulações que eram exibidas como se fossem a monitoração em tempo real desses aportes. 

Depois de convencer as vítimas a fazer mais aportes, afirmavam que o dinheiro tinha sido perdido em um investimento que não deu certo. O golpe funcionou por quatro anos e a plataforma teve diversos nomes: Paxton Trade, Ipromarkets, Ventus Inc, Glastrox, Fgmarkets, 555 Markets e ZetaTraders.

Na época da prisão, que ocorreu em Portugal e no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, na chamada operação Difusão Vermelha, a Polícia Civil do Distrito Federal, que participou das ações, disse que foram identificadas mais de 900 vítimas do grupo.

Apenas uma das vítimas, disse o órgão, teria sido lesada em R$ 1,5 milhão. A estimativa é que no geral, o golpe movimentou cerca de R$ 16 milhões.

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Conforme declarações do advogado Eduardo Maurício à publicação, seu cliente “responderá o processo em liberdade, sobretudo pelo excesso de prazo de encarceramento cautelar, bem como pelo longo lapso temporal até a presente data torna-se inviável as atividades reiteradas delitivas e também pela dificuldade de contato entre advogados e clientes”.

Segundo a Veja, Maurício afirma que seu cliente “tinha apenas celebrado um contrato de gestão e intermediação com a empresa Pineal Marketing, e adotou todas as práticas de compliance e KYC, não teria como adivinhar uma prática criminosa de uma terceira empresa internacional que prestava serviços, totalmente estruturada e limpa no mercado até então”.

Na ocasião da deportação de Rodrigues ao Brasil, Maurício disse que seu cliente não praticou nenhum dos crimes que lhe foram imputados e nenhum golpe ou fraude envolvendo transações internacionais com criptomoedas.

Obsessão com “O Lobo de Wall Street”

No golpe havia uma obsessão dos acusados com o filme O Lobo de Wall Street, que tem como personagem principal Leonardo DiCaprio interpretando o famoso trader americano Jordan Belfort.

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Segundo relatos de pessoas que participaram do esquema, os empregados assistiam logo de cara um vídeo de treinamento baseado no longa metragem.

Além disso, tinham que ir de traje social completo todos os dias e eram incentivados a beber no expediente de final de semana, com o objetivo de ficarem mais desinibidos na articulação do golpe pelo telefone, como acontece no filme.

Na vida real, Jordan Belfort foi preso por fraude e manipulação do mercado, em 1999, por conta das suas atividades. Depois da experiência com o mercado de ações, passou a dar palestras motivacionais, inclusive no Brasil. Sobre o Bitcoin, por um tempo ele foi contra mas acabou mudando de opinião.