Stablecoins: o que são, e quais as principais criptomoedas estáveis do mercado?

Para o autor, criptomoedas com preço estável e flexível possibilitam que um público mais abrangente tenha acesso à tecnologia, incluindo meios de pagamento digitais
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(Foto: Shutterstock)

Entre a miríade de produtos e opções de investimentos ligados ao mercado cripto uma categoria em destaque é a das stablecoins. Essas moedas digitais estão listadas na maioria das corretoras, mas não funcionam exatamente como as criptomoedas.

O nome “stablecoin” significa “moeda estável” em inglês, o que sucinta bem a principal característica desse tipo de token. Um dos maiores empecilhos associados às criptomoedas é a alta volatilidade das cotações diante das moedas fiduciárias nacionais. As stablecoins foram criadas a fim de contornar esse problema, unindo a utilidade das moedas digitais à vantagem de terem o preço estável e previsível, servindo como um meio de pagamento mais confiável para operações financeiras de rotina. Isso possibilita que um público mais abrangente tenha acesso a tecnologias incluindo meios de pagamento digitais (DeFi).

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A flutuação relativamente baixa no preço das stablecoins é possível graças a uma simples solução: elas são lastreadas por ativos que existem no mundo real. Há vários tipos de stablecoins, atreladas a ativos como dólar, euro, ouro, petróleo, etc.

Confira, a seguir, uma lista com as mais relevantes no mundo e suas principais características e valores de mercado.

USDT

USDT é a sigla para a principal stablecoin do mundo: o Tether, atrelado ao dólar americano. A grande maioria das stablecoins no topo do ranking de capitalização de mercado têm lastro no dólar americano, mas o Tether foi uma das primeiras a serem criadas, surgindo em 2014. Com US$ 81 bilhões em capitalização de mercado e cotação presente de R$4,76 (1 dólar), mais de 94% de todo o volume de stablecoins negociado no mundo ocorre através do Tether.

Essa moeda digital funciona como um dólar descentralizado, podendo ser facilmente convertida para Bitcoin, Ether e outras criptos. Recentemente, porém, esse ativo está sendo alvo de disputas judiciais nos EUA, investigações e polêmicas. Circulam rumores de que as reservas do Tether não seriam de 1:1, mas de no máximo 80/90 centavos de dólar por USDT, o que vem abalando a confiabilidade dos investidores nesse ativo.

USDC

O USDC, ou USD Coin, foi lançado em 2018 pelas empresas Circle e Coinbase. É uma moeda digital lastreada no dólar americano na razão 1:1, ocupando a segunda colocação no ranking de capitalização de mercado, com quase US$ 52 bilhões. Ela possui um sistema de emissão similar ao USDT, que permite a geração ilimitada de unidades de USDC, contanto que haja um depósito paralelo em dólares americanos pelo usuário. Em contrapartida, a retirada de fundos do contrato inteligente acarreta a queima dos USDC correspondentes.

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O USDC é um token ERC-20. Estar no ecossistema Ethereum confere a ele as vantagens de ser mais versátil e rápido. Vale lembrar, também, que é uma stablecoin centralizada, ou seja, regulada por uma empresa, o que pode ser uma desvantagem para alguns usuários.

BUSD

A terceira stablecoin com maior capitalização de mercado é o BUSD, ou Binance USD, com US$ 17,5 bilhões. Ela foi criada pela empresa Paxos e pela corretora de criptomoedas Binance, e também tem lastro 1:1 no dólar americano.

Essa criptomoeda ERC-20 foi lançada em 2019. Seu uso é possível dentro e fora do ecossistema Binance Smart Chain, tratando-se de uma das poucas stablecoins que seguem os padrões de regulamentação NYDFS e que possuem auditorias mensais.

UST

O UST, ou TerraUSD, está em quarto lugar no ranking de capitalização de mercado, com US$ 16 bilhões, e também possui lastro 1:1 no dólar americano. Trata-se de uma stablecoin descentralizada, a primeira desse tipo a compor esta lista. Ela foi lançada em 2020 como resultado de uma colaboração entre Terra e Bittrex Global.

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O UST tem um diferencial em relação às outras stablecoins: a estabilidade é garantida integralmente por meio de algoritmos associados à criptomoeda LUNA, não havendo necessidade de depósitos fiduciários em USD.

Dai

O Dai está atrelado ao dólar americano. É a quinta maior stablecoin em capitalização de mercado, com US$ 9 bilhões. De forma similar ao UST, utiliza algoritmos com engenharia financeira mais moderna, e não necessita de lastro em depósitos fiduciários para se manter no valor de 1 dólar.

Essa moeda está no ecossistema Ethereum e é descentralizada, sendo mantida pelo MakerDAO. Esse DAO utiliza uma token de governança, o MKR, para regulamentar temas e votações de mudanças no protocolo. Esse é considerado o primeiro caso de um sistema DeFi a ter recebido alcance e adoção pública significativos.

USDP

O USDP é a stablecoin da Paxos, atrelada ao dólar americano. Era originalmente denominado PAX: a mudança de ticker ocorreu em agosto de 2021.

A Paxos vem focando bastante em contrastar sua imagem perante o USDT e o USDC. Ela fez publicações recentes contestando relatórios de reservas dessas duas stablecoins, chamando-as de “não-regulamentadas”.

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E-RMB

O e-RMB, ou Yuan eletrônico, é a moeda digital governamental da China, uma CBDC. Esse tipo de stablecoin centralizada é regulada pelo governo da China e tem lastro no Yuan. As expectativas com a criação dessa moeda são internas e externas: o impulsionamento das transações financeiras digitais dentro do país e da internacionalização do Yuan no mercado mundial de commodities.

Essa stablecoin tem passado por sucessivas fases de teste desde 2019, a mais recente tendo ocorrido durante as olimpíadas de inverno de 2022, em Beijing.

BRZ

O BRZ é a maior moeda digital pareada ao real, consolidando-se internacionalmente com a compra do Crypto BRL (CBRL) no final de 2021. Possui capitalização de mercado de quase R$ 1 bilhão. Essa moeda é emitida pela empresa Transfero.

Cerca de 90% dos detentores de BRZ são brasileiros, que o usam como uma forma mais barata de acesso aos mercados cripto internacionais.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. Atua como Business Development Manager Brasil na Kucoin.