Representação do real tokenizado é segura e viável, diz executivo em evento do Bacen

Executivo do MB ressalta que piloto comandado pela empresa no LIFT Challenge mostra as possibilidades de descentralização no Real Digital
Números e letrs douradas sob um placa formam símolo do Real brasileiro

Shutterstock

O grande desafio para o setor de Web3 no Brasil não é tecnológico, mas sim entender como os papéis desempenhados no sistema centralizado atual serão redistribuídos em uma realidade descentralizada. 

O prognóstico foi feito por Fúlvio Xavier, diretor de Projetos Especiais do MB (Mercado Bitcoin), durante o LIFT Day 2023, evento organizado pelo Banco Central nesta terça-feira (25).

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O executivo deu detalhes de como foi o projeto feito no LIFT Challenge do Real Digital — competição de desenvolvimento de conceitos do BC — em consórcio com CPQD, Cheesecake Labs, Clear Safer e Stellar. 

Neste trabalho, o consórcio fez em ambiente simulado uma pessoa vender um precatório tokenizado usando criptomoedas diretamente para um comprador. No caso, foi o MBRL, uma stablecoin do Real que o executivo prevê que no futuro vire real tokenizado, que será um token com lastro no Real Digital.

“Como  trabalhamos com rede pública, nosso maior desafio foi entender como sair desse modelo murado [referindo-se à rede do Real Digital, que será permissionada pelo Banco Central] para um modelo mais selvagem, que tem várias redes, vários protocolos. E mantendo privacidade, segurança e entendendo também como isso pode impactar o usuário final e toda a cadeia”, disse. 

Xavier afirma que a realização do projeto comprovou a tese do MB e seus parceiros: “É possível, seguro e viável a compra de ativos tokenizados em redes públicas usando uma representação do real tokenizado”. 

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Além disso, o especialista em Web3 ressaltou que “é possível criar esses caminhos para usos de redes públicas usando todos os instrumentos que vão ser construídos com o Real Digital”.

Mix ideal do Real Digital

Segundo o executivo, um passo importante do projeto foi a parte de criar uma identidade digital que tivesse as certificações necessárias para que a pessoa pudesse usar o sistema de compra de ativos tokenizados respeitando as regras contra a lavagem de dinheiro de KYC (“Know Your Customer”, conheça seu cliente, na expressão traduzida para o português). 

“Uma credencial digital poderá ser criada em uma instituição que a gente já confia, como um banco por exemplo. E aí, isso poderá ser utilizado em outros ambientes sem precisar fazer um novo processo. Isso irá facilitar muito o onboarding”, disse. 

O processo de criar uma identidade digital que preserve grandes níveis de privacidade e, ao mesmo tempo, permite que as partes envolvidas respeitem as regras de KYC é um importante passo na visão de Xavier.

“Faço um mix: cumpro a legislação, mas dou um pouco mais de poder ao usuário”, apontou.