R$ 400 milhões apreendidos da GAS Consultoria podem ir para a União e não para os credores, diz juíza

Destino do valor bloqueado em criptomoedas, imóveis, carros e joias também divide o Ministério Público
Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó do Bitcoin"

(Foto: Reprodução)

A juíza Rosália Moneiro Figueira, titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, considera que os bens apreendidos de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”, na Operação Kriptos, podem ser transferidos para a União ao invés de serem usados para pagar os credores da GAS Consultoria, a empresa fundada por Glaidson. As informações são do jornal O Globo, em reportagem publicada nesta quarta-feira (14).

No momento, encontram-se bloqueados pela pela 3ª Vara cerca de R$ 400 milhões em criptomoedas e bens confiscados de Glaidson e sócios. Segundo o jornal, o que leva a magistrada a considerar a possibilidade da Justiça enviar os bens aos cofres do Governo é a não comprovação da origem dos ativos, pois, segundo investigadores federais, os bens podem pertencer a criminosos.

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Outro ponto, argumentou a juíza, é que as investigações sobre o crime de pirâmide financeira ainda não foram finalizadas. Fora isso, Mirelis Zerpa, esposa de Glaidson e provável peça-chave do caso, se encontra foragida. Mirelis sumiu antes mesmo da operação da PF e fez saques milionários em bitcoin supostamente no exterior.

Para o advogado e administrador da recuperação judicial da GAS Consultoria, Sergio Zveiter, designado pela 5ª Vara Empresarial da capital de São Paulo, é desaconselhável a transferência dos bens antes de serem dirimidas as dúvidas sobre suas origens, diz O Globo.

Zveiter, conclui a reportagem, “espera que os advogados de Glaidson apresentem outros recursos, ainda desconhecidos pelas autoridades, para o ressarcimento dos 67 mil clientes da GAS — este contingente, segundo a investigação, pode chegar a 200 mil credores”.

Prazo final para GAS Consultoria informar lista de credores se aproxima

No início do mês, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que a GAS Consultoria tem até o dia 30 de junho para informar sua lista de clientes, o valor devido e os recursos disponíveis para ressarcimento dos credores.

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Na ocasião, o destino dos bens de Glaidson e sócios já dividia a equipe do Ministério Público Federal no Rio, responsável pela investigação da GAS. Enquanto um grupo entende que a juíza Figueira deve dar perdimento nos valores, transferindo-os para a União, outro grupo defende que devem ser repassados para a Justiça Estadual e entregues aos investidores lesados.

No final de maio, o Escritório de Advocacia Zveiter começou a cadastrar em seu site os credores da GAS Consultoria. Na ocasião, pelo menos 10 mil credores já constavam na lista.

Glaidson está preso há oito meses no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, sob várias acusações, como crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e tentativa de homicídio.

Operação Kriptos

Em agosto de 2021, a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos, para investigar a fraude milionária aplicada por Glaidson Acácio dos Santos através da GAS Consultoria. A empresa de investimentos prometia rendimentos que supostamente viriam de trading com criptomoedas.

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Na ocasião da prisão de Glaidson, outros suspeitos foram detidos ou conseguiram fugir a tempo, como a esposa do ex-garçom, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.

A defesa de Glaidson já teve vários pedidos de habeas corpus negado pela Justiça por conta do potencial risco de fuga que, segundo magistrados, pode culminar em lesão irreversível aos investidores.

Durante a operação, as autoridades apreenderam 591 bitcoins que estavam em posse de Glaidson, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.

Desde que foi Glaidson preso, sua defesa já enviou diversos pedidos de Habeas Corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Todas as decisões, até o momento, negaram as solicitações, argumentando não haver ilegalidade na sua prisão preventiva da Glaidson.

As investigações comprovaram que ele planejava fugir do Brasil antes da prisão e que, mesmo após estar preso, continuou operando o sistema criminoso.

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