Queda nos preços das criptomoedas promoveu revolução no negócio de mineração de Bitcoin

O chamado inverno cripto encerrou a era em que os mineradores “hodlers” guardavam pelo maior tempo possível as criptomoedas que criavam
moeda de bitcoin no centro de um cooler de minerador

Foto: Shutterstock

O chamado inverno cripto de 2022 — marcado pela queda nos preços das criptoativos — pôs um fim à era dos grandes mineradores “hodlers” de Bitcoin que tinham como estratégia segurar a maior criptomoeda do mundo pelo maior tempo possível.

Desde o ano passado, grandes mineradores que seguiam essa tática acabaram tendo que mudar o modelo de negócios e optaram por vender as moedas, principalmente para pagar suas despesas operacionais diárias, segundo reportagem do portal CoinDesk.

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Manter Bitcoin em hodle é algo que depende muito de caixa, formada a partir de investimentos de um lado e despesas – como eletricidade, manutenção e folha de pagamento – de outros, um arranjo que começou a dar dor de cabeça para a maioria das empresas de mineração com o Bitcoin em baixa desde o colapso do projeto Terra, em maio de 2022.

Vendas de Bitcoin no inverno cripto

Empresas do setor cripto começaram a se desfazer suas reservas de bitcoin ainda no meio do ano passado: A Core Scientific vendeu no início de julho 7.202 BTCs, a um preço médio de US$ 23 mil. Com as vendas, suas reservas baixaram para 1.959 BTCs.

Na época, dados da Arcane Research revelaram que meses antes a Marathon Digital e a Riot Blockchain, por exemplo, vendiam mais que mineravam para poderem se manter no inverno cripto.

Mais recentemente, a Marathon Digital (NASDAQ:MARA), que é uma das maiores do setor, vendeu 1.500 BTCs. A companhia ainda mantinha 11.392 bitcoins em reserva no final de fevereiro. Na ocasião, a empresa não descartou novas vendas no futuro.

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Vale lembrar que sua receita do quarto trimestre de 2022 caiu 58% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme relatório publicado na quinta-feira (16).

A Hut 8 Mining Corp (NASDAQ: HUT), por exemplo, que não vendia nenhum bitcoin desde janeiro de 2021, precisou se desfazer recentemente de 188 BTCs para manter suas operações. Após a venda, a companhia, que não vendia nenhum bitcoin desde janeiro de 2021, ficou com um saldo de 9.242 BTC no final de fevereiro.

Conforme comentários do diretor financeiro da mineradora de bitcoin Greenidge Generation, Tim Rainey, “essa tendência de venda provavelmente foi iniciada pela queda do hash combinada com a necessidade de liquidez durante o mercado em baixa para financiar operações e outras obrigações”, disse ele ao CoinDesk.

O mercado de baixa prolongado resultou também na falência de algumas mineradoras, como a Core Scientific, que também foi afetada pela falência da Celsius. Em janeiro deste ano, a Core teve que agir para desligar 37 mil máquinas de mineração.

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Em setembro do ano passado, a Compute North, uma das maiores fornecedoras de data centers de mineração dos EUA, não resistiu ao inverno cripto e teve que entrar com pedido de recuperação judicial.

Outros hodlers de Bitcoin também capitulam

Mas não são apenas as mineradoras que foram afetadas: empresas de outros segmentos, que tradicionalmente mantinahm a criptomoeda em reserva, se desfizeram de parte de seus estoques.

Em dezembro do ano passado, a Microstrategy vendeu 704 BTCs, ao preço total de US$ 11,8 milhões. O movimento foi inédito, pois foi a primeira vez que a empresa vendeu Bitcoin desde que começou a estratégia de acumular a criptomoeda, em 2020, ainda sob a liderança de seu criador, o evangelista do Bitcoin Michael Saylor.

Aliás, até mesmo o governo dos EUA, o maior holder de Bitcoin, pode estar ensaiando uma venda em massa. No início deste mês, cerca de 49 mil BTCs foram movimentados entre carteiras internas. Conforme notícias recentes, pelo menos 9.825 BTCs foram movimentados para a Coinbase, o que pode ser um sinal de venda.

Esses bitcoins são parte do montante apreendido no caso Silk Road, um esquema de marketplace ilegal pela deep web que culminou na prisão perpétua do seu criador, Ross Ulbricht.

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Preço do Bitcoin

Há cerca de um ano, o bitcoin era negociado acima dos US$ 41 mil, quando começaram os indícios do inverno cripto. Cerca de três meses antes, em meados de novembro de 2021, o bitcoin havia chegado ao seu preço recorde de mais de US$ 64 mil.

No ano passado, o ativo chegou a ficar até nove semanas ininterruptas sofrendo perdas. Aliás, o BTC e várias criptos seguem com grandes perdas em relação às máximas registradas em 2021, mesmo com a alta desta semana.

Enquanto isso, a Block, empresa de pagamentos digitais criada por Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter, acredita que desenvolvedores podem construir plataformas melhores para mineração de Bitcoin e por isso planeja lançar um “kit de desenvolvimento de mineração“, ou MDK na sigla em inglês.

A empresa espera que o kit “faça você mesmo” estimule a inovação nos hardwares de mineração de Bitcoin. A ideia é a construção de um sistema de mineração de Bitcoin personalizado e de código aberto.