A onda de otimismo com a aprovação dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos parece ter chegado ao Brasil também, com os fundos com exposição a criptomoedas registrando uma entrada de US$ 6,8 milhões (cerca de R$ 33,4 milhões) entre os dias 15 e 19 de janeiro, segundo dados da Coinshares.
O desempenho só fica atrás dos EUA, que com a estreia dos fundos negociados em bolsa (ETFs) teve um fluxo positivo de US$ 263,2 milhões. Apesar da queda do Bitcoin desde o lançamento dos ETFs em 11 de janeiro, os produtos têm sido um sucesso, com dois deles já superando a marca de US$ 1 bilhão sob gestão, da BlackRock e da Fidelity.
E o Brasil tem se aproveitado bastante desse movimento. Segundo João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex, no dia do lançamento dos ETFs de Bitcoin nos EUA, o BITH11 (ETF de Bitcoin da gestora negociado na bolsa brasileira) registrou o maior volume negociado desde julho de 2022, com mais de R$ 16 milhões, ou oito vezes o volume médio negociado diariamente desde o lançamento do fundo.
E não foi apenas nesse dia que o mercado mostrou um bom resultado. Cunha aponta que em janeiro, até o dia 18, já foram negociados R$ 67 milhões, o que supera qualquer mês do ETF da gestora desde março de 2022. Enquanto isso, o fundo Hashdex Bitcoin FIC já recebeu aportes de R$ 23 milhões, o que equivale a 30% do valor aportado no ano passado inteiro.
“Definitivamente, a aprovação do ETF nos EUA despertou o interesse dos investidores por aqui”, afirma o diretor da Hashdex.
O impacto também foi visto na QR Asset, que no dia do lançamento dos fundos nos EUA viu seu ETF de Bitcoin QBTC11 registrar um volume 582% acima da média dos dez primeiros dias de janeiro – sendo o 4º maior volume da história da gestora -, enquanto o ETF de Ethereum (QETH11) ficou 279% acima da média do mesmo período.
A gestora diz ainda que o dia 11 foi o pregão com segundo maior número de negócios na história da QR em volume orgânico, sem entrada ou saída de grandes investidores. Além disso, seguindo a onda de maior interesse, o QBTC11 atingiu sua máxima histórica em quantidade de bitcoins em carteira.
Segundo Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, foi verificado um aumento significativo de volume logo após a aprovação dos ETFs nos EUA. “Este fenômeno responde de maneira efetiva às preocupações sobre uma possível concorrência dos ETFs spot americanos com os brasileiros”, avalia ele. “O movimento observado indica que a notícia da aprovação pela SEC renovou o interesse do investidor brasileiro nos produtos disponíveis na B3”.
O gestor destaca ainda que na semana seguinte a aprovação dos ETFs o aumento de volume negociado nos seus fundos se manteve, o que, segundo ele, reforça “a tese de que o Brasil tem apetite para este tipo de investimento, não à toa que foi o segundo país do mundo a implementar um ETF de Bitcoin à vista em seu mercado”.
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Dados globais
Mesmo com o bom desempenho de EUA e Brasil, ainda assim, a semana registrou um fluxo negativo total de US$ 21 milhões nos fundos cripto, número puxado pelo Canadá e Europa, que juntos tiveram a saída de US$ 297 milhões.
O dado, segundo a Coinshares, sugere que houve uma migração de ativos para os EUA, onde atualmente as taxas dos fundos são mais competitivas. Mesmo nesse cenário, o volume de negociação chegou a US$ 11,8 bilhões em Bitcoin na semana passada, sete vezes acima do volume negociado semanalmente em 2023.
No ano, os EUA lideram o fluxo de entrada global, com US$ 1,6 bilhão, seguidos por Suíça (US$ 30 milhões) e Brasil (US$ 17 milhões), o que sustenta uma entrada líquida de US$ 1,4 bilhão no mundo.
Bitcoin lidera retiradas
O Bitcoin foi o ativo que liderou as saídas de fundos, com US$ 25 milhões, e um volume de negócios de US$ 11,8 bilhões, que representa 63% de todo volume de Bitcoin negociado em exchanges reguladas, segundo a Coinshares, que destaca ainda que a atividade de ETPs (Produtos Negociados em Bolsa, como ETFs) está atualmente dominando a atividade comercial geral.
A empresa aponta ainda que os recentes ETFs de Bitcoin à vista aprovados nos EUA registaram até dia 19 um total de entradas de US$ 4,13 bilhões.
Enquanto isso, diante da queda do Bitcoin nas últimas semanas, alguns investidores enxergaram oportunidades de ganhos apostando na perda de valor da criptomoeda, o que levou os fundos que apostam na queda (short) a terem uma entrada de US$ 13 milhões.
As altcoins também sofreram na semana, com Ethereum e Solana vendo saídas de US$ 14 milhões e US$ 8,5 milhões, respectivamente.
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