Imagem da matéria: Propina paga a Eduardo Requião foi usada para investir na pirâmide financeira do "Rei do Bitcoin"
Cláudio Oliveira (esquerda) e Eduardo Requião (direita) (Fotos: Reprodução)

Uma nova operação deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira (9) revelou que Eduardo Requião, irmão do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, recebeu R$ 3 milhões em propina quando era ex-superintendente do Porto de Paranaguá. Mais curioso ainda é que parte desse valor foi parar no bolso de Cláudio Oliveira, dono da pirâmide financeira Bitcoin Banco apelidado de “Rei do Bitcoin”.

Segundo a PF, o pagamento da suposta propina teria sido feito por uma companhia holandesa que celebrou um contrato de R$ 30 milhões com o porto na época em que Eduardo era o diretor. A propina foi paga em três depósitos em uma conta no exterior, que chegou a receber R$ 5 milhões até 2017.

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Apesar da polícia não confirmar os nomes dos investigados na operação dessa semana, uma informação é certa: Eduardo Requião foi superintendente do Porto de Paranaguá entre 2003 e 2008, os anos em que a PF diz que o alvo da operação envolvido no esquema atuou neste cargo.

Jornais como G1, Terra e Bem Paraná confirmaram que o tal empresário é mesmo Eduardo Requião.

Como a propina do Requião foi parar no Bitcoin Banco?

A operação deflagrada nessa semana, batizada de Serendipitia, partiu de um desdobramento da operação Daemon de 2021, que derrubou a pirâmide financeira Bitcoin Banco, acusada de fraudar milhares de investidores em 2019 após travar os saques e nunca mais devolver o dinheiro. O criador da empresa, Claudio Oliveira, foi preso na operaçãosolto em janeiro de 2023.

Um empresário de Curitiba chamado Valmor Felipetto também foi um dos alvos da operação de três anos atrás. Entre os crimes apurados na época estavam fraudes no processo de recuperação judicial das empresas do grupo Bitcoin Banco. A investigação da PF descobriu que Felipetto auxiliava na manutenção de uma contabilidade paralela do grupo.

A questão é Felipetto também era dono da Harbor Operadora Portuária Ltda, empresa que atuava no Porto de Paranaguá quando Eduardo Requião era responsável pelo terminal entre 2003 e 2008, época em que seu irmão, Roberto Requião, era governador do Paraná.

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De acordo com o G1, Felipetto revelou no seu depoimento de 2021 que, a pedido de Eduardo Requião, aceitou receber dois depósitos de pelo menos duas empresas. Esses fundos representavam as supostas propinas direcionadas a Requião.

Valmor Felipetto em depoimento (Foto: Reprodução/RPC)

“Eu recebi numa conta no exterior [na Áustria] e essa conta foi encerrada. Quem mandou creditar foi o doutor Eduardo (Requião), eu não…uma empresa eu me lembro o nome, mas outras empresas eu não me lembro. Foram duas empresas que depositaram”, afirmou Felipetto à PF, segundo o G1.

Felipetto teria recebido e mantido oculto, de 2009 a 2017, junto à instituição financeira da Áustria, valores que ultrapassavam R$ 5 milhões e que pertenciam, de fato, a Eduardo Requião.

O empresário então confessou ter usado parte desse dinheiro para entrar no negócio de criptomoedas através do Bitcoin Banco, que mais tarde se revelou não passar de uma pirâmide financeira.

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A PF identificou, na época, repasses que totalizaram pouco mais de R$ 530 mil de Felipetto para o “Rei do Bitcoin”. Requião tinha conhecimento que o dinheiro estava sendo enviado para Cláudio Oliveira.

Eduardo Requião, no entanto, cobrou de volta o dinheiro da suposta propina que havia recebido por intermédio de Felipetto.

A PF conta que após sofrer “cobranças e ameaças” de Requião, Felipetto, no período de 2018 a 2021, realizou diversas operações financeiras de lavagem de capitais para restituir os valores ao ex-superintendente.

Segundo o G1, essas diversas operações de lavagem de dinheiro contaram com a participação de Eduardo, da esposa dele e dos filhos, que também são investigados, conforme a polícia.

Procuradas pelo Portal do Bitcoin, as defesas de Claudio Oliveira e de Eduardo Requião não responderam até a publicação da matéria. O espaço continua aberto caso queiram se pronunciar.

Operação Serendipitia

A Operação Serendipitia mobilizou cerca de 30 policiais federais, que cumpriam 10 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de sequestro de bens em Curitiba e Rio de Janeiro.

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A Justiça também determinou o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados. Na casa de Eduardo Requião, os agentes encontraram US$ 50 mil e R$ 30 mil em dinheiro vivo, segundo o G1.

Considerando as duas operações, de 2021 e a nova, foram identificadas movimentações ilegais de câmbio e de valores em espécie, além de depósitos e transferências bancárias feitas com justificativas falsas às autoridades monetárias.

De acordo com a Polícia Federal, diretores das empresas que pagaram a propina, doleiros e intermediários também estão entre os investigados.

Calote no Porto de Paranaguá

Vale destacar que Eduardo Requião já possui um outro processo envolvendo sua atuação no Porto de Paranaguá. Em 2022, a revista Veja mostrou que a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) estavam há pelo menos quatro anos tentando receber o pagamento de uma dívida de US$ 26 milhões de Eduardo.

Em 2018, a Justiça do Paraná havia determinado que Eduardo Requião devolvesse a quantia milionária à administração portuária por irregularidades em contratos firmados durante sua gestão à frente da APPA.

Segundo a matéria da Veja, o juiz Rafael Kramer Braga, da Vara da Fazenda Pública de Paranaguá, acatou uma ação movida pela então administração do porto, que, por sua vez, seguiu determinação do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR). No acórdão, o tribunal considerou irregular a prestação de contas relativa ao exercício de 2004, quando Eduardo era o superintendente, indicado pelo irmão Roberto Requião.

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Para o TCE, houve irregularidade em contratos com duas empresas, uma de guindastes e outra de dragagem. Ambas teriam recebido valores incompatíveis com o serviço prestado, que foi considerado insuficiente ou incompleto pelo tribunal. O órgão também encontrou divergência entre o saldo do extrato bancário da APPA em 31 de dezembro de 2004 e o apresentado no balancete da Autoridade Portuária.

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