Dias após o governo dos EUA anunciar acusações criminais e civis sem precedentes contra quatro empresas de criptomoedas por suposta manipulação de mercado e “wash trading”, vários projetos de memecoins dependentes dessas empresas começaram a tentar se distanciar das consequências.
Em particular, equipes de tokens que fizeram parceria com uma das empresas envolvidas, a formadora de mercado (market maker) Gotbit, começaram a emitir declarações repudiando vigorosamente a empresa da qual dependiam para liquidez.
“Nós interrompemos nosso relacionamento com a Gotbit, que era nossa parceira formadora de mercado”, disse a equipe da memecoin Neiro em um post no X na sexta-feira (11). “Nenhuma das questões envolvendo a Gotbit ou seus funcionários envolve ou é relevante para a Neiro em qualquer sentido”.
Os membros da comunidade cripto não foram tão rápidos em aceitar as garantias de Neiro. O detetive on-chain ZachXBT, por exemplo, logo depois criticou Neiro por fazer parceria com a Gotbit antes das acusações desta semana, apesar do fato de que as preocupações sobre a formadora de mercado são de conhecimento público há mais de um ano.
Gotbit possui fundos memecoins
Outros projetos de memecoins também fizeram suas declarações na sexta-feira para deixar claro que não queriam mais se associar à Gotbit, apesar do fato de que o autodenominado fundo de hedge e criador de mercado de memecoins ainda exercesse controle substancial sobre seus tokens.
“Infelizmente, a Gotbit ainda detém uma grande parte do nosso suprimento, incluindo marketing, tesouraria e tokens de equipe, e atualmente eles não estão dispostos a devolvê-los”, admitiu a equipe por trás da memecoin BMS, em uma publicação destinada a anunciar o rompimento de laços com a empresa.
Até mesmo memecoins que afirmam ter parado de funcionar com a Gotbit antes desta semana fizeram questão de enfatizar sua condenação à suposta conduta da empresa.
O Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) acusou a Gotbit de fazer wash trades ilegais com tokens digitais para inflar artificialmente os preços, antes de vender os tokens em supostos esquemas de “pump and dump”.
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou ainda a Gotbit de fornecer “manipulação de mercado sob demanda” ao “gerar volume de negociação diário falso, geralmente na casa dos milhões de dólares, essencialmente negociando criptoativos consigo mesma”.
Essas alegações provavelmente surpreenderam muito poucos. Em 2019, o cofundador da Gotbit, Alexey Andryunin, contou abertamente ao CoinDesk em detalhes sobre o modelo de negócios de sua empresa: manipular mercados de criptomoedas por uma taxa, para aumentar a legitimidade percebida de tokens obscuros.
“O negócio não é totalmente ético”, disse Andryunin na época.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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