Após a repressão da China, grande parte da mineração de Bitcoin se mudou para o Cazaquistão.
Os números impressionam: o país passou a ser o segundo no mundo em produção da criptomoeda (atrás dos Estados Unidos), é responsável por 18,1% do hashrate global e vai ter um aumento de consumo de energia de 8% neste ano (o normal é um crescimento de 1% a 2% no ano).
Diante desse cenário, a produção e consumo de energia se tornaram um fator crucial. Na última sexta-feira (19), o presidente do país, Kassym-Jomart Tokayev, disse que a nação precisa a começar a considerar a alternativa da energia nuclear.
“Olhando para o futuro, temos que que fazer uma decisão impopular sobre construir uma usina nuclear”, disse Tokayev, conforme mostra reportagem do jornal japonês Nikkei.
A indústria de criptomoedas local prevê que irá gerar US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos e o Estado irá receber US$ 300 milhões em impostos.
Grande produtor de urânio
Dados da Associação Nuclear Mundial mostram que o Cazaquistão produziu 41% do urânio do mundo em 2020.
A última usina nuclear do Cazaquistão fechou em 1999 e o assunto é delicado devido ao fato de a União Soviética ter utilizado o país como cobaia para testes atômicos.
Segundo a revista Nature, os soviéticos fizeram 110 testes de explosões acima da terra entre 1949 e 1963 e autoridades de saúde locais afirmam que isso expôs 1,5 milhões de pessoas.
Paraíso da mineração
A ex-república soviética possui alguns dos preços mais baixos do mundo (cerca de metade das taxas cobradas nos EUA) pelo consumo de energia elétrica para casas ou empresas – ideais para a mineração de bitcoin que consome muita energia.
Além disso, a mineração cripto continua sendo uma tarefa barata no Cazaquistão, mas não por ser um mercado puramente livre, e sim, de forma irônica, por ser regulamentada e depender de carvão para impulsionar uma economia de ótimo desempenho.
O governo estima que a mineração cripto compõe até 8% da capacidade de eletricidade do país, conforme 2/3 são consumidos por mineradores não regulados.
No começo desse mês, Magzum Mirzagaliyev, ministro de Energia no Cazaquistão, garantiu que mineradores cripto não seriam removidos da rede nacional.
No entanto, os chamados mineradores sombrios (que não estão registrados no governo) podem ter de decidir se registrarem ou sair do país.
Taxa extra
Em julho deste ano, foi anunciado que as empresas de mineração de bitcoin do Cazaquistão terão que pagar uma taxa extra de eletricidade a partir do ano que vem, quando entrarão em vigor novas leis sobre impostos federais aprovadas por parlamentares no início deste mês.
O decreto com as emendas ao Código Tributário do Cazaquistão foi assinado na semana passada pelo presidente Kassym-Jomart Tokayev, segundo informações no site do governo.
A taxa adicional de eletricidade será de aproximadamente US$ 0,0023 (1 ₸; ‘tenge’, a moeda oficial do Cazaquistão) por quilowatt-hora (kWh) usado pelos mineradores de bitcoin e outras criptomoedas, disse Bitcoin.com citando o Forklog, site especializado em notícias do mercado cripto e que obteve acesso à informação impressa do jornal oficial do governo.