Uma informação curiosa estava presente na agenda do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na última sexta-feira (29). Nela, no final da tarde, constava uma reunião por videoconferência entre o executivo e diretores da Ripple, empresa de blockchain que também é responsável pela criptomoeda XRP.
O encontro, que ocorreu entre 18h e 19h, foi fechado à imprensa e, segundo a agenda, tratou de assuntos institucionais. Dela participaram os seguintes representantes da Ripple: o Diretor-Executivo e membro da Diretoria Colegiada, Brad Garlinghouse; Ben Lawsky, membro do Conselho de Administração; Eric van Miltemburg, Vice-Presidente Sênior de Operações Globais; e Luiz Antonio Sacco, Vice-Presidente de Operações Globais e Diretor-Geral para América Latina.
Além de Campos Neto, estavam presentes outros membros da diretoria do BC. Entre eles João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução; e Otavio Ribeiro Damaso, diretor de Regulação
Procurados pela reportagem, a Ripple e o Banco Central não se manifestaram sobre a reunião até a publicação desta reportagem. No entanto, movimentos recentes das duas partes apontam para possíveis sinergias.
BC de olho em inovação e blockchain
O Banco Central vem investindo em inovação e na modernização do sistema financeiro nacional e ferramentas da blockchain da Ripple são focadas em transações bancárias.
O próprio Campos Neto é um entusiasta confesso da blockchain e das possibilidades que essa tecnologia permite em diferentes áreas — no caso, suas aplicações para o ambiente financeiro.
“Acredito que duas tecnologias, principalmente, vão inovar no mundo financeiro. O blockchain, na parte de rede e de registro, e o uso da nuvem, para armazenar informações dos usuários. Os bancos estão virando empresas de informação”, disse o presidente do BC durante evento em março de 2019, poucas semanas após assumir o cargo.
Projetos que adotam blockchain estão entre as iniciativas aprovadas para a edição deste ano do Lift, o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas do Banco Central.
O interesse do BC também pode ser medido pela participação de técnicos da instituição em eventos diversos no exterior que abordam blockchain.
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Ripple de olho no Brasil
O Brasil já é responsável por nada menos que 30% das operações de transferência de valores da Ripple. A empresa está de olho nas remessas internacionais de recursos entre pessoas físicas.
O número é tão significativo que motivou a abertura de um escritório em São Paulo. Além do país, apenas Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Singapura e Índia contam com representações da empresa.
E a empresa deseja ampliar essa presença, bem como o leque de parcerias com bancos no país em 2020. De acordo com a agência Reuters, já no fim de 2019 a companhia trabalhava para anunciar nos próximos meses parcerias com diversas instituições financeiras, incluindo bancos digitais.
A Ripple já possui acordos firmados no Brasil com Santander, Bradesco, Rendimento e outros, para envio de dinheiro para o exterior.
Com sua criptomoeda própria, a Ripple ocupa o terceiro lugar entre as moedas digitais com maior valor de mercado, valendo US$ 9,01 bilhões segundo o Coinmarketcap. Perde apenas para o Ethereum (US$ 26,3 bilhões) e o Bitcoin (US$ 176,2 bilhões).
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