Imagem da matéria: Por que o preço do Bitcoin e das criptomoedas está derretendo
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O preço do Bitcoin (BTC) caiu abaixo da simbólica marca de US$ 20 mil nesta sexta-feira (10), registrando uma desvalorização que já chega a 15% nos últimos sete dias, após um começo de ano histórico de forte recuperação. Por volta das 11h30, o BTC é cotado a US$ 19.861 segundo o indexador de preços CoinGecko, com queda de 8%. Em reais, a criptomoeda vale R$ 102.661, de acordo com o Índice de Preço do Bitcoin (IPB). O Ethereum (ETH) também cai mais de 9%.

Segundo analistas consultados pelo Portal do Bitcoin, os motivos para a queda nos preços são diversos. O pano de fundo é o cenário macroeconômico, com os Estados Unidos lutando contra a inflação, o que gera a possibilidade de que as taxas de juros dos país possam voltar a subir – tornando menos atraentes investimentos mais arriscados, como criptomoedas e ações.

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O grande nome que surge como vilão especificamente nesta sexta-feira, no entanto, é o do Silicon Valley Bank (SVB), considerado o banco que mais financia startups – inclusive no setor cripto. 

Na quinta-feira (9), conforme aponta o portal Bloomberg Línea, o banco em crise precisou vender US$ 2,25 bilhões em ações de um portfólio, realizando um prejuízo considerável para conseguir gerar rápido uma liquidez. Como resultado, as ações despencaram 60% na quinta-feira (9), chegando ao pior patamar desde 2016.

O Silicon Valley Bank era apontado como um dos principais pontos de apoio para players do mercado após o colapso do Silvergate Bank. Agora parece que há um contágio de um para o outro, com uma corrida de saques testando as reservas bancárias da instituição financeira.

Setor bancário em crise

O analista financeiro especialista em criptomoedas Marcel Pechman disse que piora no mercado de criptomoedas segue o mau humor dos mercados internacionais após a fuga de capital dos bancos médios nos EUA.

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“Embora o movimento tenha se iniciado com o Silvergate, a desconfiança rapidamente se espalhou quando o SVB, o banco das startups, anunciou prejuízo extraordinário e chamada para aumento de capital. Pra completar com chave de ouro, o gigante de investimentos Credit Suisse, que já andava mal das pernas há mais de um ano, foi impedido de publicar seu balanço financeiro à pedido do regulador norte-americano SEC. Onde havia fumaça, surgiu fogo, e rapidamente o humor dos investidores piorou”, disse.

Pechman resume: “O foco segue a macroeconomia, risco de recessão, e desespero dos EUA para estancar o déficit”.

O analista Adam Crisafulli, da Vital Knowledge, disse em entrevista à Bloomberg que “[Silvergate e SVB] na verdade, são vítimas do mesmo fenômeno, à medida que o aperto do Fed (O BC americano) extingue a ‘espuma’ daquelas partes da economia com mais excesso – e é difícil encontrar mais excesso do que em startups cripto e de tecnologia”.

Lucas Passarini, especialista de trade do MB (Mercado Bitcoin), confirma que no ambiente cripto o recente anúncio do encerramento das atividades do banco Silvergate e uma nova proposta de taxação a mineradores nos EUA também aumentou a pressão vendedora.

Quanto ao cenário macro, afirma: “Mercados globais passaram a ser impactados essa semana por conta das falas recentes do presidente do banco central americano, Jerome Powell, somado também as expectativas dos dados do payroll para essa sexta feira [dado mensal sobre o nível de emprego nos Estados Unidos]”.

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Quebra do Silvergate ainda afeta mercado

O fundador da Nox Bitcoin, João Paulo Oliveira, ressalta que o Silvergate Bank era a principal infraestrutura para corretoras globais de criptomoedas e que sua quebra foi muito danosa ao mercado.

O especialista lembra que quedas violentas no preço do Bitcoin já ocorreram em 2014 e 2018, mas o cenário agora é diferente. “Não é só sobre Bitcoin, pois todos os mercados de risco foram afetados pelo excesso de liquidez que houve na pandemia. Eram juros baixos, muito dinheiro e estímulos de governos no mundo todo. Isso fez com que os ativos de risco subissem muito e, principalmente, criptomoedas”.

Oliveira aponta que o crescimento acelerado sempre tem efeito colateral: as empresas começam a se planejar com o dinheiro do momento, contratar gente, infraestrutura, e o custo explode. “Agora estamos vendo um efeito contrário, já que as receitas despencaram e as empresas assumiram compromissos como funcionários caros, tecnologias caras, tudo isso é custo”.  

Investimento em cripto é afetado pelos juros

O cofundador e CMO da QR Capital, João Paulo Mayall, explica que a tese de investimento do Bitcoin é atraente durante períodos de expansão monetária, o que tende a resultar em aumentos significativos de preço.

“No entanto, em momentos de aperto monetário, é comum observarmos o oposto. A recente alta recorde nos juros nominais americanos, combinado com a maior contração do agregado monetário (M2) dos últimos 93 anos, tem levado a uma busca acelerada por liquidez, o que resulta em ajustes nos preços de ativos, incluindo o Bitcoin”, diz Mayall.

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