Pioneiro do Bitcoin preso por lavar fundos do Silk Road agora clama para que empresas cripto sigam as leis

O criador da BitInstant aconselha empresas cripto a não cometer os mesmos erros que ele e fazer o que tiver ao alcance para estar em conformidade
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Charlie Shrem (Foto: Shutterstock)

Charlie Shrem foi um dos primeiros criadores de uma empresa cripto a ser preso por ter seu negócio usado por criminosos que, uma década atrás, descobriram nas criptomoedas uma forma de esconder suas atividades ilícitas.

A BitInstant, criada por Shrem, foi uma das primeiras corretoras de Bitcoin a surgir no mercado em 2011 e, em 2013, já processava aproximadamente 30% de todas as transações da criptomoeda — inclusive aquelas feitas para a compra de drogas no Silk Road.

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Por esse uso indevido, Shrem acabou na prisão em 2015 por seu envolvimento no que a Justiça dos EUA alegou ser um esquema de drogas envolvendo sua exchange de Bitcoin e o mercado da dark web.

Ao invés de se afastar do setor cripto após ser libertado no ano seguinte, Shrem continuou na área e agora auxilia empresas a não cometer os mesmos erros que ele e fazer o que tiver ao alcance para estar em conformidade com as autoridades.

“Eu não era uma pessoa de compliance e é por isso que acabei onde caí”, disse Shrem ao The Wall Street Journal, comparando a falta de conformidade em cripto a um mergulho no mar sem equipamentos. 

“Mesmo que vocês sejam pequenos, não querem estar do lado errado das coisas”, garantiu o empresário que agora é sócio-gerente da empresa de capital de risco Druid Ventures, onde assessora startups e projetos cripto em crescimento. 

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“Existem muitas pessoas por aí lutando com a ‘fera’ da conformidade cripto, tentando entender tudo com seus advogados. É aí que eu entro, ajudando-as a colocar tudo em ordem”, explica.

O conselho de Shrem chega em um momento em que diversos criadores de empresas que tinham um grande peso no mercado cripto se viram atrás das grades nos últimos tempos, como Sam Bankman-Fried da FTX, Do Kwon da Terraform Labs e Alex Mashinsky da Celsius.

O “mártir” das criptomoedas

O ex-promotor do Distrito Sul de Nova York, Alexander J. Wilson, disse ao The Wall Street Journal que a condenação de um caso como o de Shrem era exatamente o que o Departamento de Justiça (DOJ) queria na época.

De acordo com Wilson, que supervisionou a sentença de Shrem em 2014, o Departamento de Justiça viu processos criminais como o de Shrem como uma forma de empurrar a indústria cripto para um sistema regulamentado com programas de prevenção à lavagem de dinheiro e cumprimento de sanções, ao contrário de um mercado cinzento para criminosos se esconderem das autoridades.

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Outro ex-promotor do Distrito Sul de Nova York que supervisionou a unidade que processou Shrem, Timothy Howard, chamou a ação de um “caso marcante” para o país, pois estabeleceu o precedente de tratar criptomoedas como dinheiro. 

O caso foi uma das primeiras vezes que os promotores usaram ferramentas empregadas na investigação de instituições financeiras para olhar para o setor cripto e desvendar crimes como lavagem de dinheiro. De lá para cá, a entidade aumentou ainda mais as formas de vigiar a área, rastreando criptomoedas e treinando promotores.

Charlie Shrem relembra que quando operava a BitInstant dez anos atrás, as regras que este mercado nascente deveria seguir não eram claras e que confiava principalmente nos programas de compliance das exchanges cripto com as quais fazia parceria para garantir que suas transações fossem seguras. 

“Ninguém tinha certeza do que significava conformidade. Estávamos pegando identidades e cumprimos a conformidade que achávamos correta”, disse. Isso não foi o suficiente para inocentá-lo nos tribunais.

Em janeiro de 2014, Shrem foi preso no Aeroporto Internacional John F. Kennedy em Nova York acusado de lavagem de fundos ilícitos do Silk Road.  Em setembro daquele ano, ele se declarou culpado de uma acusação de auxílio e cumplicidade na operação de uma empresa de transmissão de dinheiro não licenciada usada no Silk Road. 

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Ele acabou condenado a dois anos de prisão, mas cumpriu pouco mais de um ano em uma penitenciária de segurança mínima na Pensilvânia.

“A prisão de Shem foi um dos momentos em que todos começaram a pensar que vivemos em um ambiente de regras e leis”, disse Lennart Lopin, cofundador da Byte Federal, uma  operadora de caixas eletrônicos de Bitcoin que foi incentivada por Shem a obter uma licença e evitar problemas com as autoridades americanas.