PCC usa criptomoedas em transações com a máfia italiana, diz imprensa

Segundo reportagem, parte da movimentação financeira entre a facção criminosa paulista e a máfia calabresa ‘Ndrangheta é feita por meio de dólar-cabo e de criptomoedas
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Foto: Shutterstock

O Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa originária de São Paulo, alcançou o posto de principal fornecedor de cocaína para a Europa, executando uma engenharia financeira aprimorada para transacionar o dinheiro do tráfico com a máfia italiana ‘Ndrangheta, segundo reportagem do portal Metrópoles publicada nesta quarta-feira (28).

Parte dessa movimentação financeira é feita por meio de dólar-cabo (remessas financeiras ilegais) e por criptomoedas, segundo a publicação.

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O uso desse modelo mostra que os criminosos estão tentando se aproveitar da dificuldade de rastreamento dos ativos digitais – embora hoje existam ferramentas on-chain que são capazes de seguir os rastros de transações dentro de uma blockchain.

Muitas delas já são usadas pela polícia em investigações criminais, como no caso da pirâmide financeira MSK.

De acordo com a reportagem, as relações comerciais entre o PCC e a máfia calabresa ‘Ndrangheta já dura vários anos. Nos últimos dois anos e meio, ressalta o Metrópoles, esse tráfico internacional prosperou, resultando em um lucro bilionário para a organização criminosa. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) estima que o PCC lucre R$ 1 bilhão por ano.

Segundo o promotor de justiça Leonardo Romanelli, que acompanhou presencialmente as investigações na Europa, a facção tem se expandido “em vários sentidos” na região. Ao site, ele explicou que o combate à máfia italiana ocorre em todos os países europeus e os olhos se voltaram ao PCC, por ele ter se tornado o principal fornecedor de cocaína para a Europa — sendo Portugal uma das portas de entradas preferidas pela facção.

Autoridades europeias e brasileiras têm mobilizado forças policiais tanto no combate ao PCC quanto à máfia italiana. Segundo a reportagem, mais de 100 integrantes da ‘Ndrangheta foram presos em maio na Europa. No Brasil, uma megaoperação em 13 estados também cumpriu mandados de prisão de 14 lideranças da facção paulista.

“O MPSP já identificou que vários membros da ‘Ndrangheta residem no Brasil”, ressalta o artigo, e acrescenta: “Inspirado na máfia italiana, o PCC também tem feito a lavagem de dinheiro do tráfico investindo em imóveis, fazendas, postos de gasolina, hotéis e restaurantes”.