A operação da Polícia Federal que desmantelou o esquema de pirâmide financeira da InDeal prendeu também o engenheiro de blockchain e perito em informática Paulo Fagundes, indicado pelo então candidato Jair Bolsonaro durante as eleições como perito do PSL.
Em outubro do ano passado, o especialista foi indicado para acompanhar auditoria de urnas eletrônicas do TSE e, consequentemente, obter acesso ao sistema de votação. Na época, ele classificou o sistema de segurança das urnas como como frágeis. Nenhuma fraude, porém, foi comprovada.
Na ocasião, uma deliberação de Rosa Weber, ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o liberou, então, a ter acesso ao código-fonte do sistema após o pedido da corregedoria do TRE-PR. Ele estava acompanhado por partidos políticos, OAB e Polícia Federal.
Fagundes foi indicado devido a sua vasta experiência em análise de dados. Em seu currículo constam experiências com projetos envolvendo tecnologias como Oracle, IBM e Microsoft. No LinkedIn, ele também aparece como dono da empresa prestação serviços de informatica Datawiz Eireli. Pelas redes sociais, ele se denominava Crypttoguy.
Ele chegou a dar palestras em universidades como PUC e UFRGS, ambas do Rio Grande do Sul. Inclusive ele tinha agendado evento sobre criptomoedas na Universidade de Caxias do Sul (UCS), mas alguém ligou cancelando sem detalhar o motivo.
A Polícia Federal calcula que a fraude da Indeal tenha arrecadado cerca de R$ 700 milhões e prejudicado mais de 50 mil pessoas.
Presos da InDeal
Além de Paulo Fagundes, nove pessoas foram presas na ação conjunta da Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Civil. São eles:
Tássia Fernanda da Paz, Francisco Daniel Lima de Freitas, Ângelo Ventura da Silva, Regis Lippert Fernandes, Marcos Antônio Fagundes, Flavio Gomes de Figueiredo, Neida Bernadete da Silva, Fernanda de Cássia Ribeiro e Karin Denise Homem.
As autoridades federais buscam agora uma forma para restituir os valores às vítimas do golpe. O Ministério Público Federal (MPF) vai requerer a alienação antecipada de bens apreendidos na Operação para realizar um levantamento junto com Polícia Federal (PF).
As instituições, que trabalham em conjunto nas investigações, também contam com o apoio da Receita Federal do Brasil e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Operação Egypto
A Operação Egypto foi idealizada a partir de um e-mail direcionado à PF, onde a pessoa questionava a legalidade da companhia.
Após investigações, descobriu-se, então, que a suposta empresa de criptomoeda arrecadou R$ 700 milhões entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019.
No entanto, esse valor pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo um auditor fiscal de Receita Federal que falou após a ação.
Participaram da operação 130 policiais federais, 20 servidores da Receita Federal do Brasil e seis policiais civis que cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em várias cidades do país.
Além dos mandados, foram expedidas ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros em nome de pessoas físicas e jurídicas, de dezenas de imóveis e a apreensão de veículos de luxo.
Promessa de 15% de retorno
O inquérito policial foi instaurado em janeiro de 2019 para apurar a atuação da empresa. Ela estaria captando recursos de terceiros sem a autorização dos órgãos competentes.
A empresa dizia que aplicava o dinheiro em criptomoedas e oferecia um retorno garantido de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação.
Desta forma, muitas pessoas caiam no golpe e investia dinheiro na organização, cujos sócios usavam os valores em benefícios próprios.
Rombo de R$ 300 milhões da Indeal
Durante uma coletiva de imprensa da Polícia Federal e Receita Federal após o desfecho da operação, as autoridades deram detalhes da ação.
Eles disseram que as promessas da empresa investigada e até mesmo o seu capital social não passavam de artifícios ilusórios para atrair investidores.
A empresa chegou a captar R$ 850 milhões no período de um ano, mas deixou um rombo de R$ 300 milhões. Mais de 55 mil pessoas foram prejudicadas.
Os extratos de contas adquiridos por meio da quebra de sigilo bancário autorizado pela Justiça Federal, mostraram o uso indevido dos investimentos para aquisição de mansões, joias e veículos de luxo de sócios — um deles chegou a adquirir um apartamento por R$ 10,5 milhões.
Há também um comprovante da compra diversos carros, sendo um deles comprado por R$ 500 mil. Fora isso, foram identificadas 100 TEDs para empresas que comercializam joias, totalizando R$ 849 mil.
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