Os mercados podem ter caído após a ômicron, uma nova “variante de preocupação” do coronavírus, surgir na última semana na África do Sul e começar a se espalhar.
Mas isso não impediu uma moeda chamada de Omicron (OMIC) de se disseminar. Sim, uma das melhores formas de lucrar com a miséria humana nos últimos dias foi investir em um projeto de criptomoeda que ganhou reconhecimento por ter o nome da mais nova variante da Covid-19.
Um único token Omicron agora vale US$ 353, com uma alta de 450% na semana e de 622% em comparação à sua baixa recorde em 17 de novembro, de US$ 48.
Dados sobre a negociação da moeda começaram a ser registrados no CoinGecko em 8 de novembro e uma pesquisa feita pelo agregador de preços aponta que 62% dos usuários se sentiam bem em relação à criptomoeda.
No entanto, o mercado para a Omicron é muito pequeno. O ativo negociou apenas US$ 635 mil nas últimas 24 horas e sua capitalização de mercado é desconhecida. Entre as plataformas que permitem a negociação do ativo estão apenas o SushiSwap e Arbitrum One.
O token Omicron é o alicerce do protocolo descentralizado de moedas de reserva na Arbitrum Network. O token é lastreado em uma cesta de ativos, incluindo USDC e tokens de fornecedores de liquidez ligados a Magic Internet Money (MIM).
É uma bifurcação da OlympusDAO, um novo projeto de Finanças Descentralizadas (DeFi) que lastreia seu token por meio de títulos primitivos em blockchain.
A principal forma de conseguir inflacionar o preço do token Omicron e seu “yield farm” (rendimento oferecido aos usuários) é pelo “crescimento de fornecimento” e tudo vai abaixo se as pessoas pararem de investir dinheiro.
Até agora, US$ 671.081 foi depositado em seus protocolos, resultando em uma projeção impressionante de rendimentos anuais de 70.377% para stakers — a menos, é claro, que os desenvolvedores suspendam o projeto ou pessoas parem de investir dinheiro, ou se qualquer um dos incontáveis motivos que geralmente resultam no colapso de yield farms se concretize.
Então é basicamente outra yield farm baseado em títulos que possui o mesmo nome da nova variante da Covid-19 que, fora isso, teria apenas um nome em homenagem à 15ª letra do alfabeto grego.
O projeto cripto não faz menção ao vírus em sua documentação e seu primeiro anúncio no Discord foi enviado no início deste mês, várias semanas depois de a variante mais recente ter sido nomeada como “Ômicron” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dito isso, o debate sobre o vírus está reinando no grupo do Discord com quase 900 membros e no Twitter.
É importante mencionar que essa moeda não é a primeira moeda Omicron. Existe outra com o código OMC no CoinMarketCap que não é negociada em nenhum mercado popular.
A Omicron original surgiu em 31 de agosto de 2016 no fórum Bitcoin Talk como uma “moeda para a emissão de dividendos”.
O projeto afirmou ter arrecado 121 BTC, agora equivalentes a US$ 6,8 milhões (antes de o vírus ômicron ter feito os mercados despencarem na última semana, sua arrecadação poderia ter sido bem maior). Após alguns pagamentos de dividendos, o projeto se enfraqueceu.
Ah, se os criadores do projeto tivessem previsto quão importante o nome “ômicron” seria cinco anos depois… Pelo menos, previram que o mercado cripto iria explodir.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização de Decrypt.co.