Nubank usou R$ 140 milhões para comprar até 1000 bitcoins em processo pouco transparente

Fintech anunciou no início do mês que comprou 1% do caixa da Nu Holdings em btc
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Foto: Shutterstock

Com R$ 14 bilhões em caixa, conforme o último balanço, o Nubank usou R$ 140 milhões para comprar entre 780 e 990 bitcoins. No início do mês, ao anunciar que começaria a vender criptomoedas, a empresa também afirmou que havia usado 1% do caixa para investir nos ativos — em linha com o que fez a Tesla no passado.

O números do investimento variam, porque não se sabe qual foi o preço médio que a fintech pagou por cada criptoativo — o preço do bitcoin variou de US$ 30 mil a US$ 38 mil nas últimas semanas. Diferentemente do que ocorre com empresas como a Microstrategy, que informam ao mercado qual o preço médio da aquisição e o período, o caso do Nubank ainda é pouco claro.

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Procurada pelo Portal do Bitcoin, a empresa não respondeu qual o valor dessa porcentagem, tampouco quantos ativos adquiriu, quando essa compra aconteceu e através de qual intermediário.

A estimativa de especialistas é que o valor investido em bitcoin pelo Nubank esteja na casa dos R$ 140 milhões, uma vez que esse valor representa 1% dos R$ 14 bilhões (US$ 2,9 bilhões) que o banco informou ter em caixa até 31 de março deste ano em seu resultado do primeiro trimestre de 2022, divulgado na última segunda-feira (16) pela Nu Holdings.

O balanço do grupo foi analisado a pedido da reportagem por Gustavo Inácio de Moraes, professor de economia da PUC-RS; e por Matheus Moura, chefe de economia da Take4Games.

Caixa do Nu Holdings em milhares de dólares (Fonte: Nu Holdings)

Nubank não explica

Procurada pela reportagem na semana que a compra foi anunciada, a equipe do banco não forneceu detalhes sobre a compra alegando estar em silêncio pré-balanço trimestral. Quando os dados foram divulgados na semana passada, o banco voltou a ser procurado e, mais uma vez, não respondeu às perguntas, alegando não poder confirmar “qualquer informação além das disponíveis e discriminadas no balanço público”.

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A expectativa é que mais detalhes sejam divulgados no demonstrativo financeiro do próximo trimestre, que deve ser publicado em agosto.

Empresas de capital aberto — e que, portanto, são obrigadas a informar aos investidores a forma como fazem a gestão de seu caixa — que investiram em bitcoin nos últimos tempos, como a Tesla de Elon Musk, incluem a compra de bitcoin nos seus balanços trimestrais. 

Outras companhias, como a MicroStrategy, são ainda mais transparentes, e divulgam toda a compra de bitcoin feita, quantas moedas foram compradas, em qual período e por qual preço médio.

Massificação

A entrada do Nubank no setor tende a ser positiva, uma vez que vai expor o bitcoin a um público de 59,6 milhões de clientes, da mesma forma como a oferta de criptomoedas pelo Mercado Pago foi uma porta de entrada para quem nunca tinha negociado com essa classe de ativos digitais.

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Desde que o Mercado Pago lançou o serviço em dezembro, cerca de um milhão de brasileiros compraram criptomoedas pelo aplicativo em apenas dois meses.

A oferta de bitcoin pelo Nubank também reflete o crescimento da demanda por produtos cripto no país. 

“Observamos um interesse significativo em volume de nossos clientes nos últimos meses em investir em criptomoedas”, disse o CEO do Nubank, David Vélez, durante a teleconferência de divulgação dos resultados trimestrais. 

“Essa será uma plataforma de negociação de criptomoedas de varejo de última geração. Assim como nossos outros produtos, o Nu Cripto foi criado para eliminar a complexidade do mercado e torná-lo acessível a quem quiser fazer parte dele, mesmo que comece com apenas um real como investimento”, concluiu Vélez.

Sem saques de bitcoin

O circuito de negociação de bitcoin pelo Nubank e Mercado Pago, no entanto, não é completo. A principal crítica da comunidade cripto é que uma vez compradas as criptomoedas nessas plataformas, o usuário não pode enviá-las para uma carteira externa para fazer a própria custódia ou negociá-la em exchanges. O saque só é permitido na forma de real.

Da mesma forma que o Nubank se mostra pouco transparente com relação a compra de bitcoin com o caixa da empresa, também faltam explicações sobre a custódia das criptomoedas dos clientes.

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A única informação dada pelo banco nesse quesito é que o serviço de venda e custódia será facilitado pela Paxos, uma empresa cripto baseada em Nova York (EUA). O Mercado Pago também usa a infraestrutura fornecida pela Paxos e, da mesma forma, não permite saques de criptomoedas.

Quando o Mercado Pago começou a vender bitcoin no ano passado, executivos do grupo disseram ser uma “questão de tempo” para que os saques para carteiras externas fosse permitido. Cinco meses depois, a função ainda não está disponível.

O Nubank também frisou que os saques não serão permitidos nesta “primeira versão” do serviço, o que sinaliza que a opção pode ser aberta no futuro.