Imagem da matéria: "Não tirei dinheiro dos clientes, só deixei de devolver", diz dono da JJ Invest sobre esquema de R$ 170 milhões
Jonas Jaimovick é o criador da JJ Invest (Foto: Divulgação)

“Não vendi sonhos, mas também nunca disse que havia o risco de se perder tudo. Não tirei dinheiro dos clientes, só deixei de devolver”, disse Jonas Jaimovick, criador da JJ Invest, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira (4). Jonas ficou preso por causar um prejuízo de R$ 170 milhões a centenas de investidores. Hoje, ele diz que se arrepende de não ter parado no momento certo e que não possui mais nenhum centavo no bolso.

 “Não tenho coragem de pisar na sinagoga”, disse Jonas à reportagem, se referindo a sua participação na comunidade judaica carioca. Ele foi preso no final de 2020 e cumpriu seis meses de prisão no Complexo Penitenciário de Bangu, que fica na zona oeste do Rio de Janeiro. Do desfecho da Spritzer Consultoria Empresarial, nome por trás do esquema, ele disse o seguinte: “Virei o bobo de Wall Street”.

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Segundo Jonas, o momento de parar a oferta de investimentos e evitar tal desfecho foi quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) interveio na JJ Invest com o primeiro stop order, em 2017, que causou uma corrida de saques pelos clientes. Naquela época, contou à equipe da Veja, ele deveria ter parado, pois havia apenas 400 clientes e ele conseguiu honrar com todos os compromissos. Contudo, a artimanha fez o negócio ganhar mais credibilidade.

Em janeiro de 2019, a CVM interveio pela segunda vez em desfavor da JJ Invest e a mesma correria por saques ocorreu. No entanto, daquela vez, Jonas não conseguiu repassar os fundos verdadeiros dos clientes e passou a pagá-los com o dinheiro dos novos entrantes do negócio, configurando uma pirâmide financeira, contou a revista.

A reportagem concluiu com duas expressões ditas por Jonas, que garantiu que não vai mais se aventurar na bolsa e pagará o que deve. A afirmativa, contudo, pode soar exagerada, se for pensada em relação a suas dívidas. Só para o ex-jogador Júnior, da Seleção Brasileira, Jonas ficou devendo pelo menos R$ 1,5 milhão, diz a revista. Fora outras personalidades, como o ex-craque Zico, que apostaram pesado na JJ Invest, e multas à CVM que totalizam R$ 500 mil.

JJ Invest

A JJ Invest prometia rendimentos de 10% a 15% ao mês – valor muito acima dos praticados no mercado regulado – e a maioria dos clientes sequer tinha contrato assinado. O negócio chamou tanta atenção que muitos investimentos foram fechados por WhatsApp do começo ao fim.

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Também foram fechados acordos de patrocínio com pelo menos uma dezena de clubes de futebol, como o Vasco da Gama, por exemplo, entre 2015 e 2019. O nome da JJ Invest já esteve estampado inclusive no peito do jogador Neymar em um jogo beneficente, assim como ocorreu também com Kaká.

Em julho de 2019,  a 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de Jonas, mas ele não foi encontrado pelas autoridades e passou a ser tratado como foragido da Justiça. O criador da JJ só foi preso um ano e quatro meses depois, em novembro de 2020, quando se entregou voluntariamente.