O vice-primeiro-ministro ucraniano e ministro da Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, pediu que exchanges de criptomoedas bloqueiem endereços de usuários russos.
“É crucial congelar não apenas os endereços vinculados a políticos russos e bielorrussos, mas também sabotar usuários comuns”, tuitou Fedorov no domingo (27).
Um dia antes, Fedorov foi ao Twitter para pedir informações sobre carteiras de criptomoedas ligadas a políticos russos e bielorrussos, garantindo uma recompensa “generosa” para aqueles que o ajudassem.
“A comunidade cripto ucraniana está pronta para fornecer uma recompensa generosa por qualquer informação sobre carteiras de criptomoedas de políticos russos e bielorrussos e seus arredores. Os crimes de guerra devem ser perseguidos e punidos”, disse Fedorov, acrescentando um link para as denúncias.
Exchanges rebatem pedido
Desde que Fedorov publicou seu pedido, duas importantes exchanges de criptomoedas se recusaram a congelar contas russas em suas plataformas.
“Não vamos congelar unilateralmente milhões de contas de usuários inocentes”, disse um porta-voz da Binance à CNBC.
“Cripto destina-se a fornecer maior liberdade financeira para as pessoas em todo o mundo. Decidir unilateralmente proibir o acesso das pessoas às suas criptomoedas iria contra a razão pela qual a criptomoeda existe”, conclui o porta-voz.
Por sua vez, o CEO da Kraken, Jesse Powell, tuitou: “Eu entendo a lógica deste pedido, mas, apesar do meu profundo respeito pelo povo ucraniano, a Kraken não pode congelar as contas de nossos clientes russos sem uma exigência legal para isso”.
Powell acrescentou que os russos devem estar “conscientes” de que esse tipo de exigência pode ser iminente.
Ucrânia e criptomoedas
Os pedidos de Fedorov são apenas uma parte da dinâmica mais ampla de como o mercado cripto está envolvido no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia na semana passada, a comunidade internacional respondeu com sanções econômicas generalizadas e abrangentes impostas contra o estado da Rússia, a economia russa e seu governo.
No entanto, apesar dessa resposta internacional – que inclui a proibição de bancos russos do sistema de pagamento SWIFT – existe a preocupação de que a Rússia possa utilizar criptomoedas para evitar sanções.
“Assim como no sistema financeiro tradicional, a Rússia pode aproveitar a criptomoeda para evitar as sanções que estão sendo implementadas em resposta à invasão da Ucrânia”, disse Caroline Malcolm, chefe de política internacional da empresa de análise blockchain Chainalysis, ao Decrypt na semana passada. Segundo ela, “transações de entidades sancionadas” poderiam ser identificadas.
Enquanto isso, doações de bitcoin e outras criptomoedas para a Ucrânia estão chegando desde o início da invasão da Rússia.
Em 26 de fevereiro de 2022, a conta oficial do governo ucraniano no Twitter anunciou que estava “agora aceitando doações de criptomoedas”, compartilhando na mensagem os endereços cripto que estavam recebendo o dinheiro.
Até o momento, mais de US$ 18 milhões em criptomoedas já foram enviadas para apoiar a resistência ucraniana.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.co.