Um bloco de Bitcoin foi minerado, no domingo (07), pela segunda vez na história da rede com um pagamento em taxas superior ao subsídio de bloco — que se dá através da criação de novas moedas (coinbase). O bloco 788695 foi minerado com 6,70 BTC (US$ 193.913) em taxas, com subsídio de 6,25 BTC.
Algo parecido só havia ocorrido há cinco anos, em dezembro de 2017, no bloco 500521, com 13,715 BTC (U$ 211.985) em taxas e 12,50 BTC de subsídio antes do halving de 2020.
No entanto, o evento deste domingo pode ter sido o primeiro na história por motivos “orgânicos”, segundo o famoso desenvolvedor do BTC: Peter Todd. Que afirma que o pagamento em 2017 foi devido a um “acidente” na hora do usuário configurar a taxa de transação.
Ao enviar uma transação, usuários podem configurar taxas de forma completamente arbitrária. Essas taxas serão coletadas pelo minerador responsável por acrescentar a transação no bloco e transmiti-la para a rede. Existem históricos de “acidentes”, em que usuários configuram uma taxa maior do que gostariam — o que é irreversível após a transação ser confirmada em um bloco.
O bloco atual (788695) foi minerado pela maior pool de mineração, Foundry USA, responsável por cerca de 30% de todos os blocos minerados na rede do Bitcoin. Coletando a recompensa histórica que ocorre em um momento de congestionamento da rede do BTC com as taxas de rede subindo exponencialmente em poucos dias.
Por que as taxas do Bitcoin estão aumentando?
Nos últimos meses, os limites de capacidade da rede de primeira camada do Bitcoin estão sendo testados, com um aumento de demanda por espaço nos blocos da blockchain líder de mercado — resultando em valores não vistos há mais de dois anos:
- Tempo de confirmação na rede do Bitcoin atinge maior média em dois anos
- Blockchain do Bitcoin entope e acúmulo de transações atinge nível de 2021
- Taxas do Bitcoin seguem em alta e enviar BTC já custa o mesmo que um Big Mac no Brasil
O aumento de taxas é um reflexo direto do aumento de uso da rede e da demanda por espaço nos blocos na blockchain da criptomoeda líder de mercado. Que pode ocorrer em momentos de alta volatilidade, com investidores movimentando seus BTCs em operações de compra e venda, ou simplesmente com mais pessoas utilizando a rede por diversos motivos.
Cada bloco do Bitcoin consegue comportar um máximo de 4MB (quatro megabytes) em transações e, cada transação, tem um peso diferente que pode variar de cerca de 200 bytes até mais de 1MB, dependendo do tipo e conteúdo do envio.
Para conseguir “comprar” este espaço, incentivando que algum minerador acrescente a transação no próximo bloco minerado, os usuários configuram uma taxa que será coletada pelo minerador da rodada. Quando maior a taxa, maior a probabilidade da transação ser acrescentada no próximo bloco.
No dia 2 de maio, o Portal do Bitcoin reportou taxas equivalentes ao preço de um Big Mac. No dia 7, a média de todas as taxas atingiu US$ 19,20 por transação. Valores vistos pela última vez em 21 de maio de 2021, também há dois anos — o que significa que a média de pessoas enviando BTC pagaram cerca de R$100,00 para concluir seus envios.
No momento de redação, o BTC está sendo negociado por US$ 27.834, ou R$139.891, segundo o Índice de Preço do Bitcoin (IPB). Com queda de 3,31% nas últimas 24 horas.