A corretora Mercado Bitcoin vai criar um clube de futebol real, inscrito na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cuja gestão será totalmente feita no metaverso via DAO (Organização Autônoma Descentralizada, na sigla em português).
O projeto, classificado pela empresa como “inédito no mundo”, será lançado oficialmente durante a Copa do Mundo do Qatar, no final deste ano. O plano do clube é realizar peneiras em busca de talentos ao longo de 2023 e entrar em campo de forma oficial em 2024.
DAOs são governadas por holders de tokens dos projetos e são desenvolvidas sobre regras que são automaticamente executadas em uma blockchain. No caso do novo clube, o Mercado Bitcoin irá emitir um total de 100 milhões de tokens de governança, que serão usados para financiar o projeto e dar oportunidades para pessoas investirem e participarem da gestão da equipe.
Cada um dos 3,5 milhões de clientes do Mercado Bitcoin irá ganhar gratuitamente um dos tokens. Segundo a empresa, isso fará com que o futuro clube já nasça com “o maior programa de sócios-torcedores do país”.
Os tokens também poderão ser negociados na plataforma da exchange e trazer retorno sobre o investimento aos seus proprietários. Uma das decisões a terem tomadas pela comunidade via DAO, inclusive, é optar entre dividir entre si o resultado financeiro ou manter os lucros como parte do patrimônio da equipe – podendo então ser utilizado na compra de novos atletas, por exemplo.
A ideia da corretora é que os tokens tenham um poder decisório superior aos fan tokens existentes atualmente – cujas escolhas, em sua maior parte, ficam restritas a itens como o desenho do terceiro uniforme do time — embora gerem renda superior a US$ 350 milhões aos maiores clubes do mundo.
Portando, a DAO irá decidir não só sobre a própria identidade do clube – seu nome, cores, escudo e até a cidade onde ele será baseado – mas também sobre toda a gestão estratégica e financeira, um modelo classificado pela companhia como “turbo fan token”. “Queremos mostrar que existe uma maneira muito mais inteligente de gerir uma equipe”, explica Sérgio Veiga, diretor de patrocínios do Mercado Bitcoin.
A corretora diz que o produto é classificado como um fan token, o que não enquadra o produto na categoria de valores mobiliários, que são regulados no Brasil pela CVM.
Leia Também
A única parte que ficará fora da escolha da comunidade digital de sócios-torcedores será dentro do campo de jogo propriamente dito: escalação do time, treinamentos, escolha sobre substituições e decisão sobre quem bate pênaltis, por exemplo, ficarão a cargo do técnico da equipe.
Em caso de empate nas votações da DAO, as questões serão decididas por um comitê composto por executivos de mercado de empresas parceiras, sem relação política com o time. Também deverá ser criado uma espécie de teto de valor para a tomada de decisões, de forma a evitar que uma única baleia de tokens tenha um peso desproporcional na tomada de decisões.
Primeiros passos
As atividades do Metaverse DAO Football Team – como o projeto é chamado enquanto o nome final não é escolhido pela comunidade – terão início com a escolha de técnico e comissão técnica, em janeiro de 2023. A partir daí, o objetivo é realizar peneiras em todos os estados brasileiros em busca de talentos para formar as equipes sub-21 do clube, tanto na modalidade masculina quanto na feminina. A empresa diz que terá política salarial igualitária independente de gênero, posição ou destaque.
A primeira competição que o clube busca participar é a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2024. A partir daí, a ideia é que as equipes comecem a disputar competições oficiais e subam degraus até chegar às divisões superiores do futebol brasileiro.
Veiga afirma que a inspiração para o time surgiu da experiência adquirida com tokens ligados ao Vasco e ao Santos — os fan tokens listados na plataforma da exchange — e aos patrocínios fechados com Corinthians e Vasco.
Segundo o executivo, com o início do Metaverse DAO Football Team, o Mercado Bitcoin vai diminuir sua exposição no futebol “tradicional”. A empresa deixará de estampar a camisa do Corinthians a partir de junho, “para focar sua energia no time que está começando”, diz.