As duas maiores criptomoedas seguem em baixa nesta sexta-feira (22), na esteira de fortes perdas em Wall Street, que reagiu à perspectiva de juros altos no longo prazo.
Nesta manhã, os contratos futuros das bolsas em Nova York tentam se recuperar do tombo de 1,6% do S&P 500, que teve seu pior dia desde março, segundo dados da Bloomberg.
No mercado cripto, traders acompanham os próximos passos para o julgamento de Sam Bankman-Fried, fundador da exchange FTX, que começa em 3 de outubro, e a longa batalha jurídica da Binance contra a SEC, agência que regula valores mobiliários nos EUA. Diante do ambiente hostil para a indústria cripto na maior economia do mundo, gigantes como a Galaxy Digital buscam crescer no mercado europeu.
O Bitcoin (BTC) tem queda de 1% em 24 horas, para US$ 26.722,51, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC registra baixa de 0,38%, negociado a R$ 131.860,61, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) cai 1,2% em 24 horas, cotado a US$ 1.600,65.
Relatório do JPMorgan Chase destaca que a atualização Shanghai do Ethereum realizada em abril não impulsionou a atividade na maior blockchain de contratos inteligentes, como era esperado.
Segundo o banco, o volume de transações por dia na rede recuou 12% desde a Shanghai, os endereços ativos diários caíram quase 20% e o valor total bloqueado em finanças descentralizadas (DeFi) na blockchain encolheu quase 8%.
Em paralelo, a Base, uma rede de segunda camada do Ethereum, registrou um salto das transações puxado pela intensa a atividade no aplicativo Friend.tech. Mas um app rival chamado Post.Tech baseado na blockchain Arbitrum começa a chamar a atenção, com um volume de trading de US$ 1,8 milhão em 24 horas, observa o The Block.
Traders também vendem altcoins nesta sexta, entre elas BNB (-0,8%), Dogecoin (-1,3%), Cardano (-1,5%), Solana (-0,8%), Toncoin (-2,2%), Polkadot (-2%), Polygon (-2,3%), Shiba Inu (-0,8%) e Avalanche (-0,3%). XRP (+0,5%) e Litecoin (+1,3%) por enquanto caminham em terreno positivo.
Bitcoin hoje
O mercado de criptoativos ainda parece afetado pela fuga de ativos vistos como arriscados em meio às expectativas frustradas de corte de juros no curto prazo pelos maiores bancos centrais.
Diante do maior risco de recessão provocado por esse cenário, investidores estão vendendo ações no maior ritmo desde dezembro, segundo o Bank of America.
Com a perspectiva de juros mais altos e dólar forte, o Bitcoin chegou a cair para a casa dos US$ 26.500 na quinta-feira (21).
“As taxas de juros permanecerão elevadas, e o refinanciamento será um pesadelo para as empresas cripto”, disse ao CoinDesk Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda.
A política monetária do Japão também poderia desestabilizar o mercado, afirmou Griffin Ardern, trader especialista em volatilidade da gestora de criptoativos Blofin. Nesta sexta, o Banco do Japão manteve a política de afrouxamento monetário, mas um aumento dos juros fortaleceria o iene e poderia levar a uma onda vendedora para pagar dívidas em moeda japonesa, trazendo volatilidade e impactando os preços das criptomoedas, explicou Ardern ao CoinDesk.
Julgamento de fundador da FTX
Um advogado britânico, um professor da Universidade de Michigan, entre outras testemunhas não poderão depor no próximo julgamento do ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, ordenou um juiz distrital na quinta-feira (21).
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A ordem do juiz Lewis Kaplan deu uma ideia do que pode ou não ser discutido no julgamento no início de outubro, conforme o The Block. Lawrence Akka, um advogado britânico, planejava depor sobre o significado dos termos de serviços e obrigações da FTX, mas Kaplan disse que o depoimento era inadmissível, de acordo com um documento.
“A opinião de um advogado inglês quanto ao significado ou efeito jurídico da linguagem contratual, mesmo a linguagem num contrato regido pela lei inglesa, simplesmente não é um assunto adequado à atenção de um júri”, disse Kaplan.
Depois de várias tentativas, o pedido de Bankman-Fried para ser libertado antes do julgamento foi negado por um tribunal de apelações nos EUA.
E em mais um capítulo da recuperação judicial da exchange colapsada em novembro passado, o novo comando da FTX abriu um processo contra ex-funcionários de afiliadas em Hong Kong para recuperar US$ 157 milhões em ativos.
As dívidas da FTX com credores estão na mira de grandes investidores como Silver Point e Diameter, que já gastaram mais de US$ 250 milhões para comprar os créditos a um baixo preço, informou a Bloomberg.
CEO da Binance desafia SEC nos EUA
Na quinta-feira, a Binance Holdings, a Binance.US e o CEO Changpeng “CZ” Zhao entraram com um pedido para arquivar um processo movido pela SEC, destacando que o regulador não havia “alegado de forma plausível” diversas violações relacionadas a valores mobiliários.
De acordo com documentos judiciais registrados por advogados da Binance, a agência tenta colocar os ativos digitais sob sua autoridade apesar de o Congresso dos EUA não explicitar isso explicitamente na legislação.
Em junho, a SEC abriu uma ação contra a Binance, CZ e a Binance.US, braço da exchange nos EUA, alegando que as entidades listaram ilegalmente valores mobiliários não registrados na forma de diversas criptomoedas para negociação e investimentos de americanos.
Na quinta, a Binance também intrigou o mercado ao pagar uma taxa 30 vezes maior do que o normal em transações do Ethereum e ao alertar que pode deslistar suas stablecoins na Europa em 2024 devido a desafios regulatórios, informação que foi posteriormente minimizada por CZ no X.
Outros destaques das criptomoedas
Phillip Gillespie, 40, ex-codiretor-presidente da B2C2, empresa que atua como formador de mercado (“market maker”) de criptoativos, foi acusado de consumo excessivo de álcool, consumo de cocaína e alucinógenos, além de oferecer drogas a outras pessoas, inclusive a uma estagiária, durante a conferência Bitcoin 2022 em Miami, segundo a Bloomberg.
As alegações constam em um processo contra a B2C2 aberto em 1º de setembro em Nova Jersey, EUA, pelo ex-diretor global de negociação de opções, Bradley Nagela, que alega ter sido despedido em retaliação por destacar o suposto comportamento inadequado de Gillespie, que nega as acusações. Em resposta à Bloomberg, a B2C2, que tem sede em Londres, disse que Nagela foi demitido em setembro de 2022 “após um período de fraco desempenho significativo”.
A NHN, uma empresa de tecnologia sul-coreana, está desenvolvendo jogos cripto adaptados à blockchain Sui, anunciou a divisão de games do grupo na quinta-feira (21). A NHN já desenvolveu jogos de apostas como o “Hangame Poker” e títulos para dispositivos móveis, incluindo “Crusader Quest” e “Guns Up! Mobile War Strategy”, de acordo com o Decrypt. A empresa afirma que seus jogos contam com mais de 37 milhões de usuários.
Para Colleen Sullivan, codiretora de empreendimentos da divisão cripto do hedge fund Brevan Howard Asset Management, a tecnologia blockchain não está à altura de videogames de alta qualidade, apesar dos esforços dos estúdios, conforme a Bloomberg.
Durante a conferência Mainnet em Nova York na quinta-feira (21), a executiva destacou que grandes blockchains públicas como a Solana só podem completar cerca de 2 mil transações geradas por usuários por segundo – muito longe do que é necessário para um game móvel de alta demanda que roda on-chain e muito menos para um jogo com classificação AAA.
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