O mercado de criptomoedas acelera as perdas na manhã desta quarta-feira (7), em linha com o pessimismo de investidores de ações em relação ao cenário macroeconômico global.
O Bitcoin (BTC) opera em queda de 1,1% nas últimas 24 horas, negociado a US$ 16.811,03, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem baixa de 2,5%, cotado a US$ 1.228,76.
Em reais, o Bitcoin recua 1,1%, para R$ 88.655,50, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
A maioria das altcoins também é negociada em terreno negativo, entre elas BNB (-1,7%), XRP (-1,1%), Dogecoin (-5,1%), Cardano (-2,3%), Polygon (-2,8%), Polkadot (-3,6%), Shiba Inu (-2,5%), Avalanche (-4,6%) e Solana (-3,2%).
Bitcoin hoje
Dados fracos da balança comercial da China divulgados nesta quarta aumentaram a preocupação com a saúde da economia global. Wall Street também tem alertado sobre o risco de recessão em 2023 devido ao impacto da política monetária do BC dos EUA, o Federal Reserve.
André Franco, chefe de pesquisa do MB, avalia que o mercado tende operar com cautela até a próxima reunião do banco central dos EUA, marcada para os dias 13 e 14 dezembro. “Mesmo com o cenário macroeconômico positivo até o final do ano, o mercado ainda aguarda a confirmação do Fed no meio do mês para deslanchar”, disse em artigo do Valor Econômico.
O Bitcoin tem registrado desempenho inferior ao S&P 500 e Nasdaq, índices acionários de referência nos EUA, de acordo com a QCP Capital, empresa de trading de opções de criptomoedas com sede em Singapura.
Segundo relatório publicado pelo InfoMoney, o rendimento da nota de dois anos do Tesouro dos EUA, um termômetro da direção do mercado, tem se movido em linha com o Bitcoin e o Ethereum, enquanto o S&P e o Nasdaq se recuperaram, com ganho superior a 10% desde meados de outubro. A maior criptomoeda, por sua vez, mostra queda de 6% no período.
Crise FTX – Últimas notícias:
O fundo de hedge Fir Tree está processando a Grayscale Investments, gestora do Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), a fim de investigar uma possível má administração e conflitos de interesse, disseram fontes à Bloomberg.
O Fir Tree quer que a Grayscale volte a permitir resgates e reduza as taxas do “Trust”, que é o maior fundo cripto de capital aberto do mundo, com US$ 10,7 bilhões em ativos. Na segunda-feira (5), o GBTC era negociado com desconto de 43% em relação ao valor dos bitcoins mantidos pelo fundo. A Grayscale é controlada pelo Digital Currency Group, também dono da Genesis Global Capital, plataforma de crédito cripto que suspendeu resgastes em novembro.
O Signature Bank planeja reduzir o total de depósitos associados à indústria cripto em até US$ 10 bilhões, em uma guinada de estratégia do banco americano, cujo rápido crescimento foi impulsionado pela aposta em ativos digitais, segundo o Financial Times. Fundado há quatro anos, o Signature tem entre os clientes exchanges cripto, como a FTX, emissores de stablecoins e mineradores de Bitcoin.
Do total de US$ 103 bilhões em depósitos do banco, 23% estão relacionados ao setor cripto, e a meta é reduzir essa fatia para menos de 15%, disse o diretor operacional do Signature, Eric Howell, em conferência na terça-feira (6). O banco disse no mês passado que a FTX e empresas associadas respondiam por menos de 0,1% dos depósitos totais.
Outro banco dos EUA contagiado pela crise da FTX é o Silvergate Bank, cujas ações mostram baixa de 84% neste ano. Em carta aberta aos acionistas registrada na SEC, a CVM dos EUA, o CEO do Silvergate, Alan Lane, defendeu a decisão de aceitar depósitos do grupo FTX e da Alameda Research, braço de investimentos da exchange, dizendo que conduziu uma “extensiva diligência prévia” sobre as empresas. Senadores dos EUA enviaram uma carta a Lane pedindo mais informações sobre as operações do Silvergate relacionadas à FTX.
A instabilidade causada pela FTX também atinge a Amber Group, uma das maiores plataformas cripto da Ásia. A empresa de Singapura fez mais demissões em unidades ao redor do mundo e decidiu suspender uma rodada de financiamento de US$ 100 milhões, disse uma pessoa a par do assunto à Bloomberg.
No Twitter, a Amber reafirmou que as operações seguem com normalidade. Em setembro, a plataforma havia anunciado o corte de 10% da força de trabalho. Um dos cofundadores da Amber, Tiantian Kullander, de 30 anos, faleceu de forma inesperada durante o sono em novembro.
Na mira de reguladores globais, muitos se perguntam por que Bankman-Fried ainda não está preso, apesar das supostas irregularidades praticadas pelo grupo FTX. Mas especialistas jurídicos ouvidos pelo Decrypt destacam que nada foi provado ainda e que o caso não é simples, já que a holding FTX, com sede nas Bahamas, conta com mais de 100 entidades relacionadas.
“Em primeiro lugar, o fato de SBF e a FTX terem laços nas Bahamas acrescenta mais uma camada de complexidade à investigação dos EUA”, disse o advogado cripto, Charles Slamowitz. “Em segundo lugar, os promotores não estão muito familiarizados com fraudes de criptomoedas em larga escala, que é um tema com desenvolvimento mais recente.”
Em meio às investigações, Bankman-Fried e Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda, já preparam sua defesa, de acordo com a Reuters. SBF contratou Mark S. Cohen, da Cohen & Gresser, segundo confirmado por Mark Botnick, porta-voz do fundador da FTX. Cohen defendeu recentemente Ghislaine Maxwell em seu julgamento por tráfico sexual. Para representá-la, Ellison contratou o escritório de advocacia Wilmer Cutler Pickering Hale and Dorr, de Washington, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
Sam Bankman-Fried na mira de CZ
O CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, classificou o ex-CEO da FTX como “um dos maiores fraudadores da história”. No Twitter, CZ negou que tenha sido um dos responsáveis pelo colapso ao decidir liquidar os tokens FTT da FTX: “Nenhuma empresa saudável pode ser destruída por um tuíte”, disse. No entanto, houve um que pode ter destruído, afirmou, o “tuíte de Caroline (Ellison) 16 minutos depois do meu em 6 de novembro. Dados mostram que isso foi a causa real para as pessoas venderem FTT”.
Quem também chamou Bankman-Fried de “fraudador” foi Dave Ripley, prestes a assumir o posto de CEO da corretora cripto Kraken: “Temos informações para saber que houve fraude cometida lá”, disse em referência à FTX durante entrevista à Bloomberg na terça-feira (6), “Vai levar tempo para que os órgãos reguladores e o governo entrem em ação”.
Ripley também alfinetou o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, que chamou os tokens digitais de pedras de estimação (“pet rocks”), ao comentar o contágio causado pela FTX em entrevista à CNBC. Para o executivo da Kraken, o comentário revela que Dimon não tem conhecimento mais amplo sobre a tecnologia blockchain e inovação: Dimon está “claramente errado em todas as frentes”.
Debêntures digitais do Santander
Apesar do ceticismo de alguns players institucionais, outro gigantes redobram a aposta em ativos digitais. É o caso do Santander, que emitiu sua primeira debênture tokenizada, no valor de R$ 40 milhões, para a Indigo, empresa de gestão de estacionamentos como o do Aeroporto de Guarulhos e do Parque Ibirapuera, de acordo com o Valor.
A emissão foi realizada em parceria com a tokenizadora Vórtx QR e é a terceira do tipo no país, no âmbito do programa da CVM para testar a digitalização de ativos financeiros. A Vórtx QR tem autorização para captações de 12 emissores diferentes, segundo a reportagem.
Outros destaques das criptomoedas
A empresa de análise de risco LexisNexis Risk Solutions divulgou o relatório “Panorama Global de Fraude e Identidade”, que traz dados sobre o impacto de fraudes financeiras em diversas regiões do mundo, incluindo América Latina. De acordo com o estudo, as carteiras digitais representam um quinto das perdas por fraude na região da América Latina, com comerciantes de comércio eletrônico no Brasil, Chile e Colômbia sendo vítimas de mais fraudes do que outros segmentos.
Tony Fadell, responsável por criar o popular iPod da Apple, foi o designer escolhido pela Ledger para projetar o modelo da sua nova carteira de criptomoedas, a Ledger Stax. “A Ledger Stax é uma maneira útil de você assumir o controle de criptomoedas e colecionáveis digitais. Ela é construída em uma arquitetura intransigentemente segura e apresenta uma forma única projetada para acessibilidade e interatividade sem precedentes”, disse a empresa em nota à imprensa na terça-feira (6).
A ConsenSys, dona da popular carteira de criptomoedas MetaMask, divulgou várias atualizações e esclarecimentos sobre como armazena dados de usuários, depois que a comunidade cripto se opôs à nova política de privacidade da empresa, anunciada no mês passado. A ConsenSys informou que planeja excluir os dados de usuários após uma semana e destacou que as informações coletadas por meio de sua carteira cripto MetaMask e do provedor de infraestrutura Infura nunca são vendidos a terceiros.
A Nomura Holdings espera obter lucro em sua unidade cripto, a Laser Digital, dentro de dois anos, com a aposta de que a quebra da FTX vai aumentar a demanda por empresas mais seguras no setor de ativos digitais, informou a Bloomberg. A unidade pretende alavancar o apoio do banco de investimento de Tóquio para conquistar investidores institucionais e planeja contratar 50 funcionários até março, disse CEO Jez Mohideen.
Sushi, um protocolo de finanças descentralizadas (DeFi), enfrenta um déficit significativo que ameaça sua viabilidade operacional de longo prazo, de acordo com uma proposta de governança dos desenvolvedores do projeto, informou o CoinDesk.
A Block, empresa de pagamentos digitais de Jack Dorsey, está entre os investidores em uma rodada de financiamento de uma mineradora de Bitcoin na África alimentada por energia renovável. A Block e a gestora de venture capital Stillmark lideraram um investimento inicial de US$ 2 milhões na mineradora de energia verde Gridless, segundo comunicado.
Enquanto isso, a Blockstream, uma empresa de infraestrutura cripto, está buscando captação com uma avaliação 70% menor, abaixo de US$ 1 bilhão, disseram fontes à Bloomberg.