O mercado de criptomoedas opera sem rumo definido na manhã desta segunda-feira (3) após fechar o trimestre com fortes ganhos, enquanto investidores de ações reagem ao corte da produção de petróleo pela coalizão Opep+, decisão que surpreendeu traders e pode pressionar ainda mais a inflação global.
O Bitcoin (BTC) mostra estabilidade nas últimas 24 horas, cotado a US$ 28.362,97, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC perde 0,43%, negociado a R$ 144.579,46, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) recua 0,3% nas últimas 24 horas, para US$ 1.814,40.
A pouco mais de uma semana para a atualização Shanghai, em 12 de abril, quando usuários poderão sacar seus ETHs travados na rede Ethereum, o desenvolvedor Fabrício Miranda espera um impacto negativo no preço da segunda maior criptomoeda no curto prazo.
“Atualmente são 18 milhões de Ethereums depositados em contratos de ‘staking’ e isso está crescendo a uma média de um milhão de Ethereums depositados mês a mês. Já são mais de cem mil carteiras únicas fazendo ‘staking’ de Ethereum: isso significa que um maior número de pessoas está aprendendo a fazer o ‘staking’”, explicou Miranda ao Portal do Bitcoin durante o evento ETH Samba, no Rio de Janeiro.
Votação da Arbitrum
ARB, token nativo da Arbitrum, rede de segunda camada do Ethereum, cai 4,7% nas últimas 24 horas em meio à uma crise de governança. Segundo o Decrypt, a primeira proposta apresentada pela ArbitrumDAO, a organização autônoma descentralizada criada pela rede, foi rejeitada por 78% dos usuários, de acordo com dados preliminares.
Um ponto que gerou maior discordância sobre a proposta é a decisão de deixar cerca de 750 milhões de tokens ARB sob o controle da Fundação Arbitrum, que seriam alocados para “incentivos especiais”. Mas, nesse caso, usuários que possuem esses tokens não teriam voz sobre como os incentivos seriam distribuídos.
Diante da pressão, a Fundação Arbitrum disse no domingo (2) que vai dividir o polêmico pacote de governança em uma série de votações separadas.
Shiba Inu (SHIB) opera em queda de 3% nesta manhã. Apesar disso, dados da BlockScout mostram que a rede de testes Puppynet, que vai abrir caminho para o lançamento da blockchain Shibarium ainda este ano, processou mais de 700 mil transações de quase 200 mil carteiras únicas após seu lançamento em 11 de março.
Processo contra Musk
Dogecoin (DOGE) é um destaque de baixa e recua 4,8% nas últimas 24 horas. Elon Musk, dono da Tesla e do Twitter, é foco de um processo de US$ 258 bilhões que o acusa de promover um esquema de pirâmide para impulsionar a criptomoeda-meme.
Em documento registrado na noite de sexta-feira (31) em um tribunal federal de Manhattan, advogados de Musk classificaram o processo de investidores da Dogecoin como “obra de ficção” sobre os “tuítes inócuos e muitas vezes tolos” do empresário sobre o token, informou a Reuters.
“Não há nada de ilegal em tuitar palavras de apoio ou imagens engraçadas sobre uma criptomoeda legítima que continua a deter um valor de mercado de quase US$ 10 bilhões”, disseram os advogados de Musk, pedindo que os juízes arquivem o processo.
Outras altcoins mostram desempenho misto nesta segunda, entre elas BNB (-0,4%), XRP (+0,4%), Cardano (+4,2%), Polygon (-0,1%), Solana (-2,9%), Polkadot (-0,2%) e Avalanche (-1,9%).
Bitcoin hoje
No Brasil, o Bitcoin liderou as aplicações em março com ganho de 19,3% no mês e alta de 65,7% no primeiro trimestre, de acordo com o ranking do Valor Econômico.
Em segundo ficou o ouro, que se valorizou 4,28% em março e acumulou alta de 4,97% no trimestre.
Investidores que apostaram em produtos atrelados a criptoativos também lucraram. Fundos de índice, os chamados ETFs, com exposição a ativos digitais registraram o melhor desempenho da categoria na B3, conforme o InfoMoney.
O BITH11, que investe em Bitcoin e é administrado pela Hashdex, acumulava alta de 63,5% no mês até a quinta-feira (30). Outros ETFs de BTC também se destacaram: o QBTC11, da QR Asset, e o BITI11, do Itaú, entregaram retornos de pouco mais de 61% este ano.
Apesar do rali do Bitcoin no trimestre, a baixa liquidez nas negociações com a maior criptomoeda ainda preocupa.
Investidores estão pagando mais nas negociações devido à a diferença entre o preço esperado de uma transação e a cotação na qual a operação é totalmente executada, um sinal de piora na liquidez, disse à Bloomberg Conor Ryder, da Kaiko. Quanto maior a dificuldade na negociação, mais investidores estão expostos à volatilidade.
A ofensiva regulatória nos EUA pode ser uma das causas para a baixa liquidez.
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“É mais um indicativo da relutância institucional em oferecer liquidez no espaço”, disse Ryder, analista de pesquisa da empresa com sede em Paris. “Muitas empresas de criptomoedas não querem ser pegas no meio de uma batalha entre reguladores dos EUA e exchanges.”
Com os novos riscos para a inflação após a decisão da Opep+, o banco central americano também pode ser outro fator de pressão sobre ativos de risco, como as criptomoedas.
A BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, prevê maior volatilidade para os criptoativos no curto prazo.
Venda da Voyager
Entre as empresas na mira de autoridades americanas recentemente está a Binance, maior exchange cripto do mundo.
Na sexta-feira (31), uma juíza de Nova York disse que o governo dos EUA tem um “caso substancial sobre o mérito” em sua tentativa de anular o acordo de US$ 1 bilhão da Binance.US para comprar os ativos da plataforma de crédito cripto Voyager, informou o CoinDesk.
A juíza distrital Jennifer Rearden disse que pretende resolver a disputa rapidamente, já que os atrasos podem custar até US$ 10 milhões por mês.
Com o atual processo da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) contra a Binance por suposta oferta irregular de derivativos, a exchange pode enfrentar mais obstáculos para aprovar a compra da Voyager pela Binance.US, seu braço nos EUA.
Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Carol Alexander, economista e professora de finanças da Universidade de Sussex, no Reino Unido, destacou que há tempos já alertava sobre os problemas existentes na corretora que lidera o mercado de criptomoedas.
“O que é evidente é que a maior parte das negociações no setor acontece nas chamadas exchanges ‘autorreguladas’, com a maior delas sendo de longe a Binance, que representa cerca de 75% das negociações de derivativos e cerca de 55% das negociações à vista”, explica.
“Como são autorreguladas, essas exchanges não veem a necessidade de impedir manipulação ou outras más condutas, e não o fazem. Então é muito difícil acompanhar o que parece ser traders profissionais jogando um jogo de futebol sem árbitro, onde eles podem fazer o que quiserem.”
Uma das consequências da falta de regulação foi o colapso da exchange cripto FTX, cujo fundador Sam Bankman-Fried é acusado de desviar dinheiro de clientes.
Na Europa, a FTX UE iniciou o processo para permitir que os clientes retirem fundos bloqueados desde que a controladora entrou com pedido de recuperação judicial em novembro passado, de acordo com comunicado à imprensa na sexta-feira (31).
Regulação no Brasil
No Brasil, autoridades buscam avançar na regulação do setor e evitar casos como o da FTX.
De acordo com o Valor Econômico, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou um projeto de lei que prevê a chamada segregação patrimonial nas plataformas de criptoativos, que ficou fora do marco regulatório do setor.
O projeto de lei busca também estabelecer um capital prudencial mínimo para a operação das corretoras de ativos digitais, que devem ser reguladas pelo Banco Central.
Em outro PL, a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) defende autorizar o BC a emitir o real digital. O texto atualiza a lei 4.595, que criou o Banco Central e disciplinou suas principais atribuições, como emitir a moeda nacional, ainda em 1964.
Outros destaques das criptomoedas
Justin Sun, fundador da rede Tron, estaria negociando a venda de uma participação na exchange de ativos digitais Huobi Global, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto à Bloomberg. Sun sondou potenciais investidores nas últimas semanas, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.
Não está claro ainda qual o preço o chinês de 32 anos busca para a empresa ou qual o tamanho da fatia que está sendo oferecida.
Uma pesquisa realizada pela empresa britânica CLV Group revelou que os clubes de futebol podem arrecadar cerca de R$ 4,6 bilhões se investirem em tecnologia para melhorarem o seu relacionamento com o torcedor, segundo o jornal O Globo. O estudo ouviu mil pessoas entre 16 e 55 anos, que residem no Brasil, Reino Unido, Estados Unidos, Espanha e Itália, durante os três primeiros meses do ano.
A ZeroSync Association e a Blockstream, empresa de infraestrutura de Bitcoin, planejam transmitir provas de conhecimento zero do BTC – um tipo de criptografia que se tornou uma das tendências da tecnologia blockchain mais populares de 2023 – a partir do satélite da Blockstream, de acordo com o CoinDesk.
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