Sam Bankman-Fried, fundador e CEO da corretora de criptomoedas FTX
Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da corretora de criptomoedas FTX (Foto: Reprodução/YouTube)

Animados pelos dados que mostraram alívio da inflação nos EUA, investidores do mercado voltam a apostar em ativos de risco como criptomoedas e ações. Esta quarta-feira (14) é decisiva para os traders, que aguardam a decisão de juros do banco central americano. 

Enquanto isso, o mercado cripto acompanha os detalhes das acusações contra o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, e a onda de saques na Binance, maior exchange cripto do mundo.  

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O Bitcoin (BTC) avança 3,5% nas últimas 24 horas, para US$ 17.801,89. O Ethereum (ETH) sobe 2,8%, negociado a US$ 1.321,07, segundo dados do Coingecko. 

Em reais, o Bitcoin (BTC) ganha 3,4%, cotado a R$ 93.190,41, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB). 

As altcoins também operam em terreno positivo, entre elas XRP (+2,7%), Dogecoin (+1%), Cardano (+0,7%), Polygon (+1,4%), Polkadot (+3,5%), Shiba Inu (+3,5%), Solana (+5,33%) e Avalanche (+6,9%). 

A Binance Coin (BNB) se recupera do tombo dos últimos dias e sobe 1,7% nas últimas 24 horas. 

Acusações contra Bankman-Fried 

Após semanas de expectativa, o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) apresentaram na terça-feira (13) acusações criminais contra Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX. Bankman-Fried continua preso nas Bahamas, após seu pedido de liberdade sob pagamento de fiança ter sido negado. 

As mentiras de Bankman-Fried, dizem os promotores, remontam ao início da FTX, como destacado pelo New York Times. Desde a fundação de sua exchange em 2019, SBF se envolveu em fraudes generalizadas, acusaram as autoridades federais na terça-feira, e usou os depósitos de seus clientes para financiar suas atividades políticas, comprar imóveis luxuosos e investir em outras empresas. 

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Em um documento de 13 páginas, Bankman-Fried foi indiciado com oito acusações, incluindo fraude eletrônica contra clientes e credores, bem como conspiração para fraudar os Estados Unidos e violar as leis de financiamento de campanha.

Uma queixa civil apresentada pela SEC apresentou uma narrativa detalhada do colapso da FTX, alegando que por três anos Bankman-Fried desviou bilhões em depósitos de clientes para financiar seus negócios e atividades políticas. Segundo a SEC, o valor das fraudes chega a US$ 1,8 bilhão.

Somando todas as acusações, Bankman-Fried poderia pegar 115 anos de prisão, de acordo com a Bloomberg. 

Audiência no Congresso dos EUA 

John Ray III, o novo CEO da FTX que supervisiona o processo de recuperação judicial, disse a deputados na terça-feira (13) que os crimes cometidos no império de Bankman-Fried não eram sofisticados como os que ele descobriu na Enron há duas décadas. 

“Isso é realmente desvio de fundos à moda antiga”, disse em depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA. “Tem a ver apenas com pegar dinheiro dos clientes e usá-lo para seu próprio propósito. Nada sofisticado.”  

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Ray também destacou a conexão entre a FTX US e a divisão internacional: “O que estamos vendo agora é que os ativos cripto da FTX.com e da FTX US estavam armazenados no mesmo banco de dados”, afirmou no depoimento. 

O novo CEO revelou que a FTX anteriormente armazenava chaves privadas para carteiras digitais sem criptografia, deixando “centenas de milhões de dólares” vulneráveis a roubos ou outras atividades maliciosas. 

Brasileiros tiveram prejuízo com a FTX 

Um grupo de clientes da FTX de fora dos Estados Unidos, que tem cerca de US$ 1,6 bilhão em fundos bloqueados na exchange, contratou um escritório internacional de advocacia e busca criar um comitê oficial para proteger seus direitos de propriedade sobre os ativos, de acordo com o InfoMoney.

O caso é conduzido por Sarah Paul and Erin Broderick, que têm experiência em falências cripto, incluindo a exchange Mt. Gox. Brasileiros, em tese, poderiam participar do grupo, segundo a reportagem. 

Antônio (nome fictício), chef de cozinha em Santa Catarina, contou à BBC News Brasil que economizou por quase 6 anos para conseguir comprar uma casa. Mais tarde, vendeu o imóvel para aplicar em criptomoedas e decidiu transferir seus fundos de uma outra corretora para a FTX. Antônio estima que tinha ao redor de US$ 50 mil (aproximadamente R$ 260 mil). “Cara, nem sei falar como estou. Agora, um pouco melhor. Mas, quando aconteceu mesmo, eu caí no chão”, desabafa. 

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Saques na Binance 

Com sua empresa também atingida pela volatilidade após a quebra da FTX, o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, alertou sua equipe para “meses difíceis” à frente, mas afirmou que a maior corretora cripto do mundo vai superar os desafios atuais, escreveu em memorando visto pela Bloomberg. 

CZ destacou aos funcionários que a indústria de ativos digitais passa por “um momento histórico” e que a Binance está em uma posição financeira forte e “sobreviverá a qualquer inverno cripto”. 

“Embora esperemos que os próximos meses sejam turbulentos, vamos superar esse período desafiador – e seremos mais fortes por ter passado por isso”, escreveu o executivo, acrescentando que o recente colapso da FTX trouxe consigo “muito escrutínio extra e questões difíceis” sobre sua empresa, referindo-se às notícias sobre saques de clientes. 

Na mesma linha, o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, disse a funcionários que o medo do mercado e a volatilidade servem como “momento para brilhar”, de acordo com memorando visto pelo The Block. Armstrong afirmou que a Coinbase não tem exposição à Binance e conta com US$ 5 bilhões no balanço. 

Em tuíte nesta quarta-feira, CZ disse que “as coisas parecem ter se estabilizado” e que “os depósitos estão voltando”. O executivo havia informado que a Binance registrou US$ 1,14 bilhão em saques líquidos na terça. Na última semana, os saques líquidos somam US$ 3,7 bilhões. 

Em termos de número de tokens, o volume de saída diária de Bitcoin e Ethereum foi recorde, mostram dados da empresa de pesquisa CryptoQuant citados pela Bloomberg. Foram retirados 40.353 bitcoins líquidos e 278.017 ETH na terça-feira. 

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Retiradas de USDC 

A onda de saques na Binance causou alguns problemas na plataforma. Durante a manhã da terça-feira (13), a plataforma anunciou que estava conduzindo uma troca de tokens envolvendo a stablecoin USDC, emitida pela Circle.  

Por volta das 14h, o serviço foi normalizado. O CEO da Binance explicou que a corretora estava esperando a abertura de um banco em Nova York para retomar as operações, o que causou ansiedade no mercado devido à semelhança com uma mensagem enviada anteriormente pela FTX, quando sofreu um aumento no volume de saques.  

O analista de cripto John Paul Koning cogitou em tuíte que o maior volume de saques em USDC poderia ter esgotado as reservas dessa stablecoin da Binance, o que teria levado à suspensão de retiradas. 

Em nota ao Portal do Bitcoin, a Binance buscou tranquilizar investidores: “Pessoas depositam e sacam recursos todos os dias por diversos motivos diferentes. Ativos dos usuários na Binance são todos lastreados 1:1, e a estrutura de capital da Binance não tem dívidas (…).” 

Em relação aos rumores sobre a saúde da empresa, CZ afirmou: “FUD nos ajuda a crescer”, fazendo referência ao jargão do mundo cripto para “Fear, Uncertainty and Doubt” (medo, incerteza e dúvida).   

Enquanto isso, a Binance busca ganhar mercado nos EUA com o lançamento do serviço de pagamentos para clientes no país, informou o CoinDesk. Disponível fora dos EUA desde fevereiro de 2021, o Binance Pay permite que usuários enviem, solicitem e recebam cerca de 150 moedas digitais diferentes de outros usuários, permitindo transferências instantâneas e com custo zero. 

Migração da Tether 

Em meio à volatilidade no mercado de stablecoins, a Tether Holdings, responsável pela emissão da stablecoin USDT, coordenou com a Binance uma migração de US$ 3 bilhões do token da blockchain Tron para a rede Ethereum, mais popular e mais utilizada por usuários. 

A Tether também vai deixar de emprestar suas próprias stablecoins a clientes até o próximo ano. Em comunicado no blog da empresa na terça-feira, a empresa disse que vai reduzir os empréstimos garantidos emitidos e denominados em USDT para zero ao longo de 2023. 

O risco dos empréstimos da Tether com a própria stablecoin foi alertado pelo Wall Street Journal no início do mês. Com cerca de US$ 66 bilhões em circulação, a USDT é a maior stablecoin do mercado, um ativo digital com valor fixo atrelado ao dólar. 

Outros destaques das criptomoedas

A Austrália planeja estabelecer um marco para licenciar e regulamentar provedores de serviços cripto em 2023, informou o The Block. O governo australiano pretende definir quais ativos digitais devem estar sujeitos às leis de serviços financeiros e quais regras são apropriadas para proteger consumidores. 

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na terça-feira (13) que a entidade planeja introduzir o real digital até 2024, mesmo com o sucesso do Pix, lançado em plena pandemia de Covid-19. Os comentários foram feitos durante uma conferência organizada pelo site Poder360.

Campos Neto disse que o BC deve conduzir um programa de testes piloto a partir do ano que vem com algumas instituições financeiras, antes de iniciar o uso mais amplo da chamada moeda digital de banco central, ou CBDC, na sigla em inglês. 

O Banco do Brasil anunciou um investimento estratégico de R$ 10,5 milhões na Pagaleve, startup de meios de pagamentos especializada em checkout digital para o varejo, conforme o Valor. O aporte, um coinvestimento em uma rodada liderada pela Salesforce Ventures, é o segundo realizado pelo BB Ventures, fundo administrado pela MSW Capital. O primeiro investimento foi na fintech cripto Bitfy. 

Investidores de fundos de capital de risco estão de olho em startups de inteligência artificial, em meio ao modismo cada vez mais forte em torno da “inteligência artificial generativa”, que tem ocupado o vácuo deixado por projetos de criptomoedas e blockchains, de acordo com o Financial Times. “Existe um enorme ciclo de modismos”, afirmou Colin Treseler, cofundador da Supernormal, que usa IA para resumir reuniões virtuais. “A moda da Web3 acabou e essas pessoas precisavam de outro lugar para ir.” 

Durante os anos de expansão do mercado cripto, o número de moedas digitais acompanhava o ritmo, quase quadruplicando de 2019 até o início de 2022, com base em dados do site Statista divulgados pelo CoinDesk. Mas, desde o pico de 10.397 moedas em fevereiro de 2022, 1.000 tokens deixaram de existir, marcando a maior queda já registrada nos 13 anos da indústria cripto. 

Apesar do desaquecimento do mercado de tokens não fungíveis em 2022, a coleção de usuários do Reddit atingiu 5 milhões de NFTs em mais de 4 milhões de carteiras, conforme a Exame. A rede social anunciou a criação de NFTs em julho deste ano, e desde então, os avatares do Reddit ganharam popularidade entre usuários. 

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