Manhã Cripto: Bitcoin pisa no freio; Binance suspende saques via transferência bancária nos EUA e corretora vai devolver US$ 157 milhões para a FTX

Exchange dos “Gêmeos do Facebook” planeja operação global para driblar reguladores dos EUA; Coinbase quer ficar no Canadá, enquanto Binance deve sair
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Investidores de criptomoedas pisam no freio nesta quinta-feira (30) em meio à realização de lucros, em contraste com o maior apetite por ações refletido nos índices da Europa e futuros em Nova York. 

Prestes a fechar seu melhor trimestre em dois anos, o Bitcoin (BTC) mostra estabilidade nas últimas 24 horas, cotado a US$ 28.571,46, segundo dados do Coingecko.  

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Em reais, o BTC sobe 0,36%, negociado a R$ 148.124,57, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

O Ethereum (ETH) recua 1,2%, para US$ 1.800,25. Em sete dias, a segunda maior criptomoeda registra ganho de 3%, enquanto o BTC avança 4% no período. 

Temporada das altcoins 

XRP tem queda de 7,4% depois do salto de 19% na sessão anterior. O token emitido pela Ripple Labs tem sido beneficiado pela expectativa de uma decisão favorável nos tribunais na disputa com a SEC dos EUA, que insiste em argumentar que o ativo é um valor mobiliário. 

Apesar da queda nesta quinta, o valor de contratos em aberto no mercado de futuros atrelados ao XRP aumentou quase 90%, para US$ 843 milhões, de acordo com dados da Coinglass divulgados pelo CoinDesk. O token já subiu 57% desde 22 de março. 

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Traders apostam que uma vitória da Ripple poderia dar início a um rali das altcoins que, no entanto, operam no vermelho nesta manhã, entre elas BNB (-1,3%), Cardano (-2,4%), Dogecoin (-2,1%), Polygon (-2,8%), Solana (-3,6%), Polkadot (-2,2%), Shiba Inu (-2,1%) e Avalanche (-1%). 

Bitcoin hoje 

Nesta quinta, o mercado acompanha os planos da exchange cripto Gemini, a empresa dos gêmeos do Facebook, para lançar uma plataforma de derivativos internacional como forma de driblar as pressões de reguladores americanos

Os investidores também reagem à decisão da Coinbase de permanecer no Canadá em meio à ofensiva regulatória no país, enquanto a Binance pretende sair.  

A maior exchange cripto do mundo também enfrenta mais desafios com nova pressão da CVM no Brasil e investigações nos EUA

Em mais um capítulo da recuperação judicial da FTX, a corretora cripto OKX disse que identificou US$ 157 milhões em ativos que pertencem ao grupo e que planeja devolver os valores à nova gestão da exchange fundada por Sam Bankman-Fried e à Alameda Research, braço de trading do império falido.

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A OKX também anunciou planos para expandir as operações na Austrália. 

O Bitcoin subiu mais de 17% nas últimas duas semanas, mostrando resiliência diante dos obstáculos regulatórios e sugerindo que o ativo pode estar nos estágios iniciais de um ciclo de alta, de acordo com análise do CoinDesk

O preço ultrapassou brevemente US$ 29 mil na madrugada desta quinta-feira, mas depois perdeu força. 

Dados on-chain indicam que alguns traders e baleias – investidores com grandes volumes de tokens – decidiram realizar lucros após semanas de ganhos, o que poderia pesar sobre as cotações nos próximos dias, segundo a CryptoQuant. 

Stablecoin em iene 

Em outro destaque, o MB (Mercado Bitcoin) listou a Gyen (GYEN), a primeira stablecoin regulamentada no mundo atrelada ao iene, ontem, dia 29 de março. 

A Gyen é emitida na rede Stellar, uma blockchain pública projetada para facilitar a emissão e o intercâmbio de ativos digitais. Além da stablecoin de iene, o MB também anunciou recentemente a listagem da Tether (USDT), stablecoin atrelada ao dólar. 

Aliás, a dominância da USDT atingiu o maior nível em 22 meses em meio aos saques de US$ 10 bilhões da USDC, stablecoin emitida pela Circle que sentiu o impacto do colapso de bancos americanos que trabalhavam com a indústria cripto, como o Silicon Valley Bank, Signature e Silvergate Capital. 

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Nos EUA, o órgão regulador FDIC planeja vender a Signet, rede de pagamentos em tempo real do Signature, usada por empresas cripto, segundo o Wall Stret Journal. A agência deu o prazo até 5 de abril para que clientes cripto retirem o dinheiro ainda depositado no Signature. Caso contrário, receberão um cheque com os valores. 

Binance nos EUA 

A falência do Signature também afeta a Binance.US, que suspendeu temporariamente depósitos e saques por meio de transferências bancárias nos EUA. 

A ex-CEO da subsidiária da Binance nos EUA contratou o ex-promotor federal e supervisor sênior da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) para representá-la nas investigações do governo americano sobre a maior exchange cripto do mundo, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto à Reuters.

Catherine Coley, que lançou a Binance.US em 2019 e saiu repentinamente dois anos depois, está sendo aconselhada por James McDonald, agora sócio do escritório de advocacia Sullivan & Cromwell de Nova York, disse a pessoa.  

Não está claro quando McDonald começou a representar Coley nas investigações dos EUA, embora ele tenha aparecido como seu advogado de registro em outro litígio civil contra a Binance.US em janeiro de 2022, mostram os registros do tribunal.  

Os problemas da Binance se acumulam. Reportagem do Financial Times revelou que a exchange ocultou suas operações na China após alegar ter deixado o país. 

Novo alvo da SEC 

Em incansável ofensiva, a SEC, o “xerife” de Wall Street, abriu um processo contra a exchange cripto Beaxy.com e vários executivos por falhas de registro na quarta-feira (29), segundo a Reuters. 

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A SEC acusou a empresa de Chicago por trás da Beaxy e algumas afiliadas de atuar em várias funções, como exchange, corretora e agência de compensação sem se registrar na agência. Essa estrutura, comum na indústria cripto, é criticada pelo presidente da SEC, Gary Gensler, por conflitos de interesse e riscos para os investidores. 

Outros destaques das criptomoedas  

O Banco Central deve divulgar em abril o relatório sobre nove usos de casos do real digital, no âmbito do programa LIFT Challenge. Segundo Fabio Araújo, coordenador do projeto do real digital no BC, foram recebidas 47 propostas, de 43 empresas e oito países. 

“O LIFT Challenge se encerrou em fevereiro, estamos em fase de elaboração de relatório e devemos divulgar em breve. Fomos positivamente surpreendidos pela diversidade de propostas”, comentou em evento da Abecs divulgado pelo Valor

A CVM autorizou a plataforma Mercado de Startups da SMU Investimentos a iniciar a negociação, no mercado secundário, de tokens de startups que fizeram captações de recursos por meio de crowdfunding, segundo o Valor. A plataforma tem ao todo cinco tokens prontos para serem negociados nos próximos meses. 

A blockchain Algorand, focada no oferecimento de transações mais rápidas por meio de criptoativos, lançou um “kit de ferramentas” que busca simplificar a migração de desenvolvedores para o ambiente da web3, facilitando com isso o desenvolvimento de projetos ligados à nova geração da internet, informou a Exame. O recurso, batizado de “AlgoKit”, já está disponível.