Brasil
Shutterstock

O mercado de criptomoedas desacelera nesta terça-feira (5) os ganhos iniciais da semana. Na Ásia, os sinais de maior apetite por risco ajudaram o Bitcoin a subir inicialmente para a casa dos US$ 20 mil, mesmo diante da crise de liquidez de plataformas de empréstimo – mas o rally perdeu força com o passar das horas. Os índices futuros apontam para uma abertura no vermelho das bolsas dos Estados Unidos, que ficaram fechadas na segunda-feira (4) devido ao feriado do Dia da Independência.

O Bitcoin (BTC) sobe 1,5%, cotado a US$ 19.739, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum mostra mais força e avança 5,1%, para US$ 1.126.

Publicidade

Já as principais altcoins mostram bom desempenho como Binance Coin (+8,2%), XRP (+3,4%), Cardano (+3,9%), Solana (+9,7%), Dogecoin (+4,4%), Polkadot (+4,4%), Shiba Inu (+6,9%) e Avalanche (+7,1%).

Apesar dos ganhos iniciais desta terça-feira (5), o Índice de Medo e Ganância permanece em território de “extremo medo”, já que a indústria cripto continua a digerir a série de notícias negativas, impacto de juros mais altos e risco de recessão, de acordo com o CoinDesk.

“Há possibilidades do preço cair para a região dos 15 mil dólares ou até patamares mais baixos como 12 mil dólares caso não tenha um movimento de respiro com um volume considerável”, avalia Eduardo Andrade, trader do MB, em artigo do E-Investidor.

Foco nacional

No Brasil, o deputado Expedito Netto (PSD-RO) apresentou na segunda-feira (4) o parecer do projeto de lei que prevê a regulamentação do mercado de criptoativos no Brasil, conforme o Valor. A principal mudança em relação ao texto enviado pelo Senado é a rejeição do dispositivo que obriga empresas estrangeiras a fazerem registro imediato de CNPJ e a estarem conectadas ao Siscoaf para operar no país. O PL está na pauta de votação da Câmara e pode ser votado a partir desta terça (5).

Publicidade

“Se não acontecer de aprovar isso agora e ficar só pro ano que vem ou para novembro, a gente pode causar cada vez mais algo temerário para o mercado em termos de risco sistêmico em competição”, disse ao jornal O Globo Julien Dutra, diretor de Relações Governamentais da 2TM, controladora da corretora MB.

Mirelis Yoseline Díaz Zerpa, de 38 anos, mulher de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, divulgou um vídeo de desabafo na segunda-feira (4) em que fala pela primeira vez sobre sua vida desde a operação Kryptos, que levou à prisão de Glaidson, acusado de um esquema bilionário de fraudes envolvendo criptomoedas. De acordo com o Globo, a venezuelana, que está foragida, não revela sua localização e diz que ‘é o momento de ‘abrir a caixa de Pandora’.

Perto do piso?

Analistas da Glassnode observam vários indicadores, como quando o Bitcoin cai abaixo de uma média móvel, para determinar quando a criptomoeda está prestes a atingir um piso. E atualmente muitos deles repetem padrões observados em novembro de 2018 e março de 2020, quando o BTC chegou ao chamado fundo do poço, destaca análise da Bloomberg, que cita dados da Glassnode.

O Bitcoin teve um dos piores trimestres já registrados, com queda de 60% entre abril e junho. Apesar de grande parte das perdas já estar precificada, isso não descarta o risco de o BTC cair ainda mais, alerta Ross Mayfield, analista de estratégia de investimento da Baird. “O Fed continuará a aumentar as taxas de juros e, se entrarmos em recessão, haverá ainda menos apetite por ativos muito arriscados e especulativos”, disse Mayfield.

Publicidade

Um ponto positivo é que o fluxo de Bitcoins retirado das exchanges para acumulação de longo prazo continua, observa Brett Munster, da Blockforce Capital. “Ao contrário de 2018, quando a demanda por Bitcoin caiu durante o ‘crash’ dos preços, não há sinais de desaceleração da adoção hoje”, afirmou. “Apesar da recente queda de preços, os fundamentos do Bitcoin são indiscutivelmente mais fortes agora do que em qualquer outro momento de sua história.”

Relatório da Glassnode reforça essa percepção, sugerindo que a forte desvalorização do Bitcoin “expulsou os turistas do mercado de criptomoedas”.

Saques limitados

Depois da Vauld, que suspendeu saques, negociações e depósitos, foi a vez da CoinLoan, uma plataforma que oferece empréstimos garantidos por criptomoedas, reduzir temporariamente o limite para retirada de recursos por clientes. Em comunicado na segunda-feira (4), a empresa, que opera sob licença da Autoridade Financeira da Estônia, citou a atual turbulência do mercado para justificar a medida, mas disse que não tem exposição ao hedge fund cripto Three Arrows Capital.

Depois de demitir 150 pessoas de acordo com o portal Calcalist, a Celsius, que também enfrenta uma crise de liquidez, pagou US$ 120 milhões de um empréstimo garantido por Bitcoin ao protocolo Maker. Com isso, a plataforma de empréstimos americana-israelense diminui o risco de liquidação da posição, informou o The Block.. A empresa ainda deve US$ 82 milhões ao Maker.

Outros destaques

A Binance voltou a permitir saques e depósitos em reais para pessoas físicas em sua plataforma no fim da tarde de segunda-feira (4). A operação está sendo viabilizada pela Latam Gateway e pelo Banco BS2 (antigo Banco Bonsucesso). Os serviços estavam suspensos desde 17 de junho, quando a Binance anunciou o fim do acordo com a Capitual. O caso agora envolve um processo na Justiça que já travou R$ 450 milhões das contas da Capitual a pedido da Binance. Ao Valor, a corretora disse que as medidas tomadas contra a ex-parceira têm como objetivo “proteger os usuários e seus recursos e assegurar que não sejam afetados negativamente pela mudança”.

A plataforma de negociação de commodities Gavea Marketplace, que tokeniza contratos de grãos por meio de tecnologia blockchain, planeja estrear no crédito rural ainda este ano, informou o Valor. A empresa desenvolveu uma espécie de classificação de produtividade que calcula quanto um produtor pode tomar como empréstimo.

Publicidade

Guilherme Rebane, head da América Latina da OSL, empresa de ativos digitais com sede em Hong Kong e também presente nas Américas, destaca a sofisticação do mercado de criptoativos brasileiro. “As exchanges globais querem vir para o Brasil a todo custo. De fato, o Brasil é referência e está no páreo dos grandes players globais e à frente de muita gente”, afirmou em entrevista ao E-Investidor.

Já a Coinbase espera o fim do inverno cripto para acelerar sua expansão no Brasil, de acordo com reportagem da agência Broadcast. O centro global de engenharia estruturado para atender as operações da exchange cripto na América Latina congelou as contratações e conta com 40 engenheiros. No início do ano, a expectativa da Coinbase era ter 130 empregados no país.

Uma nova taxa de transações tem reduzido o volume de negociação em exchanges cripto na Índia. Três corretoras – ZebPay, WazirX e CoinDCX – registraram quedas entre 60% e 87% no valor das negociações diárias imediatamente após o imposto de 1% deduzido na fonte entrar em vigor em 1º de julho, mostram dados do CoinGecko. Na Giottus, o volume despencou 70%, disse o CEO à Bloomberg.

Diante da preocupação com a venda de bitcoins recém-minerados, relatório da Coinbase publicado pelo InfoMoney CoinDesk diz que o movimento não gera pressão significativa no mercado. “Se todos os BTC recém-emitidos fossem imediatamente vendidos, isso equivaleria a uma pressão de venda diária de apenas 900 criptomoedas”, de acordo com o estudo.

A CoinShares concluiu a aquisição da Napoleon Asset Management, que tem sede em Paris. A CoinShares, sediada em Jersey, afirma ser a maior empresa de ativos digitais da Europa e agora pode oferecer seus produtos negociados em bolsa (ETPs) e outros veículos de investimento em toda a UE, segundo o CoinDesk.

Regulação, Cibersegurança e CBDCs

Em Singapura, o banco central estuda novas regras para proteger consumidores diante do colapso de várias empresas cripto, incluindo companhias com sede na cidade-estado. As medidas podem incluir “limites para a participação do varejo e regras sobre o uso de alavancagem ao realizar transações com criptomoedas”, disse o presidente da Autoridade Monetária de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, em resposta a uma pergunta do parlamento.

Publicidade

Na União Europeia, parlamentares querem apertar o cerco contra plataformas de negociação de tokens não fungíveis. Em propostas de emendas à legislação publicadas segunda-feira (4), membros do parlamento europeu destacaram que NFTs deveriam estar sujeitos às leis da UE contra a lavagem de dinheiro, informou o CoinDesk. Parlamentares do Partido Verde e socialistas também querem incluir carteiras cripto não hospedadas e finanças descentralizadas sob as mesmas regras.

A Universidade de Maastricht, nos Países Baixosgastou 200 mil euros em Bitcoin em 2019 como resgate por um ataque ransomware feito por criminosos. Agora, autoridades do país conseguiram rastrear uma conta com parte dos ativos e entregar de volta à instituição o equivalente a meio milhão de euros – diferença gerada pela valorização do BTC no período, mesmo com a queda recente.

Metaverso, Games e NFTs

A plataforma Chia quer destronar as redes Ethereum e Solana do mercado de NFTs. A empresa lançou o padrão NFT1 na sua rede principal, semanas após ter implementado o padrão inicial NFT0 na rede de testes. Em conversa com o Decrypt, o presidente e diretor operacional da Chia Network, Gene Hoffman, sugeriu que a nova plataforma NFT pode ser bem mais sustentável que a Ethereum e oferecer maior estabilidade que a Solana, que enfrenta problemas de paralisação desde o ano passado. 

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Wall Street não esperava sucesso do Bitcoin e interesse institucional segue crescendo, dizem especialistas

Wall Street não esperava sucesso do Bitcoin e interesse institucional segue crescendo, dizem especialistas

Preston Pysh, gestor da ego death capital, disse que os ETFs de Bitcoin tiveram os melhores desempenhos já vistos para esse tipo de produto
presidente da SEC Gary Gensler - flicker

Gary Gensler renuncia presidência da SEC com volta de Trump à Casa Branca

Após liderar a ofensiva da SEC contra o setor de criptoativos, Gary Gensler deixará o cargo em 20 de janeiro
Imagem da matéria: Chainlink se une ao piloto do Drex em consórcio com Banco Inter e Microsoft

Chainlink se une ao piloto do Drex em consórcio com Banco Inter e Microsoft

A Chainlink vai utilizar sua tecnologia para gerar interoperabilidade entre o Drex e um banco central estrangeiro
Imagem da matéria: Bitcoin supera prata e se torna o 8º maior ativo do mundo

Bitcoin supera prata e se torna o 8º maior ativo do mundo

O Bitcoin subiu mais de 9% e ultrapassou o valor de mercado da prata pela segunda vez no ano