O mercado de criptomoedas continua na gangorra, à espera de um catalisador para definir um rumo neste inverno das moedas digitais. O Bitcoin (BTC) opera em queda de 3,8% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 29.319, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem desvalorização de 4,7%, negociado a US$ 1.971.
No Brasil, o Bitcoin recua 4,4%, para R$ 142.232, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Curiosamente, as criptomoedas não seguiram os índices acionários americanos ao longo da segunda-feira, apesar dos ganhos iniciais na sessão da Ásia. O S&P 500 fechou em alta de 1,8%, o Dow Jones subiu 1,9% e o Nasdaq avançou 1,5%, com investidores um pouco mais otimistas sobre as perspectivas para o consumo nos Estados Unidos.
“Não temos balanços [esta semana], não tivemos uma stablecoin perdendo US$ 48 bilhões e não tivemos uma ordem executiva presidencial”, disse Mark Connors, chefe de pesquisa da 3iQ Digital Asset, ao CoinDesk. Para ele, o desempenho do mercado cripto continuará incerto até a divulgação do relatório de inflação ao consumidor dos EUA no início de junho.
Investidores de criptomoedas de fato parecem ter pisado no freio. O total sob gestão em fundos que investem em criptoativos caiu para US$ 38 bilhões, o menor nível desde julho de 2021, aponta relatório da CoinShares. Na semana encerrada em 20 de maio, produtos de investimento em ativos digitais registram saídas de US$ 141 milhões. Fundos de Bitcoin foram os mais atingidos, com saques de US$ 154 milhões no período.
Alerta para riscos
A Polícia Metropolitana de Seul busca congelar os ativos da Luna Foundation Guard após o colapso da stablecoin TerraUSD (UST), segundo o jornal KBS. Várias exchanges de criptomoedas foram instruídas a impedir que a LFG faça saques. Não se sabe quais corretoras receberam a ordem ou se cumpriram a medida.
Reportagem do Financial Times revelou que, semanas antes do colapso, a Binance promoveu o programa de empréstimos Anchor, da Terra, que atraiu muitos investidores para a UST e LUNA. Em 6 de abril, a exchange descrevia os tokens no Telegram como “uma oportunidade segura e feliz” para obter retornos de 20%, sem alertar para os riscos, segundo o jornal.
Em resposta ao FT, a Binance disse que está reavaliando campanhas de projetos como LUNA antes de serem promovidos.
Em Davos, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, fez uma clara defesa do potencial dos criptoativos, apesar da recente turbulência, de acordo com a Bloomberg. O mundo cripto “oferece a todos nós um serviço mais rápido, custos muito mais baixos e mais inclusão”, disse, destacando a necessidade de identificar riscos entre os ativos. Segundo Georgieva, é responsabilidade dos reguladores oferecer proteção e informações para educar investidores.
Gustavo Loyola, ex-diretor do Banco Central, concorda. Em entrevista ao E-Investidor, ele defendeu uma regulação que que evite o uso de criptomoedas em crimes financeiros e ofereça “maior transparência sobre as negociações”.
Derretidas
O derretimento do ecossistema do projeto Terra já pode ser considerado um dos grandes marcos da história das criptomoedas.
Mas pelo menos cinco ativos antes considerados promissores registravam desvalorização de mais de 90% até a segunda-feira (23) em relação às máximas: Internet Computer (ICP), Filecoin (FIL), EOS, dYdX (DYDX) e LooksRare (LOOKS), segundo dados do CoinGecko e CoinMarketCap.
As principais altcoins operam no vermelho nesta terça-feira (24) como Binance Coin (-0,2%), XRP (-3,6%), Cardano (-5,1%), Solana (-6,2%), Dogecoin (-3,8%), Polkadot (-3,2%), Avalanche (-8,3%) e Shiba Inu (-3,6%), mostram dados do CoinGecko.
Outros destaques
A varejista de videogames GameStop lançou uma carteira que permitirá o armazenamento, envio e recebimento de criptomoedas e tokens não fungíveis entre diversas aplicações cripto. Será compatível com a negociação de NFTs por meio do futuro lançamento do mercado NFT da GameStop, previsto para iniciar operações ainda em 2022.
A polêmica grife francesa Balenciaga realizou seu desfile de moda da primavera 2023 no pregão da Bolsa de Valores de Nova York no domingo (22), em meio aos planos para começar a aceitar Bitcoin e Ethereum em compras online e algumas lojas físicas, de acordo com o Wall Street Journal.
A chinesa Blockchain-based Service Network (BSN), que tem financiamento do governo chinês, lança em agosto blockchains com código aberto no mercado internacional. A ferramenta Spartan Network permitirá o acesso às redes sem que os clientes tenham conhecimento sobre a tecnologia e com um elemento de forte de interoperabilidade entre elas, disse um porta-voz da BSN à CNBC. Como as criptomoedas são proibidas no país, as redes não terão tokens financeiros.
A empresa de defesa Lockheed Martin e a Filecoin Foundation poderão em breve tornar uma rede blockchain de código aberto acessível no espaço, segundo anúncio em evento organizado na segunda-feira pela Filecoin à margem do Fórum Econômico Mundial, em Davos, informou o CoinDesk.
O Sumitomo Mitsui Trust planeja abrir uma empresa este ano para fornecer serviços de custódia de ativos digitais a investidores institucionais, um passo que considera crucial na construção de infraestrutura para melhorar sua posição no setor, de acordo com o Nikkei Ásia.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Em caráter liminar, a juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial da Capital do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), determinou a suspensão por 180 dias de todas as ações e execuções de dívidas da GAS Consultoria, empresa de Glaidson Acácio dos Santos, o ‘”Faraó dos Bitcoins”. A empresa tem 30 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, de acordo com a Agência Brasil.
Em resposta a um estudo do Federal Reserve, bancos de Wall Street argumentam que o governo dos EUA deve adiar o lançamento de um dólar digital devido ao risco de drenar centenas de bilhões do sistema financeiro. Uma moeda digital do banco central americano, ou CBDC, seria uma concorrente direta de depósitos bancários privados, o que poderia reduzir a oferta de crédito para empresas e famílias, de acordo com a American Bankers Association e o Bank Policy Institute.
Para o Banco Central Europeu, os links de criptoativos com bancos representam uma ameaça ao sistema financeiro, mas a instituição planeja lançar um protótipo do euro digital até o fim de 2023, segundo o Financial Times.
Doze por cento dos adultos nos EUA possuíam criptomoedas em 2021, de acordo com estudo do Federal Reserve. A primeira pesquisa anual com 11 mil pessoas mostra que os americanos têm pouco interesse em cripto como moeda e são, em grande parte, investidores, segundo o CoinDesk. Apenas 3% dos entrevistados haviam realizado pagamentos ou enviado cripto no ano anterior, enquanto 11% tinham investimentos nesses ativos.
O BCE também divulgou sua pesquisa sobre criptoativos. Uma média de 10% das famílias na zona do euro possui criptoativos, sendo 6% na França e 14% nos Países Baixos, por exemplo, conforme a Reuters.
Metaverso, Games e NFTs
Magistrados entusiastas do metaverso acreditam que a nova tecnologia poderá ser uma opção para audiências virtuais, destaca reportagem da Folha. A tecnologia já permite abrir as portas do Judiciário para um público mais amplo, por meio de palestras e visitas.
A ONG Mães da Sé colocou à venda um token não fungível com a foto de Fabiana Esperidião da Silva, desaparecida em 1995 em São Paulo, pelo preço mais caro permitido no OpenSea: mais de R$ 900 quatrilhões, de acordo com a Veja. Por esse preço, a expectativa não é a venda do NFT, mas alertar sobre o valor “imensurável” da vida de crianças desaparecidas no Brasil.
A terceira temporada da série Love, Death + Robots estreou na última sexta-feira (20) na Netflix e trouxe uma surpresa para os entusiastas de criptomoedas: uma caça de NFTs escondidos no universo da produção, que podem ser resgatados por meio de códigos QR espalhados tanto no mundo digital quanto no físico.