O mercado de criptomoedas dá sinais de estabilização nesta sexta-feira após o caos provocado pelo colapso da stablecoin TerraUSD. O Bitcoin (BTC) sobe 8,4% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 30.408, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) avança 8,5%, para US$ 2.074..
No Brasil, o Bitcoin amanhece em alta de 10,1%, negociado a R$ 157.921, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins disparam nesta sexta-feira depois do abalo nos últimos dias como Binance Coin (+18,4%), XRP (+18,6%), Cardano (+30,4%), Solana (+20,7%), Dogecoin (+16,5%), Polkadot (+33,8%), Avalanche (+21,7%) e Shiba Inu (+27,3%), segundo dados do CoinGecko.
Binance deslista LUNA
A Binance interrompeu as negociações de LUNA e UST e deslistou o token e a stablecoin, conforme aponta o Decrypt. Na quinta-feira (13), a corretora havia afirmado que iria tomar tal atitude caso o preço de LUNA caísse para abaixo de US$ 0,005. Segundo o Coingecko, o ativo vale US$ 0,00000947.
A blockchain da stablecoin TerraUSD e do token LUNA parou de processar novas transações pela segunda vez em menos de um dia. A Terraform Labs disse em tuíte que os validadores, responsáveis por verificar as transações na blockchain, adotaram a medida com o objetivo de “elaborar um plano para reconstituir” a rede Terra.
No início da tarde da quinta-feira (12), a blockchain Terra já havia interrompido a produção de novos blocos para a prevenção de ataques de governança e reduzir o impacto da queda do preço, que levou o token nativo LUNA a zero.
Em meio a temores de que a Tether (USDT), a maior stablecoin, também pudesse perder a confiança dos investidores e sua paridade com o dólar, o diretor de tecnologia da empresa, Paolo Ardoino, se apressou em acalmar o mercado no Twitter Spaces. Na quinta-feira, a USDT chegou a cair para US$ 0,9455, o menor nível desde dezembro de 2020, mas a stablecoin é novamente negociada perto de US$ 1. A USD Coin, segunda maior stablecoin, também mantém a paridade.
Sétima semana de baixa do Bitcoin
Apesar da retomada nesta sexta-feira, o Bitcoin pode fechar a sessão com a sétima baixa semanal seguida, um recorde, de acordo com a Reuters. Em sete dias, a maior criptomoeda acumula desvalorização de 16,7%, enquanto o Ethereum, a segunda maior, mostra queda de 24,3%.
Scottie Siu, diretor de investimentos da Axion Global Asset Management, de Hong Kong, ainda recomenda cautela e acredita que o mercado só irá se estabilizar quando “os especuladores estiverem fora”.
Um total de US$ 1,8 trilhão evaporou do mercado global de criptomoedas desde a máxima de US$ 3 trilhões em novembro, uma queda superior a 50%, de acordo com o CoinGecko.
“Sendo sincero, acho métricas em blockchain bem inúteis no atual mercado, pois o Bitcoin está claramente bem ligado” ao desempenho das ações nesta onda vendedora, disse Bendik Norheim Schei, líder de pesquisas na Arcane Research, em e-mail ao Decrypt.
No entanto, na quinta-feira o Bitcoin conseguiu se descolar relativamente dos índices acionários dos EUA. O S&P 500 terminou em leve queda de 0,13%, aos 3.858,87 pontos. Caso o índice feche abaixo de 3.837,25, isso marcaria uma queda de 20% desde a máxima e a entrada no mercado baixista, de acordo com a Dow Jones.
‘Momento Lehman?’
Grandes nomes como Galaxy Digital, Coinbase Ventures e Jump Crypto apoiaram a rede Terra, assim com muitos investidores de varejo. Players do mercado já começam a fazer um paralelo do colapso da blockchain com a quebra do Lehman Brothers em 2008 que desencadeou a crise financeira nos anos seguintes.
“É muito cedo para dizer exatamente o alcance do contágio, ou mesmo se tem as proporções do Lehman. Porém, uma coisa é certa: assim como Wall Street depois de 2008, a indústria de criptomoedas nunca mais será a mesma”, diz Michael P. Regan em newsletter da Bloomberg.
Em audiência no Congresso americano, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou que as stablecoins ainda não chegaram a um nível que representem “uma ameaça à estabilidade financeira”, mas alertou para o rápido crescimento e defendeu mais regulação.
Processo contra Coinbase
Investidores também soam o alarme sobre outras stablecoins. Clientes da Coinbase abriram um processo contra a maior exchange de criptomoedas dos EUA por perdas com a stablecoin GYEN, emitida pela GMO-Z.com Trust, com sede em Tóquio, de acordo com a Bloomberg.
O preço da GYEN deveria estar atrelado ao iene, mas os clientes estavam comprando o token por um valor até sete vezes acima da cotação da moeda japonesa. Logo depois, o token retomou a paridade e despencou 80%, segundo o processo aberto em um tribunal da Califórnia. Coinbase e GMO-Z não comentaram.
Outros destaques
O Nomura começou a oferecer derivativos de Bitcoin no mercado de balcão para clientes na Ásia, segundo anúncio nesta sexta-feira. As negociações, executadas na CME pela Cumberland DRW esta semana, foram as primeiras com ativos digitais do banco de investimento japonês, conforme a Reuters.
David Marcus, que deixou a Meta em novembro depois de liderar as iniciativas da empresa para a criação de uma moeda digital, vai comandar a Lightspark, que será baseada na rede Lightning do Bitcoin, segundo o TechCrunch. A startup tem como objetivo “explorar, construir e estender as capacidades e utilidade do Bitcoin”, diz o comunicado.
A XP Investimentos faz sua segunda tentativa de entrar no mercado das criptomoedas. A empresa vai lançar no fim do segundo trimestre a XTAGE, uma nova plataforma de negociação de ativos digitais em parceria com a Nasdaq.
O HASH11, primeiro fundo de índice de criptomoedas listado na B3, já acumula perdas de 50% nos últimos 12 meses. O produto estreou na B3 em 23 de abril de 2021 e é administrado pela Hashdex.
A B3 registrou 42 mil contratos atrelados a criptoativos no 1° trimestre de 2022, o que corresponde a um volume financeiro de R$ 5,1 bilhões, aponta o E-Investidor. Os investidores pessoa física responderam por 90% do total.
Sam Bankman-Fried, CEO da exchange de criptomoedas FTX, comprou uma participação de 7,6% na plataforma de negociação Robinhood em 2 de maio, mostra documento enviado à agência SEC dos EUA. Equivalente a 56 milhões de ações, a fatia foi comprada por mais de US$ 648 milhões na época, de acordo com a Reuters.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Bancos têm conseguido o bloqueio de criptoativos de devedores para a quitação de empréstimos na Justiça de São Paulo, segundo o Valor. A medida passou a ser adotada recentemente pelas instituições financeiras, de olho em um mercado que movimentou, só no ano passado, R$ 200,7 bilhões, de acordo com a Receita Federal.
Ashley Alder, presidente da IOSCO (Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários), disse que um órgão conjunto encarregado de coordenar a regulamentação global de criptoativos é extremamente necessário e pode se tornar realidade já no ano que vem, segundo declaração em conferência online do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF).
Promotores dos EUA defendem que o cofundador da BitMEX, Arthur Hayes, deve passar muito mais do que um ano na prisão por não implementar um programa de combate à lavagem de dinheiro na exchange de criptomoedas, conforme a Bloomberg. Hayes, que cofundou a BitMEX em 2014, se declarou culpado em fevereiro por violar a lei de sigilo bancário dos EUA.
Do total de US$ 1,7 bilhão em criptomoedas roubadas em 2022, 97% teve origem em protocolos de finanças descentralizadas, ou DeFi, segundo relatório da empresa de análise Chainalysis divulgado na quinta-feira.
Metaverso, Games e NFTs
Parceira da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), entidade que organiza a Copa Libertadores, a corretora de criptomoedas Crypto.com está sorteando 70 pares de ingressos para jogos dos times brasileiros que disputam a competição neste ano, segundo o Estadão.
A Major League Baseball planeja lançar um jogo online em parceria com a empresa de tokens não fungíveis Sorare, que tem o SoftBank entre os investidores, segundo comunicado. O lançamento está previsto para meados deste ano e permitirá a compra e venda de NFTs que representam jogadores de beisebol usando o Ethereum como criptomoeda, e a criação de times com os quais podem competir para ganhar prêmios.