Manhã Cripto: Bitcoin (BTC) perde os US$ 28 mil com cenário de juros altos; julgamento de SBF começa hoje 

As principais criptomoedas estão em queda neste primeiro dia de confronto entre o criador da FTX e a Justiça americana
moeda de bitcoin com gráfico de queda ao fundo

Shutterstock

Sinais de contínuo aperto monetário nos EUA pesam sobre ativos de risco como ações e as principais criptomoedas nesta terça-feira (3), revertendo o rali antes puxado pelo lançamento de ETFs de futuros de Ethereum.  

Algumas autoridades do banco central dos EUA reforçaram a necessidade de subir novamente os juros na maior economia do mundo, o que voltou a desencadear uma onda vendedora de títulos do Tesouro americano e, com isso, o aumento dos rendimentos oferecidos por essas notas. 

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“O impulso dos preços durou pouco, pois o ambiente macro ainda é ‘hawkish’ em relação às taxas”, disse à Bloomberg Cici Lu McCalman, fundadora da consultoria de blockchain Venn Link Partners, em referência ao termo que indica aperto monetário. “O aumento dos ‘yields’ dos títulos do Tesouro dos EUA pesou sobre o Bitcoin.” 

Depois de atingir o maior nível em seis semanas, o Bitcoin (BTC) registra baixa 2,4% nas últimas 24 horas, para US$ 27.612,76, segundo dados do Coingecko.   

Em reais, o BTC perde 2,2%, negociado a R$ 139.599,94, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

O Ethereum (ETH) recua 4% em 24 horas, para US$ 1.665,11.  

Os primeiros fundos de índice (ETFs) de futuros de Ethereum começaram a ser negociados na segunda-feira (2) nos EUA. No entanto, o lançamento não despertou o interesse esperado, com baixo volume de negociação no primeiro dia. 

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Ainda assim, grandes investidores institucionais reforçam a aposta na segunda maior criptomoeda. 

A Grayscale Investments, em parceria com a NYSE Arca, pediu aprovação da SEC, a CVM dos EUA, para converter seu Grayscale Ethereum Trust (ETHE) em um ETF de Ethereum à vista, segundo o CoinDesk

O fundo de Ethereum da Grayscale é o maior produto de investimento em ETH do mundo, com quase US$ 5 bilhões em ativos sob gestão. 

Enquanto as duas maiores criptomoedas são afetadas pelo cenário macroeconômico nesta manhã, algumas altcoins conseguem mostrar melhor desempenho. 

É o caso da Solana, cujo valor total bloqueado atingiu nova máxima em 2023 na segunda-feira (2). O token SOL opera estável (+0,4%) em 24 horas, mas acumula ganho de 25% em sete dias. 

Solana tem se posicionado como a altcoin “queridinha” dos investidores institucionais, que aplicaram em produtos com foco na criptomoeda em 27 semanas neste ano, contra quatro semanas de retiradas, mostra relatório da CoinShares. 

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Com exceção da Polygon (+1,4%), que fechou recentemente uma parceria com o Google, outras altcoins são negociadas em terreno negativo, entre elas BNB (-2%), XRP (-2,7%), Cardano (-2,4%), Dogecoin (-2,9%), Polkadot (-3,3%), Shiba Inu (-3,6%) e Avalanche (-4,2%). 

Novo marco dos fundos de investimento no Brasil 

A Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entrou em vigor na segunda-feira (2), consolidando 38 normas em uma única regra, destaca o Valor Econômico

A resolução equipara os criptoativos a ativos financeiros, desde que sejam negociados em exchanges autorizadas no Brasil e no exterior, permitindo que fundos invistam diretamente em criptomoedas. 

Aproveitando a deixa, o MB (Mercado Bitcoin) vai lançar o MB Prime Services para que investidores institucionais possam negociar criptomoedas com custódia na própria exchange. 

“Se o institucional quiser manter tudo no MB temos custódia própria para isso. Podemos deixar tudo em um ambiente só. Mas ele também pode optar por negociar na nossa plataforma, porém com criptoativos custodiados em uma Coinbase Prime, por exemplo”, disse ao Valor Thiago Fagundes, chefe de vendas do MB. 

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Segundo Fagundes, a estratégia visa reduzir a desconfiança de investidores institucionais desde o colapso da exchange cripto FTX, em novembro do ano passado. 

Julgamento do fundador da FTX 

E começa nesta terça (3) o julgamento de Sam Bankman-Fried. O ex-CEO da FTX enfrenta sete acusações que, somadas, podem render uma condenação de mais de 100 anos de prisão. 

Leia também: FTX: Tudo que você precisa saber sobre o julgamento de Sam Bankman-Fried

O julgamento deve durar seis semanas e vai incluir depoimentos de clientes, investidores e até dos amigos mais próximos de Bankman-Fried

Os advogados do fundador da FTX tentam impedir o depoimento de um cliente da Ucrânia como testemunha, argumentando que “serviria apenas para suscitar a simpatia e indignação do júri”, em meio à atual guerra entre russos e ucranianos. 

Em carta apresentada na segunda-feira (2), os advogados de Bankman-Fried disseram que o pedido do Departamento de Justiça dos EUA para permitir que um cliente da FTX, que está na Ucrânia, participasse remotamente do julgamento deveria ser negado. 

Outros destaques das criptomoedas  

O terceiro trimestre foi o pior deste ano em termos de dólares perdidos devido a hacks e fraudes, de acordo com um novo relatório da Immunefi compartilhado com o Decrypt. Investidores de criptoativos perderam US$ 685,5 milhões entre julho e setembro de 2023, um aumento de 59% em relação aos US$ 428 milhões no mesmo período do ano anterior. 

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E a Chainalysis, uma das empresas líderes em análise blockchain e atividades de hackers, está demitindo 15% da equipe, ou cerca de 150 funcionários, informou o The Block. Em e-mail interno enviado na segunda-feira (2), o CEO Michael Gronager disse que a empresa tem que reduzir o foco no mercado comercial e concentrar-se em contratos governamentais, que parecem mais estáveis, de acordo a Forbes

A Chia Network também anunciou cortes, com a redução de 30% da força de trabalho, segundo o CoinDesk. A plataforma blockchain conseguiu um novo parceiro bancário, mas ainda não sabe quanto tempo a SEC ainda vai levar para revisar seu pedido de abertura de capital.