Investidores de criptomoedas despertaram com mais apetite nesta segunda-feira (2), depois do marasmo nos últimos dias em meio às festas de fim de ano. Nos EUA, as bolsas ficam fechadas e só reabrem na terça (3).
O Bitcoin (BTC) sobe 1,3% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 16.727,32. O Ethereum (ETH) tem alta de 1,6%, para US$ 1.214,13, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o Bitcoin (BTC) opera com ganho de 0,2%, negociado a R$ 88.217,49, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Dogecoin (DOGE) avança 3,6% nas últimas 24 horas, mas ainda acumula baixa de 5% em sete dias. A moeda-meme preferida do bilionário Elon Musk derreteu após rumores de que sua blockchain poderia seguir os passos do Ethereum e migrar para o sistema de mineração proof of stake (PoS), considerado mais sustentável. Atualmente, a criptomoeda utiliza o mecanismo de consenso de proof of work (PoW), mais intensivo em energia.
Solana (SOL) também se recupera, com um salto de 13,7% em 24 horas. Um tuíte de apoio do cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, ajudou a reverter as perdas do token, impactado pela implosão da exchange cripto FTX.
Outro destaque de alta é o OKB, token nativo da corretora cripto OKX, que sobe 12%. Em sete dias, a valorização é de 30%, mostram dados do CoinGecko.
Outras altcoins também operam no azul ou com pouca variação, como BNB (+0,9%), XRP (+1,8%), Cardano (+3,9%), Polygon (+1,8%), Polkadot (+3,8%), Shiba Inu (+1,9%) e Avalanche (+3,8%).
Bitcoin em 2022
Com desvalorização de 64% em um ano marcado por ataques de hackers e colapso de projetos de peso, a maior criptomoeda teve o pior desempenho desde 2018, aponta análise do Valor. Já o CoinDesk avalia que o desempenho ajustado pelo risco mostra que as moedas digitais registraram retornos em linha com ações e melhores do que títulos dos EUA em 2022.
“Para 2023, a expectativa é que tenhamos um mercado tão frio quanto no último semestre de 2022, uma vez que o apetite por risco ao redor do mundo tem diminuído, principalmente pela renda fixa pagando bons juros”, disse ao Valor Israel Buzaym, sócio da Bitypreço.
Em entrevista ao portal Inteligência Financeira, Rony Szuster, especialista em criptoativos do MB, destacou a importância do cenário macroeconômico para o desempenho das moedas digitais em 2023, diante da indefinição do rumo dos juros nos EUA, mas também no mercado global, devido à persistência da inflação. Na quarta-feira (4), o Federal Reserve, o banco central americano, divulga a ata da última reunião.
E como alerta, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse que a economia global vai enfrentar “um ano difícil, mais difícil do que o ano que deixamos para trás”.
No entanto, a equipe de pesquisa do MB avalia que o grosso das perdas causadas pela implosão de gigantes – como o ecossistema Terra/Luna, Three Arrows Capital, Celsius Network e FTX – já ocorreu. “2023 vai ser um ano de construção, um ano para o mercado cripto conseguir ganhar de novo a relevância que estava ganhando em 2020 e 2021, mas ainda deixa um espaço aberto para possíveis quedas no preço do Bitcoin nos próximos meses”, afirmou Szuster.
Crise da FTX
Sam Bankman-Fried, ou SBF, cofundador da FTX agora em recuperação judicial, pretende se declarar inocente em audiência presencial marcada para esta terça-feira (3) em Nova York, informou o Wall Street Journal, que citou uma fonte com conhecimento do assunto. Bankman-Fried é acusado de fraude e outros crimes que levaram ao colapso da FTX.
Em tuíte, SBF negou ter enviado 570 ethers (ETH) para a conta de uma corretora sediada nas Ilhas Seychelles que não segue o protocolo de “KYC” (sigla de Conheça o Seu Cliente). A movimentação poderia indicar a intenção de sacar anonimamente o dinheiro e violaria uma das condições de sua atual prisão domiciliar – não realizar grandes transações com criptomoedas.
A quantia poderia ultrapassar US$ 1 milhão, de acordo com dados analisados pela Arkham Intelligence. Promotores federais estariam investigando essas transações em carteiras digitais associadas a Bankman-Fried, disse uma pessoa a par do assunto à Bloomberg.
A Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas tem a custódia de depósitos da FTX avaliados em mais de US$ 3,5 bilhões em 12 de novembro, segundo comunicado divulgado pela agência. Os ativos serão retidos até que a Suprema Corte das Bahamas instrua a Comissão a distribuí-los a clientes e credores, que pretendem recuperar o dinheiro.
Outros destaques das criptomoedas
A Valkyrie Investments lançou uma oferta por um produto rival muito maior: tornar-se a gestora do Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), o maior fundo de Bitcoin do mundo, atualmente administrado pela Grayscale Investments. Com cerca de US$ 180 milhões sob gestão, a Valkyrie, com sede em Nashville, Tennessee, anunciou na sexta-feira (30) o lançamento do Valkyrie Opportunistic Fund, que busca aproveitar o grande desconto do GBTC, com ativos de US$ 10,5 bilhões, e aumentar suas posições no fundo.
O acordo entre a Binance.US e a plataforma de crédito cripto Voyager Digital pode estar sujeito a uma revisão pelo Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS), mostram documentos judiciais. O resultado da revisão “pode afetar a capacidade das partes de concluir as transações, o prazo de conclusão ou os termos relevantes”, de acordo com o comunicado.
Os volumes de negociação das exchanges cripto terminaram 2022 no nível mais baixo em dois anos, de acordo com o Data Dashboard do The Block. A média móvel de sete dias dos volumes das corretoras atingiu US$ 352,6 milhões, queda de 47,6% em comparação com novembro.
O Parlamento da Itália aprovou um imposto sobre ganhos de capital de 26% em negociações de criptomoedas a partir deste ano, informou o CoinDesk. O imposto incidirá sobre lucros superiores a 2 mil euros. Na Itália, onde o setor cripto ainda não é totalmente regulamentado, o orçamento de 2023 define os criptoativos como “uma representação digital de valor ou direitos, que podem ser transferidos e armazenados eletronicamente, usando a tecnologia distribuída de livro-razão ou tecnologia semelhante”.
Com público estimado acima de 100 mil pessoas, começa nesta terça-feira (3) em Las Vegas a Consumer Electronics Show (CES), a feira de tecnologia mais famosa do mundo, conforme o Estadão. De acordo com a organização do evento, uma grande área das exposições será voltada para iniciativas relacionadas ao metaverso e à Web3, com a presença de empresas como Microsoft e Nvidia.
Análise de dados da plataforma CryptoSlam destaca 10 coleções de tokens não fungíveis com o melhor desempenho em 2022, com números coletados até 20 de dezembro. No topo da lista, como era de se esperar, está a coleção do Bored Ape Yacht Club, que acumulou mais de US$ 1,5 bilhão em negociações. Em segundo, com US$ 1,1 bilhão, estão os Mutant Apes—os equivalentes mais selvagens e mais baratos dos Bored Apes. Em terceiro vem o Otherside, o metaverso do Bored Ape Yacht Club, também com US$ 1,1 bilhão. A coleção Azuki teve o quarto melhor desempenho, com US$ 849 milhões negociados no período.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à empresa Nemus Brasil Participações, que comercializa NFTs de áreas da Amazônia, a interrupção da venda, negociação ou qualquer outra forma de comercialização de títulos incidentes sobre territórios indígenas, em especial na região do Baixo Seruini/Baixo Tumiã, no município de Pauini, sul do Amazonas. Ao recomendar a medida à Nemus, o MPF considera a existência de indícios de irregularidades registrais nos títulos alegados como subsídio para a implementação do projeto pela empresa.
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