Apesar dos desafios econômicos e políticos, investidores globais voltam a apostar em ativos vistos como mais arriscados nesta terça-feira (18), como criptomoedas e ações.
No Brasil, o mercado repercute o novo serviço da Mastercard para facilitar a negociação de criptos por bancos. Os traders também acompanham a saga do quebrado fundo de investimentos Three Arrows Capital (3AC), no centro de uma investigação dos reguladores americanos e cujos fundadores podem ser intimados via Twitter.
Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) opera com ganho de 1,3%, cotado a US$ 19.536,84, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem valorização de 1%, para US$ 1.323,81.
Em reais, o Bitcoin sobe 1%, negociado a R$ 103.467,56, conforme o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As chamadas baleias movimentaram mais de 30 mil bitcoins em meia hora na segunda-feira (17), segundo dados do Whale Alert, perfil do Twitter que rastreia as maiores transações na rede da criptomoeda. O preço do Bitcoin não caiu após as transações, o que pode ser um sinal de que ainda não houve liquidação nas exchanges.
Já no caso do Ethereum, as baleias despejaram 3,3 milhões de ETH no mercado nas últimas cinco semanas, de acordo com a empresa de dados blockchain Santiment.
As altcoins mais negociadas operam entre perdas e ganhos nesta terça, como Binance Coin (+0,3%), Cardano (-0,5%), Solana (+1,3%), Dogecoin (+0,2%) Polkadot (-0,1%), Shiba Inu (-0,2%) e Alavanche (+1%).
Polygon (MATIC) dá um salto de 6,4% nas últimas 24 horas. O token foi incluído recentemente na Mynt, plataforma de negociação de criptomoedas do BTG Pactual, que também adicionou outros dois tokens: Chainlink (LINK) e a stablecoin USD Coin (USDC), informou o Valor. A plataforma já permitia a negociação de Bitcoin, Ethereum, Solana, Polkadot e Cardano.
XRP mostra estabilidade, com alta de 0,8%. A Ripple, emissora do token, anunciou que está testando uma maneira de facilitar o uso de contratos inteligentes da rede Ethereum (ETH) na sua blockchain, de acordo com o CoinDesk.
Preço do Bitcoin hoje
Inflação e juros ainda são temas que preocupam investidores, mas sinais de estabilização dos mercados no Reino Unido com a chegada do novo ministro das Finanças e balanços corporativos positivos nos EUA reduzem a aversão ao risco nesta manhã, o que traz ganhos para as bolsas europeias e índices futuros americanos.
Na segunda-feira (17), o S&P 500 subiu 2,6% enquanto o Nasdaq avançou 3,4% na esteira de resultados melhores do que o esperado de gigantes como o Bank of America. As criptomoedas acompanharam.
No entanto, esse movimento não indica que os riscos tenham desaparecido, apontam especialistas.
Modelos de probabilidade de recessão nos EUA calculados pelas economistas da Bloomberg Anna Wong e Eliza Winger agora mostram uma chance de 100% de retração da economia até outubro de 2023. Na previsão anterior, a probabilidade de recessão em 12 meses era de 65%.
Outro sinal para cautela nesta terça é a decisão da China de adiar a divulgação dos números do PIB e de outros dados em meio ao congresso com lideranças do Partido Comunista, segundo a Reuters.
Para onde vai o Bitcoin
Em meio ao debate sobre quando as bolsas americanas atingirão um piso, o estrategista Mike Wilson, do Morgan Stanley, acredita que o S&P 500 pode passar por uma recuperação técnica no curto prazo e “não descarta” um salto de 16% do índice em relação aos níveis atuais, para 4.150 pontos.
Nesse contexto, investidores de Bitcoin se perguntam qual seria o rumo da principal criptomoeda. Muitos acreditam que uma guinada da política monetária do Federal Reserve, o banco central dos EUA, seria positiva para ativos de risco. Mas análise do CoinDesk destaca que a reversão do aperto monetário, com o consequente aumento da liquidez, não traria alívio imediato ao Bitcoin.
Isso porque, segundo dados históricos do S&P 500, o índice acionário apenas atinge um piso vários meses depois do início do afrouxamento monetário, com o corte da taxa de juros.
O preço do Bitcoin já caiu o que tinha que cair? Para o guru do mercado financeiro e tradicional crítico das criptomoedas Nassim Taleb, pode ser que sim.
“Fechei minha posição de ‘short’(vendida) contra o bitcoin. Sem motivo. Vou pensar sobre depois”, escreveu em seu perfil no Twitter na segunda-feira (17). Em setembro, Taleb havia classificado a criptomoeda como um “tumor”.
Outros destaques das criptomoedas
Credores continuam a batalha contra o hedge fund falido Three Arrows Capital, conhecido como 3AC. Coordenadores do processo solicitaram autorização para enviar intimações aos cofundadores da empresa, Su Zhu e Kyle Davies, por meios alternativos como o Twitter, de acordo com o Wall Street Journal. O paradeiro dos executivos é desconhecido.
E reguladores americanos como a SEC, a CVM dos EUA, e a CFTC (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities) também estão investigando se o fundo 3AC teria violado as regras ao não informar investidores sobre a situação real do balanço e por não terem se registrado com as duas agências, mostra reportagem da Bloomberg.
O Brasil foi um dos países escolhidos pela Mastercard para um programa piloto que visa oferecer suporte a instituições financeiras para a negociação de criptomoedas, segundo comunicado da empresa de pagamentos divulgado pelo InfoMoney. Chamado de “Crypto Source”, o programa será implementado em parceria com a Paxos e tem previsão de lançamento em 2023.
Reportagem especial da Reuters, que inclui entrevistas com 30 ex-funcionários, revela a suposta estratégia da Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, para manter reguladores nos EUA e no Reino Unido à distância. A corretora cripto teria aprovado um plano em 2018 para “isolar” a Binance das investigações de autoridades americanas com a criação da Binance.US.
Em resposta à Reuters, o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, afirmou que “rejeitou pessoalmente” o plano de 2018 para isolar a empresa dos reguladores dos EUA. A Binance.US foi criada “com base em conselhos dos principais escritórios de advocacia dos EUA”, disse.
E a Binance continua sua investida entre mineradores em meio à crise do setor com um plano para começar a oferecer um produto de mineração em nuvem no próximo mês, disse um porta-voz da empresa ao CoinDesk.
Aptos, uma nova blockchain de primeira camada criada por ex-funcionários da Meta que trabalharam na plataforma Diem, opera abaixo das próprias expectativas em seu primeiro dia de transações. Dados on-chain mostram que o protocolo processa atualmente quatro transações por segundo, diante da expectativa de 160 mil por segundo, de acordo com o CoinDesk.
Regulação, CBDCs e Cibersegurança
O banco digital Linker bloqueou a conta de um p2p (peer-to-peer) de criptomoedas e se recusa a descongelar o saldo, mesmo com a apresentação das notas fiscais que o profissional gerou para a Receita Federal, segundo reportagem do Portal do Bitcoin.
A corretora de criptomoedas FTX, sua divisão nos EUA, e o fundador da empresa, Sam Bankman-Fried, estão sendo investigados por reguladores do Texas por possíveis violações de valores mobiliários, de acordo com documento registrado pelo estado americano. Os reguladores querem saber se as contas com rendimento oferecidas pela FTX US podem ser consideradas títulos não registrados, conforme descrito em um pedido relacionado ao processo de falência da Voyager Digital.
A comissária de serviços financeiros da União Europeia, Mairead McGuinness, defendeu em entrevista ao Financial Times novas regras para o mercado cripto em colaboração com os EUA. Para ela, qualquer regulação para a indústria só irá funcionar em âmbito global.
Metaverso, Games e NFTs
Em entrevista ao Financial Times, Hester Peirce, comissária da SEC, disse que alguns tokens não fungíveis (NFTs) podem ser regulamentados como ações ou títulos. Ela pediu que a agência publique mais informações sobre o mercado. NFTs que incluem “direitos de governança” ou oferecem a investidores direitos a fluxos de receita podem ser abarcados pelas leis de valores mobiliários dos EUA, afirmou Peirce.
Mike “Beeple” Winkelmann é manchete desde 2021 com sua venda recorde de US$ 69,3 milhões de uma obra de arte NFT em um leilão da Christie’s. Agora, pretende levar o mundo dos NFTs para ainda mais pessoas com um estúdio no mundo real que sediará exposições.