Ken Griffin diz ter fugido do setor cripto para não dar dinheiro aos norte-coreanos

CEO da Citadel costumava dizer que as criptomoedas tinham “apelo jihadista”. Sua opinião evoluiu, mas ele ainda ainda segue reticente
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(Foto: Shutterstock)

Ken Griffin, veterano executivo de Wall Street que já afirmou que as criptomoedas tinham “apelo jihadista” em comparação ao dólar americano, afirmou que suas preocupações em acabar ajudando sem querer a financiar norte-coreanos mantiveram ele e sua empresa fora do setor cripto.

Griffin, CEO da empresa de negociação de alta frequência Citadel, compartilhou, na segunda-feira (2), durante a Milken Institute Global Conference, em Los Angeles, sua opinião – atualmente em evolução, mas ainda reticente – sobre criptomoedas.

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Esse é o mesmo executivo de Wall Street que pagou US$ 43,2 milhões por uma cópia da Constituição Americana, oferecendo um lance maior do que um grupo de investidores cripto, conhecido como ConstitutionDAO, no processo.

“É difícil criar o nível de rigor que queríamos construir. Coisas, como garantir que não somos parte de uma transação com a Coreia do Norte, são realmente importantes para nós”, explicou.

“Podem não ser nossos competidores, mas eu não vou ajudar a financiar os diversos empreendimentos norte-coreanos porque comprei suas criptomoedas por engano.”

Hackers norte-coreanos

A ligação entre o setor cripto e a Coreia do Norte é bem-conhecida.

Um recente relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ou ONU) descobriu que programas nucleares e de mísseis balísticos da Coreia do Norte dependem do financiamento de criptomoedas. Além disso, o Tesouro Americano também ligou o hack de US$ 622 milhões do Axie Infinity ao grupo de hackers norte-coreanos Lazarus.

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Griffin também disse entender o fato de que outras pessoas, principalmente funcionários mais jovens de sua empresa, veem valor nas criptomoedas.

“Tenho de conviver com a realidade de que um ativo vale o que as pessoas consideram que ele valha”, disse, acrescentando que seja “sensato esperar que nos tornemos mais envolvidos com o setor cripto, fornecendo liquidez a investidores institucionais e, possivelmente, do varejo”.

Griffin, o bitcoin e a busca pela “grande história”

Ainda assim, Griffin tem suas reclamações sobre a maior criptomoeda do mundo.

Embora ele diga sentir orgulho do que a Amazon e Apple fizeram para tornar o mundo em um lugar melhor, ele não acha que o mesmo possa ser dito sobre o bitcoin (BTC).

“Ainda estou em busca dessa história de como cripto tornou o mundo [em um lugar] muito melhor”, disse Griffin. “Apenas vejo histórias sobre como o bitcoin consome tanta energia quanto um pequeno país.”

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A equipe responsável pelo Índice de Consumo de Eletricidade do Bitcoin da Universidade de Cambridge (ou CBECI) observou que comparar a energia usada pela mineração de bitcoin à energia utilizada por casas é como comparar maçãs e laranjas. Assim, estimam que a mineração de bitcoin é responsável por 0,68% de todo o uso de eletricidade.

Nesta terça-feira (3), o bitcoin está sendo negociado a US$ 38,1 mil e possui uma capitalização de mercado de US$ 726 bilhões, dominando 42% da capitalização total de US$ 1,72 trilhão do mercado cripto, segundo o site CoinMarketCap.

A mudança de opinião do bilionário em relação a cripto parece ter sido repentina.

Em novembro, comprou uma cópia da Constituição Americana uma semana após ter dito ao New York Times que não acreditava que o bitcoin tinha casos de uso comerciais e que a paixão por criptomoedas era “descabida”.

Sua opinião começou a mudar em março.

Em entrevista à Bloomberg, Griffin reconheceu o que, na época, era uma capitalização de mercado de US$ 2 trilhões, chamando-a de “uma das maiores histórias no setor de finanças ao longo dos últimos 15 anos”.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.