Justiça intima corretoras a congelarem carteiras de empresa falida e revelarem identidade de clientes

Objetivo do tribunal de Gibraltar é rastrear US$ 43 milhões de fundos da quebrada Globix, que recebia investimento de personalidades locais; dono diz que empresa sofreu ataque hacker
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Foto: Shutterstock

Um tribunal de justiça de Gibraltar, um território britânico na Europa, intimou várias exchanges de criptomoedas para ajudarem no rastreamento de US$ 43 milhões em fundos da Globix, empresa cripto que faliu no ano passado e passa por uma recuperação judicial.

Dentre as entidades de setor cripto citadas no processo estão Binance, Kraken, Crypto.com e Bitstamp. A liminar foi proferida no dia 13 de abril, de acordo com a publicação do Financial Times (FT) nesta terça-feira (25).

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Segundo o site, que obteve acesso à liminar, enquanto a Binance foi instada a interromper as tentativas de movimentação de criptomoedas de carteiras cripto vinculadas à Globix, bem como congelar os fundos associados a essas carteiras, a Crypto.com, Bitstamp e Kraken foram intimadas a revelar as identidades dos usuários de diversas carteiras.

Documentos enviados aos tribunais de Gibraltar afirmam que uma carteira de financiamento da Globix estava ativa até o fim de setembro de 2022, bem depois que investidores tiveram suas contas bloqueadas. Além disso, cerca de US$ 18 milhões teriam sido transferidos para a Binance entre maio de 2021 e setembro de 2022.

Corretora de criptomoedas tinha investidores influentes

De acordo com um levantamento do site, a Globix tem apenas um líder e acionista chamado Damian Carreras, que atuava como diretor. Ele afirmou que a empresa teria sofrido um ataque cibernético, o que teria gerado a perda dos fundos. 

Segundo levantamento do FT, a Globix tinha os gibraltarinos, assim como Carreras, como maioria dos clientes. Dentre os investidores da empresa, a reportagem apurou que “alguns ocupavam cargos de influência nos círculos jurídicos e políticos e pelo menos um investidor era membro efetivo do Parlamento de Gibraltar”.

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Tais informações podem revelar um lado obscuro de como a Globix funcionava, segundo comentários de clientes que falaram ao site, mas que pediram para não serem identificados.

Um deles, por exemplo, questionou como investidores experientes familiarizados com serviços financeiros poderiam ter investido em uma empresa de investimento não licenciada; outro comentou: “[A empresa] deveria ter sido regulamentada em Gibraltar”.

Procurada pelo Financial Times para comentar o assunto, a Comissão de Serviços Financeiros de Gibraltar disse que adotou uma abordagem proativa e trabalhou com as autoridades para “ajudar a proteger os consumidores e a reputação de Gibraltar”.

Gibraltar na lista do Gafi

No ano passado, Gibraltar foi um dos países citados pelo Grupo de Ação Financeira contra Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (GAFI/FATF) na lista dos países que ameaçam o sistema financeiro global.

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A lista tem como objetivo apontar e monitorar os países com regimes considerados falhos no combate à lavagem de dinheiro e no financiamento ao terrorismo.