Justiça acolhe pedido de esposa do Willian “Bigode” para bloquear ativos da pirâmide Xland na FTX

Atendendo pedido da esposa do jogador, Justiça determina que a corretora FTX bloqueie ativos que sejam pertencentes à empresa Xland
William Bigode durante partida de futebol defendendo o Club Athletico Paranaense

William "Bigode" em partida de futebol pelo Athletico Paranaense (Foto: Reprodução/Instagram)

A Justiça de São Paulo atendeu a um pedido feito por Loisy Marla, esposa do jogador Willian “Bigode”, e expediu um ofício para que a corretora FTX bloqueie ativos que sejam pertencentes à empresa Xland. Trata-se da mais nova movimentação na história da pirâmide financeira que abalou os vestiários do Palmeiras. 

O caso veio à tona quando Gustavo Scarpa e Mayke foram a público revelar que tinham investido milhões em uma empresa por recomendação do colega Willian “Bigode”: Xland, que prometia ganhos mensais de até 5% ao mês que supostamente viriam de investimentos em criptomoedas

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A Xland parou os pagamentos e Scarpa e Mayke começaram a cobrar Willian, até o caso se tornar público. Na época, todos eram colegas de elenco no Palmeiras (Mayke segue no clube, Scarpa agora defende o Atlético Mineiro e Bigode joga no Santos). 

A decisão da juíza Paula da Rocha e Silva, da 36ª Vara Cível de São Paulo, determina que a FTX se manifeste se existem ativos da Xland presos na massa falida da empresa. Caso existam, devem ser bloqueados para ressarcimento da esposa de Bigode. 

Quando a Xland parou de pagar, o sócio Gabriel Monteiro passou a alegar que os recursos da companhia estavam na FTX. Na época, a FTX era uma das três maiores corretoras do mundo, mas entrou em colapso em novembro de 2022 após uma corrida de saques. 

No final, ficou comprovado que a FTX usava dinheiro dos clientes para outros negócios e não tinha como arcar com todos os saques. O criador da empresa, Sam Bankman-Fried, foi condenado a 25 anos de prisão, e a nova administração está conduzindo o processo de falência, que prevê um ressarcimento aos clientes.  

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Advogado de Willian Bigode e Loisy Siqueira, Bruno Santana disse em entrevista ao GE que a decisão é “um caminho a ser explorado do qual poderá render frutos que ultrapassarão os limites deste processo e repercutir de forma potencial diante de todos aqueles que ostentam prejuízos causados por contratos inadimplidos pela Xland, sobretudo, após a própria Xland ter afirmado de forma pública em processo judicial, que alocou todos os investimentos perante a FTX, que inclusive, se encontra em processo judicial avançado nos EUA para restituição dos seus respectivos credores”. 

Scarpa acreditou na promessa de rendimentos de até 5% ao mês

O caso veio à tona em março de 2023 quando os jogadores Mayke e Gustavo Scarpa procuraram a Justiça de São Paulo para tentar reaver cerca de R$ 11 milhões em investimentos feitos em 2022 na Xland através da WLJC, empresa de Willian “Bigode”.

A WLJC prometia rendimentos de 3,5% a 5% ao mês em supostos investimentos em criptomoedas. No entanto, quando os clientes tentaram resgatar seus fundos, entre agosto e outubro de 2022, não tiveram sucesso.

Willian “Bigode” foi apontado como um dos proprietários da WLJC e o responsável por convencer os colegas de Palmeiras a colocarem dinheiro no negócio. Na época, Bigode, que confirmou que Gabriel Nascimento, dono da Xland, afirmava a clientes que a empresa mantinha R$ 2 bilhões em pedras preciosas como garantia, também disse ter sido vítima no negócio e que teria perdido cerca de R$ 16 milhões.

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Enquanto Willian Bigode nega que tenha enganado os atletas, os dois pedem na Justiça o bloqueio de 30% de seus salários no Santos.

Para o delegado Glaucius Vinicius Silva, que falou com a reportagem do Fantástico em março de 2023, existem indícios de que houve o crime de estelionato. No mês seguinte, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 7,8 milhões das contas bancárias do jogador Willian “Bigode” bem como de suas sócias na WLJC Gestão Financeira, Loisy de Siqueira e Camila Moreira de Biasi.