Inteligência Artificial ajuda homem tetraplégico a se mover novamente

O impossível tornou-se possível depois que uma equipe médica realizou um desvio neural duplo com ajuda de algoritmos de AI
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Keith Thomas e a equipe médica do procedimento (Reprodução: Northwell Health, YouTube)

Em uma surpreendente estreia na área da medicina, pesquisadores usaram implantes cerebrais alimentados por Inteligência Artificial (AI, no inglês) para restaurar alguns movimento e sensações de um homem que estava paralisado do peito para baixo.

Keith Thomas, 45, ficou tetraplégico depois que um trágico acidente de mergulho danificou suas vértebras C4 e C5 em 2020. Mas, graças ao trabalho pioneiro de cientistas do Feinstein Institutes, da Northwell Health, Thomas agora pode mover o braço simplesmente pensando nisso. Ainda mais notável, ele pôde sentir o toque de uma mão pela primeira vez em três anos.

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Conforme explicado pela Northwell Health, esse avanço foi possível com um procedimento inovador de “desvio neural duplo”. Primeiro, os cirurgiões implantaram microchips no cérebro de Thomas nas regiões que controlam o movimento e a sensação de toque na mão.

O chip interage com algoritmos de AI que “religam seu cérebro ao corpo e à medula espinhal”, interpretando os pensamentos de Thomas e traduzindo-os em ações.

Double neural bypass: Man living with paralysis has feeling, lasting movement restored in arm & hand

Quando Thomas pensa em mover o braço, os sinais do chip cerebral ativam um conjunto de eletrodos na coluna e nos músculos do braço para estimular o movimento.

Enquanto isso, minúsculos sensores em seus dedos enviam informações de toque de volta ao cérebro para recriar a sensação. É um link bidirecional mente-máquina que contorna sua lesão na coluna.

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Em apenas quatro meses após receber os implantes, Thomas mais do que dobrou a força de seu braço. E isso é apenas o começo – os pesquisadores acreditam que o uso repetido do bypass pode promover uma recuperação natural duradoura ao longo do tempo. O cérebro, o corpo e a medula espinhal podem reaprender vias de comunicação esquecidas.

“Isso é um divisor de águas”, disse o pesquisador principal Chad Bouton em um artigo publicado pela Northwell Health. “Nosso objetivo é um dia dar às pessoas com paralisia a capacidade de viver vidas mais plenas e independentes.”

A cirurgia foi árdua, envolvendo um procedimento de mapeamento cerebral de 15 horas, e Thomas ficou acordado durante algumas partes – algo que ele disse ser “esmagador”.

Inteligência Artificial e o futuro da ciência

Este trabalho se baseia em desvios neurais únicos anteriores usados em laboratórios para controlar membros paralisados com pensamentos. Mas essa abordagem dupla é a primeira a fornecer feedback de toque e restaurar o movimento físico fora do laboratório. É uma terapia orientada pelo pensamento tornada portátil.

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As aplicações potenciais são de longo alcance. À medida que os pesquisadores otimizam a tecnologia, eles visualizam um futuro em que os implantes neurais oferecem mobilidade e independência que mudam a vida de muitos.

As interfaces mente-máquina estão rapidamente se tornando um tema quente, com o Neuralink de Elon Musk tentando façanhas semelhantes. Mas este estudo destaca como a AI pode ampliar a utilidade de tais implantes. A inteligência artificial está revolucionando a medicina, desde alimentar implantes de diagnóstico até analisar resmas de dados clínicos.

Estamos vivendo em uma era de descobertas biônicas e mentes sobrecarregadas. Os sonhos de ficção científica de humanos aprimorados tecnologicamente estão se aproximando da realidade à medida que a AI e a neurotecnologia convergem. Desde a luta contra o câncer até o aumento da longevidade e agora a restauração da função dos membros, as possibilidades parecem infinitas.

Inteligência Artificial na medicina

Este foi um grande ano para aqueles que seguem a interseção entre medicina e tecnologia.

Recentemente, os cientistas puderam usar inteligência artificial para realizar grandes descobertas como Ankh – um LLM que entende a linguagem das proteínas e ajuda a criar proteínas novas e melhores – uma AI que pode descobrir drogas para matar ‘Células Zumbis’ e combater o envelhecimento doenças relacionadas e até mesmo uma AI que prevê os resultados da pesquisa de tratamento do câncer.

Os ricos já estão investindo nessas tecnologias marginais para aumentar sua saúde e garantir a longevidade, então o que vem a seguir no horizonte? Uma inteligência artificial de leitura de mentes? Oh espere, isso também já existe.

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Com grande inovação vem grande responsabilidade. À medida que novos procedimentos invasivos começam a surgir, os cientistas devem considerar as profundas implicações éticas de tais aprimoramentos. Uma coisa é certa: a tecnologia está redefinindo o que significa ser humano.

*Traduzido por Vini Barbosa com autorização do Decrypt