Influencer de pirâmides financeiras tenta apagar perfis no Instagram que revelam seu passado

Imagem da matéria: Influencer de pirâmides financeiras tenta apagar perfis no Instagram que revelam seu passado

Rafael Oliveira, no centro, com o ainda mais famoso Gabriel Rodrigues, provendo a DD Corporation (Foto: Arquivo pessoal)

*Reportagem atualizada com posicionamento de Rafael Oliveira

Com 631 mil seguidores no Instagram, Rafael Oliveira se coloca como um entusiasta do universo das criptomoedas. Ele mescla frases motivacionais com fotos de carros, imóveis e artigos de luxo que diz ter obtido graças aos ganhos com empreendedorismo.

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No entanto, essa prosperidade é baseada em um passado recente vinculado a pirâmides financeiras que ele tenta esconder. Já se envolveu com DD Corporation, BinaryBit e TeamMillion.

Uma rápida busca pelo perfil oficial de Oliveira no Instagram traz consigo outros três (orafaeloliveira_estelionatario, orafaeloliveira.estelionatario e orafaeloliveira_golpe171) que resgatam pessoas e empresas ligadas a esquemas financeiros fraudulentos que o influencer já promoveu. No perfil oficial, contudo, não consta nada desse passado recente.

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A luta de Rafael Oliveira contra esses “fantasmas” que ameaçam sua prosperidade inclui até ação na Justiça contra o Facebook para tirar do ar os perfis não oficiais. Até agora não teve sucesso.

Derrota na Justiça

Oliveira reagiu e até já apelou à Justiça para tentar apagar da internet esse lado sombrio de seu passado — sem sucesso.

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Na última quinta-feira (27) o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou ação liminar de Oliveira contra o Facebook — que também é responsável pelo Instagram — para que esses perfis fossem retirados do ar.

Nos autos, o influencer argumenta que tais publicações ferem sua honra. O juiz Emerson Norio Chinen, no entanto, considerou que o pedido de Oliveira configura censura prévia. Também julgou que a petição é carente em provas de que tais perfis de fato atentem contra o influencer.

“No caso concreto, os fatos parecem retratados de forma relativamente truncada e em alguma medida não contextualizado e até mesmo indireto, logo pela prova até aqui juntada, não se permite maior análise da reprodução, ainda que parcial e tendenciosa, cuja relação transparece mais um desabafo de inconformidade do que propriamente de manifesta intenção ilícita e lesiva”.

O magistrado também argumentou que, sendo Oliveira um influencer e declarado envolvido com o universo cripto, “é pessoa experiente em lidar com o público” e tem ciência da ausência de regulamentação do mercado de criptomoedas no Brasil, bem como de seus riscos.

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Passado que condena

Os perfis que denunciam Oliveira elencam os nomes das empresas e esquemas com as quais se envolveu: DD Corporation, BinaryBit e TeamMillion são alguns deles.

A BinaryBit, por exemplo, prometia ganhos de 1,5% ao dia — o que superava 300% ao ano — por meio de operações com criptomoedas. Investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa teve a ousadia de usar o nome do órgão regulador para tentar transmitir credibilidade. Em outubro de 2019, clientes da empresa chegaram a cercar a casa de Rodrigo Toro, fundador do esquema, para cobrar pagamento.

Já a DD Corporation/DreamsDigger, de Leonardo Araújo, alegava ser uma plataforma de educação sobre o mercado de criptomoedas. No entanto, usava um suposto robô de arbitragem com bitcoin como principal chamariz e sacramentou calote em dezembro de 2019, afetando cerca de 300 mil clientes.

No caso da DD Corporation, Oliveira seria ligado a outro influenciador digital, o youtuber Gabriel Rodrigues, que captava clientes para a empresa até novembro do ano passado. A exemplo do parceiro, ele também mostra uma vida de luxo e ostentação nas redes sociais.

Rafael Oliveira e Gabriel Rodrigues, influencer ligado à DD Corporation
Rafael Oliveira e Gabriel Rodrigues, influencer ligado à DD Corporation

Já a TeamMillion se define como uma “Escola de Insights criada para inspirar, gerar ideias e oferecer as ferramentas necessárias pra quem sonha em chegar lá”. De acordo com as denúncias, no entanto, ela é uma criação do próprio Oliveira — em associação com outros dois parceiros, Douglas Barros e Leo Faria — e atuou em conjunto com a BinaryBit.

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O que diz Rafael Oliveira

Após a publicação da reportagem, Rafael Oliveira enviou nota ao Portal do Bitcoin na qual comenta as acusações feitas pelos perfis e fala sobre a relação que já teve com BinaryBit e DD Corporation.

Segundo o influencer, “já estão sendo tomadas medidas judiciais e criminais com o intuito de encontrar e responsabilizar as pessoas por trás dos perfis de Instagram que estão divulgando acusações infundadas em seu nome e associando-o a possíveis golpes dentro do mercado de criptomoedas”.

A assessoria de Oliveira também diz na nota que está sendo apurado crime de extorsão por parte dos perfis no Instagram. “Os perfis foram criados com o intuito de pedir dinheiro ao influenciador digital e, uma vez que Rafael não compactuou com tal extorsão, tais perfis começaram a divulgar todas as acusações infundadas e a pressioná-lo a enviar uma grande quantia de dinheiro para uma carteira de bitcoin”.

A respeito da negativa da Justiça quanto à retirada dos perfis do ar por parte do Facebook, a assessoria afirma que foi pedido um agravo de instrumento, que se encontra sob análise.

Também via assessoria, Oliveira afirmou que “já divulgou oportunidades dentro do marketing multinível, porém nunca compactuou com investimentos com promessas de ganhos”.

Sobre a DD Corporation, o influencer diz que chegou a vender os cursos de criptomoedas oferecidos pela empresa, mas que se afastou dela quando a mesma começou a focar na venda do robô de operações de arbitragem.

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Por fim, a respeito da BinaryBit, Oliveira diz que deixou de recomendar a empresa “assim que viu que a BinaryBit não divulgava relatórios dos resultados de suas operações reais”.


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