O Banco Central de Honduras (BCH) publicou um comunicado oficial nesta quarta-feira (23) para dar fim aos boatos que circulavam no meio cripto que o país seguiria o exemplo de El Salvador e tornaria o bitcoin uma de suas moedas oficiais.
A história falsa começou a circular no início da semana após o portal DigitNews afirmar que a presidente de Honduras, Xiomara Castro, iria dar ao bitcoin o mesmo status de curso legal da sua moeda local, a lempira.
O portal afirmou que a presidente disse que o seu país não deveria permitir que El Salvador fosse o único país a “escapar da hegemonia do dólar” e que Honduras tinha o direito de “ir em direção aos países de Primeiro Mundo”, sem dizer quanto e para quem a presidente fez esse suposto pronunciamento.
A história ganhou uma repercussão ainda maior quando foi dada como verdadeira pelo versão em espanhol do CoinTelegraph e propagada nas outras versões do site, inclusive a brasileira (no momento, fora no ar). A matéria afirmava que a fala da presidente foi compartilhada por “fontes internas”.
Outro fator que fez muitos suspeitarem que Honduras poderia adotar o bitcoin foi um tuíte feito na última sexta (18) por Max Keiser, um famoso maximalista de bitcoin e ferrenho defensor das políticas de El Salvador.
A mensagem de Keiser trouxe uma imagem da bandeira de Honduras com uma curta legenda: “está chegando”.
Desde que o país da América Central adotou o bitcoin como moeda oficial, Keiser e sua companheira, Stacy Herbert, tornaram o país a sua segunda casa e parecem manter uma relação próxima com o presidente Nayib Bukele.
Aliás, também foi no início de março que Bukele visitou Honduras pela primeira vez desde que foi eleito presidente em 2019.
A resposta do Banco Central
Coincidências à parte, as falas do presidente Xiomara Castro não foram confirmadas por qualquer fonte oficial e a nota de hoje do Banco Central de Honduras só reforça que o país não seguirá os mesmos passos de El Salvador.
“O BCH é o único emissor de notas e moedas com curso legal em território nacional. Da mesma forma, o artigo 1º da Lei Monetária indica que a unidade monetária de Honduras é a Lempira”, diz um trecho da nota.
Sobre o bitcoin, a entidade ressaltou que ele representa um ativo financeiro que atualmente não está regulamentado no país e, na maioria dos países, não têm o status de curso legal.
O Banco Central aproveitou a ocasião para reforçar que publicou três alertas nos anos de 2018, 2020 e 2021, informando que não fiscaliza ou garante as operações realizadas com criptomoedas em seu território, e que, portanto, qualquer transação com esses ativos é de única responsabilidade e risco daqueles que as realizam.
Apesar disso, o BC de Honduras afirmou que está realizando estudo e análise conceitual, técnico e legal sobre uma possível emissão de uma moeda digital de banco central (CBDC).
Honduras e criptomoedas
Junto com El Salvador e Guatemala, Honduras faz parte do chamado Triângulo do Norte da América Central e compartilha problemas semelhantes dos países vizinhos.
Assim como El Salvador, a economia do país tem uma forte dependência do dinheiro de fora enviado ao país. Segundo a Folha de S. Paulo, cerca de 20% do PIB de Honduras derivou de remessas internacionais em 2020. Em El Salvador essa porcentagem é parecida e fica em torno de 24%.
Facilitar o envio e recebimento internacional de dinheiro foi um dos fatores que levaram o país a se abrir às criptomoedas.
A embaixadora de El Salvador nos EUA, Milena Mayorga, estimou que ao usar bitcoin, os salvadorenhos podem economizar até US$ 700 milhões por ano em taxas que iriam para empresas americanas, como a Western Union.
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