“Governo nos obrigou a parar de vender criptomoedas”, relata empresário argentino

Ualá sai do mercado cripto por determinação do banco central argentino; Empresa deu 30 dias para saque e prometeu 5% de bônus
Argentina

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A fintech Ualá, popular carteira de pagamentos e investimentos com sede na Argentina, comunicou no sábado (13) que deixará de fornecer serviços de criptomoedas por causa da determinação do Banco Central da República Argentina (BCRA). Segundo a empresa, que possui 5 milhões de clientes no país, todos os seus 300 mil investidores de Bitcoin e Ethereum foram avisados por e-mail e eles terão 30 dias para resgatarem os fundos.

No início deste mês, o BCRA proibiu os chamados “Prestadores de Serviços de Pagamentos com Contas de Pagamentos” (PSPCP) de facilitarem ou realizarem, em nome de seus clientes, operações de compra e venda com criptomoedas.

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“Isso machuca muito”, disse o fundador da Ualá, Pierpaolo Barbieri, em uma thread no twitter.

La Comunicación “A” 7759 del BCRA publicada recientemente prohíbe a las billeteras virtuales (PSPCP) como @uala_arg ofrecer criptoactivos. Esto nos fuerza a suspender la posibilidad de operar Cripto, donde ya contamos con más de 300.000 cuentas abiertas. Nos duele mucho.

— Pierpaolo Barbieri (@pbarbieri) May 13, 2023

Citando o comunicado do BCRA, Barbieri disse que não há outra alternativa a não ser cumprir a determinação da entidade financeira maior da Argentina: “Isso nos obriga a suspender a possibilidade de operar Crypto, onde já temos mais de 300.000 contas abertas”, ressaltou.

Barbieri afirmou que a Ualá vai incluir um bônus de 5% sobre o valor vendido das criptomoedas como “compensação e agradecimento” pela confiança dos clientes do mercado cripto na fintech.

Os outros produtos oferecidos pela Ualá, como investimentos no mercado financeiro, seguem funcionando normalmente, disse Barbieri, ressaltando que “mais de 2 milhões de pessoas acessam diariamente o mercado de capitais via Ualá”.

BCRA de olho em criptomoedas e Mercado Pago 

De acordo com o site Infobae, que repercutiu a decisão da Ualá, outra carteira que pode ter adotado a mesma postura é a Prex. A fintech não se pronunciou até o momento, mas a reportagem obteve informações de pessoas familiarizadas com o assunto.

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“Somos obrigados a suspender a possibilidade de operar cripto, que de qualquer forma era apenas mais uma opção dentro do nosso menu de investimentos, que é muito amplo”, disseram fontes da empresa”.

Quando questionada publicamente sobre o assunto, a Prex se absteve de responder somente no privado. “O que acontecerá com aqueles de nós que temos investimentos em Cripto no Prex com as novas medidas do BCRA?”, perguntou @Sergio11599353. 

A fintech então respondeu: “Entraremos em contato com você em particular para fornecer uma resposta”.

@PrexArgentina Que va a ocurrir con los que tenemos inversiones Crypto en Prex con las nuevas medidas del BCRA ?

— Sergio (@Sergio11599353) May 5, 2023

Até o momento, não se sabe de nenhuma outra fintech afetada pela decisão do banco central, conclui a reportagem, ressaltando que a nova regra do do BCRA, direcionada ao setor de fintech, pode ter tido como alvo a Mercado Pago, principal fintech do páis.

Isso porque a entidade já oferece os serviços de criptomoedas no Brasil, México e Chile.